capítulo 2

NARRADO POR FERA

Fera: “Deixa essas porra subir. Não tenho medo de nenhum deles. Vou derrubar um por um, nem que eu tenha que pisar no pescoço.”

Juninho tava com o olho arregalado, igual rato vendo ratoeira armada. Falou, gaguejando:

Juninho: “Senhor... dizem que dessa vez tão vindo com reforço. CORE, BOPE... a porra toda.”

Soltei a fumaça do baseado devagar, o cheiro tomando conta da sala. Olhei pra ele como quem encara um verme.

Fera: “Então pega tuas tralhas e desce do meu morro. Aqui não tem espaço pra medroso. Se tu treme diante de farda, vai vender bala no sinal. Aqui, ou mata ou morre. Tá com medo? Some da minha vista.”

Juninho: “Não, Fera... eu fico. Tô contigo.”

Fera: “Então fecha a boca e faz o que mandei. Vai avisar o informante pra deixar eles subirem. Quero eles lá em cima, achando que têm o controle. Porque não vão descer. Vão virar parte da terra.”

O moleque saiu quase tropeçando nas próprias pernas. Fiquei sozinho, o gosto amargo do ódio na boca. Eles acham que vão me pegar, que vão me prender... esses filhos da puta tão iludidos. Já tentaram antes. Sempre falham. Não porque eu me escondo. Mas porque eu mato primeiro.

Se entrar no meu morro... é sentença de morte. E sentença comigo se cumpre na bala.

Subi na minha XJ, acelerei rasgando a rua. O povo abria caminho como mar pro diabo passar. Cheguei na goma — casa escondida no alto, de onde eu vejo tudo. Tudo mesmo. A empregada já tinha feito o corre: comida quente, cama arrumada, mas nenhuma alma viva no meu caminho. Não gosto de conversa fiada.

Entrei direto pro meu quarto. Tiro a camisa, deixo cair no chão. Entro no banho, a água quente limpando só a pele, porque por dentro... o sangue já tava fervendo. Saio, pego outro baseado, acendo.

A fumaça sobe. E comigo sobe o plano de guerra.

---

ERICA GONÇALVES

— “Eu aceito.” — falei, sem piscar. — “Se for pro abate, me chama. Só me diz a hora.”

— “Ainda estamos ajustando os detalhes. Essa operação tem que ser cirúrgica. Não quero ninguém nosso deitado no chão, entendeu?”

— “Entendi, senhor. Se ele for o diabo... eu sou o apocalipse.”

Levantei. Minha bota estalando no piso ecoou no silêncio da sala. Saí com a equipe atrás de mim, cada passo meu dizendo "essa missão tem dono."

Foi quando ele apareceu.

Marcos Moura.

PM, figurinha carimbada de abuso e arrogância. Encostado na parede, igual cachorro de beco. Me agarrou pelo braço com força.

Escolha errada.

Girei o corpo como cobra acuada. Arranquei o braço com brutalidade, já com o dedo tremendo de vontade de puxar gatilho.

— “Solta, Moura. Ou vai sair daqui sem os dentes.”

Ele riu. Aquela risada nojenta que só sai da boca de homem frouxo.

— “Calma, Gonçalves. Só queria dizer que... você chama atenção. E que, talvez, a gente pudesse fazer uns... acordos.”

Desceu o olhar pelo meu corpo com descaro. E completou:

— “Eu te protejo... e você me dá o que eu quero.”

Foi aí que o mundo apagou por um segundo. Só sobrou o meu punho atravessando o ar.

O soco veio com o peso de todas as mulheres da corporação.

O som do osso quebrando ecoou como disparo. O nariz dele se desfez na hora. Sangue espirrou no uniforme. Ele caiu de joelhos.

— “Você cruzou a linha, seu verme. Isso é assédio. E eu sou a porra da líder da equipe. Vai juntar teus dentes no chão e sumir daqui. Porque se eu te pegar de novo, eu te arranco a farda com a bala.”

Ele gritou, tapando o rosto:

— “Desgraçada! Isso vai te custar caro!”

— “Vai, sim. Vai te custar a carreira, Moura. E sorte a tua que eu não te matei no corredor.”

Deixei ele lá. Sangrando. Humilhado. Quebrado.

Do jeito que todo canalha devia terminar.

Saí com o peito inflado e a cabeça erguida. Entrei no carro, liguei o motor, socando o volante com força. O ronco do motor abafou o barulho da minha raiva.

Ali, no reflexo do retrovisor, vi quem eu era:

Não era mulher. Não era policial. Era tempestade vestida de colete.

E se o Fera fosse mesmo o rei daquele morro…

Então ele que reze. Porque a rainha tá subindo armada até os dentes. E com sede de justiça.

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Comments

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

isso gata,coloca esses canalhas. no lugar deles, verme tem que rastejar no chão e não se achar grandão pra cima de mulher, esse aí que vai tramar pra ela né....

2025-07-12

0

Ana Lucia Jambeiro Alves

Ana Lucia Jambeiro Alves

Val sua linda ,já estou por aqui
Posso dizer que já estou amando.????
Simmmm pq tô mesmo 😍🤣🤣

2025-06-23

1

Anatalice Rodrigues

Anatalice Rodrigues

Mas tem é cafajeste, não aguenta ver 👀 uma mulher de personalidade forte. Empoeirada, acham que tem cacife para comandar uma equipe. VAI VENDO OTÁRIO

2025-07-12

0

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Atualizado até capítulo 73

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