capítulo 4

NARRADO POR ÉRICA GONÇALVES – POLICIAL CIVIL, CORE

— Quem mandou vocês me matar?

— Vai se danar, policial!

— Vai pro inferno!

Cuspi na cara dele e atirei. PÁ.

A bala entrou seco, bem entre os olhos. Sem chance de arrependimento, sem último suspiro. Só o corpo caindo com o peso da merda que fez.

Cinco milicianos. Cinco.

E eu, sozinha.

Na rua. À paisana.

Emboscada armada com estratégia.

Isso não foi tentativa. Foi recado.

Alguém da própria polícia quer me ver morta.

Respirei fundo. Sangue nas mãos, sujeira na alma. Entrei no carro crivado de bala, liguei o motor e segui direto pra delegacia. De rosto limpo, mas alma em guerra.

Subi os degraus da 18ª como quem pisa em campo minado. Cada olhar que recebi no corredor… eu já não confiava em ninguém. Ninguém.

Bati na porta do delegado Ribeiro.

— Entra.

Entrei. Ainda com o cheiro de pólvora no cabelo.

— Preciso registrar um boletim de ocorrência.

— Senta. Fala.

— Fui alvo de uma emboscada. Três motos, cinco homens armados. Me cercaram no cruzamento da Marechal com a Guararapes. Atiraram no meu carro. Blindado segurou. Mas não foi tentativa de roubo, delegado. Foi execução.

— E o que aconteceu?

— Eu matei os cinco.

— Sozinha?

Ele me olhou, esperando mais.

Mas eu calei.

Não mencionei o homem que me salvou.

Porque naquele momento, ali, encarando o delegado Ribeiro, uma coisa ficou clara: eu não podia confiar em ninguém.

Nem no sistema.

Nem na farda.

Nem no chefe.

— Algum reforço chegou? Algum rádio funcionou? Eu fiz o que a porra do distintivo manda: reagi. E sobrevivi.

— Tem certeza que não tem inimigos, Gonçalves?

— Tenho certeza que tem traidor. Um deles me chamou de “policial”. Eu tava à paisana. Isso significa informação vazada. Isso significa rato dentro da delegacia.

Ele coçou o queixo, sem dizer nada.

— Alguém tá me marcando, Ribeiro. E se o senhor não abrir o olho, o próximo saco preto que vai sair da viatura pode ter seu nome escrito.

— Pode se retirar. Eu vou apurar.

— Apure rápido.

Saí da sala. A raiva fervia por dentro. Mas não era nada perto do que me esperava no corredor.

PM Marcos.

Nariz enfaixado, pose de macho alfa podre. Encostado na parede, me esperando.

— Érica, Érica... teus dias na corporação tão contados.

Parei. Encostei no peito dele com o dedo.

— Fala logo o que cê tem pra falar, Marcos. Ou enfia esse teatrinho no cu e desocupa a cena. Eu te dei ordem hoje cedo. Tu ignorou. Amanhã teu nome vai estar com a corregedoria por assédio.

— Ninguém vai fazer nada, Érica. Você se acha demais. Se fosse menos rígida, não estaria nessa merda.

— Se eu fosse menos rígida, talvez fosse uma porca corrupta como você.

— Acha mesmo que vão te ouvir? Essa delegacia fede, Gonçalves. E você tá cheirando limpeza. Isso incomoda.

— A única coisa que me incomoda aqui é tua cara de verme.

Ele sorriu torto. Passou a língua nos dentes.

— A gente podia ser uma dupla foda, sabia? Você com sua moral, eu com meu jeito... Dava jogo.

Ele se aproximou. A mão veio lenta, querendo tocar meu rosto.

Torci o braço dele. Forte. Com nojo.

O estalo foi lindo.

— Encosta de novo e eu arranco tua mão, seu imundo. E enfio ela goela abaixo até tu vomitar tua sujeira.

Soltei com força. Ele grunhiu de dor, mas não teve coragem de reagir.

— Você é uma louca.

— Eu sou o que essa farda precisava. Você é o câncer. E eu sou o tratamento.

Virei as costas e fui embora. Sem pressa. Com dignidade e ódio correndo pelo corpo.

Cheguei em casa. Estacionei na garagem. O carro tava todo estourado. Buraco de bala por fora, cheiro de morte por dentro. Entrei no apê, guardei minhas armas, abri uma cerveja gelada e fui pro sofá.

Sentei. Fechei os olhos.

Quem mais tá envolvido?

Quem mais da delegacia vende colega por trocado sujo?

Marcos não tem cérebro pra montar um ataque daqueles. Ele é só o bode na frente da porta. Tem gente maior por trás. E eu vou descobrir.

Quanto ao homem que me salvou…

Aquele tiro vindo da sombra… aquela precisão… aquela silhueta…

Quem é você, filho da puta?

Te vi só uma vez.

E já sinto que cê vai cruzar meu caminho de novo.

E quando cruzar...

Ou vai virar meu aliado.

Ou vai virar mais um corpo quente no chão.

Porque eu sou Érica Gonçalves.

E eu não paro até acabar com cada traidor fardado dessa cidade.

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Comments

Anatalice Rodrigues

Anatalice Rodrigues

Erica Gonçalves, é da pá virada. ADOROOOO

2025-07-13

0

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

caraca sou mto fã da Erica,que mulherão da porra, é fera não tem como não ficar obcecado por essa mulher

2025-07-12

0

Madeline

Madeline

autora tu arrasa mulher 🥰

2025-06-25

1

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Atualizado até capítulo 73

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