### Capítulo 2 – Sorrisos que Desarmam
A brisa quente da tarde soprava pelas ruas movimentadas do centro de Salvador, carregando o cheiro de maresia e o som de buzinas apressadas. Matteo Di Fiore observava tudo da janela escura do carro. Seus olhos verdes pareciam ainda mais frios diante do calor da cidade.
— Tem certeza que quer visitar pessoalmente o bairro da construção? — perguntou Luca, seu segurança e braço direito. — Podemos mandar alguém da equipe técnica.
— Já falei que eu gosto de ver com meus próprios olhos. — respondeu Matteo, seco. — Delegar demais é abrir brecha pra traições.
Luca não respondeu. Sabia que tudo nele voltava à ex-noiva, Veruska.
**Veruska Delacroix.** Linda, sofisticada, ambiciosa. Tão encantadora quanto venenosa. Ela quase destruiu a empresa — e Matteo junto — ao roubar dados e dinheiro em segredo durante anos. Ele ainda lembrava do olhar dela no dia em que foi desmascarada: cínico, sem arrependimento. Desde então, Matteo não confiava em mais ninguém. Nem mesmo em si mesmo.
---
Na barraca de doces, Bela ajeitava os brigadeiros com capricho, ao lado da mãe.
— Mãe, o tabuleiro de cocadas tá quase vazio. Quer que eu faça mais?
— Não, filha, já tá bom por hoje. Mas aproveita e leva um pouco pro pessoal da construção ali perto. Vai que eles viram fregueses!
Bela assentiu com um sorriso tímido. Estava acostumada com a rotina simples, com o peso da vida nos ombros e o coração cheio de sonhos. Antes de sair, foi interrompida por sua amiga, **Solange**.
— E aí, Bela! Ouvii dizer que o homem rico doido das joias chegou hoje por aqui. Um tal de Matteo Di alguma coisa. Será que é bonito?
— Sol, pelo amor de Deus… — Bela riu, corando. — Rico desse jeito, deve ser cheio de nojeira.
— Nojeira ou não, eu não recusava, não. — brincou Solange, piscando.
---
Matteo desceu do carro quando chegou ao local da construção. A estrutura da futura loja começava a tomar forma. Enquanto conversava com o arquiteto, um cheiro doce e familiar chamou sua atenção. Ele se virou… e lá estava ela.
Bela caminhava com passos leves, equilibrando uma bandeja de doces. Usava um vestido simples, azul claro, que contrastava com sua pele morena escura e realçava o brilho dos olhos castanhos.
— Com licença… trouxe uns doces pra oferecer. — disse ela, sorrindo tímida.
Matteo ficou alguns segundos em silêncio, analisando-a. Não sabia por que, mas aquela garota despertava algo incômodo dentro dele.
— Você de novo? — murmurou.
— A gente se viu ontem, né? Foi sem querer… — ela baixou os olhos.
— E agora é de propósito?
— Na verdade, minha mãe sugeriu que eu oferecesse os doces aqui. Não sabia que o senhor estaria.
Ele olhou para a bandeja. — Quanto custa?
— Pode escolher três por dez reais. Se quiser só um, é quatro reais.
Matteo pegou a carteira e tirou uma nota de cinquenta. — Vou querer esse — apontou para um brigadeiro. — E pode ficar com o troco.
Bela hesitou. — Senhor, é muito dinheiro…
— Já disse que gosto de pagar pelo que consumo. — respondeu ele, mordendo o doce. — É bom. Melhor que muito restaurante de luxo que conheço.
— Fico feliz que tenha gostado. Eu e minha mãe fazemos tudo com muito carinho. Às vezes a gente vende na praia também, ou no centro. Mas eu gosto de vir pra cá. As pessoas são mais… humanas.
Matteo a encarou por um momento. — Você fala como alguém que já passou por muita coisa.
— Já passei, sim. Mas tento não deixar isso me endurecer.
Ele inclinou levemente a cabeça. — Isso é raro. A maioria das pessoas usa a dor como armadura.
— Talvez seja porque eu ainda acredito no amor. — disse Bela, sorrindo.
Matteo desviou o olhar, incomodado. — O amor é uma ilusão que custa caro.
— Ou uma verdade que muita gente tem medo de viver.
Ele não respondeu. Apenas fitou os olhos dela por mais alguns segundos antes de dizer:
— Foi um prazer… Bela.
— O prazer foi meu… senhor Matteo.
---
Naquela noite, Matteo entrou no quarto do hotel e ficou surpreso ao ver Giulia, sua prima, deitada na cama com lingerie vermelha.
— Giulia? O que você tá fazendo aqui?
— Senti sua falta. Peguei o primeiro voo da Itália. Achei que uma surpresa cairia bem.
— Eu não gosto de surpresas. — ele disse, tirando o paletó, mas sem hostilidade.
— Mas gosta do meu corpo, disso eu sei. — ela se aproximou e o beijou com desejo.
Matteo retribuiu, mas sua mente não estava ali. Pensava no sorriso suave e no olhar limpo de Bela. Aquela garota estava desarmando defesas que ele jurou jamais baixar.
---
Enquanto isso, na Itália, Veruska Delacroix observava o noticiário em seu tablet. O rosto de Matteo aparecia na inauguração de uma unidade da empresa.
— Abrindo joalheria no Brasil… Interessante. — ela disse, cruzando as pernas e sorrindo com malícia. — Talvez seja hora de fazer uma visita ao meu querido Matteo.
Seu olhar era afiado como uma lâmina. A guerra mal havia começado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 28
Comments
Maria Zelia
sempre tem umas vacas que aparece no livro pra inferniza a vida da persogem principal.
2025-06-20
2
Ana Carla F. S.Melquiades
bela ela é muito boa mais Solange deveria dar uns tapas nessas duas cobras 🤣
2025-06-18
3
Jaque1escri
vai lá 🤭
2025-06-16
2