Aline passou o batom diante do espelho com um cuidado quase cerimonial. O vermelho profundo contrastava com a pele suave e os olhos delineados que brilhavam como fogo contido. O vestido preto colado ao corpo revelava mais do que escondia, mas era exatamente isso que ela queria. A provocação estava nos detalhes: o decote que ameaçava demais, a fenda lateral que subia como um sussurro proibido pela coxa, e o perfume — doce e ousado — que deixava rastro no ar.
Henrique a observava da porta do quarto. Não disse nada. Apenas sorriu. Um sorriso carregado de orgulho e antecipação.
— Pronta? — ele perguntou.
— Mais do que nunca — respondeu Aline, sem desviar o olhar do espelho. Ela não era mais só esposa naquela noite. Era algo mais. Algo que nem ela mesma sabia descrever ainda, mas sentia pulsar entre as pernas e na alma.
O bar escolhido por Henrique tinha uma atmosfera envolvente. Não era um lugar comum. A iluminação era baixa, ambar, com sofás de couro escuro e música baixa tocando covers sensuais de jazz e soul. Era o tipo de ambiente que fazia qualquer gesto simples parecer carregado de intenções.
Aline entrou primeiro. Sentiu os olhos seguirem seus passos. Alguns disfarçavam. Outros não. E ela… gostou.
Sentou-se no canto reservado da mesa enquanto Henrique ia buscar os drinks. Cruzou as pernas, ajeitou os cabelos e, pela primeira vez na vida, se sentiu dona de todos os olhares. Ela não estava apenas sendo vista — ela estava sendo admirada. Desejada.
Henrique voltou com os dois copos. Observou em silêncio enquanto um homem na mesa ao lado mantinha os olhos fixos nas pernas de Aline. Ela percebeu e, em vez de cruzar as pernas discretamente, deslizou a mão pela coxa nua, como quem ajeita o vestido — mas deixou que a fenda revelasse ainda mais.
Henrique sentiu um arrepio. Não de ciúme. Mas de excitação crua.
— Ele está olhando — sussurrou ele, com um sorriso malicioso.
— Eu sei — respondeu Aline, olhando nos olhos do marido. — E estou gostando.
Ele tomou um gole do drink, respirando fundo. A noite estava apenas começando, mas ele já sentia a tensão dentro de si crescer como uma corda prestes a arrebentar. Era estranho. Ver a mulher que amava sendo desejada por outro homem. Mas também era um tesão inexplicável. Ver ela se soltando. Se redescobrindo.
Depois de alguns minutos, o homem da mesa ao lado levantou-se, passando perto deles para ir ao banheiro. Ele olhou diretamente para Aline e sorriu discretamente. Ela respondeu com um olhar rápido, provocante. Nada explícito. Mas suficiente para deixar Henrique pulsando.
— Você fez isso de propósito — disse ele, encostando-se mais perto dela.
— Fiz. E sabe o que mais? Eu quero fazer de novo.
Ele engoliu seco.
— Até onde você quer ir?
Aline o encarou com os olhos brilhando.
— Ainda não sei… Mas agora eu quero descobrir.
Henrique sentiu o mundo girar. Era como se estivessem abrindo uma porta proibida juntos — e cada passo dado tornava impossível recuar. Eles não estavam mais apenas brincando com fantasias. Estavam vivendo.
Mais tarde, no carro, o silêncio entre eles era denso de tesão. Henrique dirigia com uma mão no volante e a outra na coxa de Aline, que arfava só de lembrar dos olhares, do clima, da sensação de ser desejada em público.
Chegando em casa, foi ela quem o empurrou contra a parede e tirou a própria calcinha sem cerimônia, deixando-a cair no chão da sala. Ele não disse nada. Apenas se ajoelhou.
Ali, naquela noite, o que era fantasia virou memória. E o que era memória se tornou vício.
Aline não era mais apenas a mulher de Henrique. Ela estava se transformando na própria encarnação do desejo. E Henrique, longe de querer freá-la, estava prestes a colocá-la ainda mais no centro de um palco onde ele era o espectador mais privilegiado — e cada vez mais vulnerável.
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Atualizado até capítulo 33
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