05

A Distância Também Queima

Acordo mais tarde do que o habitual. A noite anterior ainda martela minha mente como um filme que não quero parar de assistir. O beijo. A voz dele. O jeito como me olhou... como se eu fosse o centro do universo por alguns instantes.

Olho pro celular assim que acordo. Uma notificação no WhatsApp me arranca um sorriso involuntário.

Bruno 🩺:

Bom dia, mulher que não saiu da minha cabeça nem por um segundo.

Sonhei contigo. Pena que foi sonho.

Mas ainda acordo com gosto do seu beijo na boca.

E a saudade... no corpo inteiro.

Encosto o celular no peito e suspiro, mordendo o lábio. Que homem! Respondo com provocação, só pra manter o fogo aceso.

Eu:

Bom dia, doutor tentação.

Se eu te disser que dormi abraçada no travesseiro imaginando que era você, cê acredita?

Meu corpo ainda tá quente do seu beijo.

A mensagem mal chega e ele já visualiza. Digitando...

Bruno 🩺:

Se a gente tivesse dormido junto, não ia sobrar travesseiro inteiro nessa cama.

Só gemido preso na garganta e marca roxa na cintura.

O calor sobe entre minhas pernas e nem são nove da manhã ainda. Me levanto com as mensagens ainda na cabeça, e ao me olhar no espelho, noto meu próprio sorriso sacana.

CENA NO CONSULTÓRIO]

Vou levar os doces para o pessoal do consultório, como de costume. Ao chegar, vejo ele sair da sala, sério, enquanto as enfermeiras fazem comentários cheios de graça:

Enfermeira 1: Tudo que eu precisava era de uma noite pegando fogo com esse homem.

Enfermeira 2: Pedaço de mau caminho... pena que é gay.

Recepcionista: Gay? Como tu sabe?

Enfermeira 1: Ele não dá moral pra ninguém. E olha que já passou cada mulher bonita aqui. Sai todo mundo com cara de “fora”...

Quase deixo escapar uma gargalhada. Mal elas sabem...

Nesse momento, recebo uma mensagem:

Bruno: Vem aqui na sala, amor.

Eu: Não sei se vão deixar eu entrar.

Bruno: Tô indo aí.

Eu: Ok.

Ele surge com aquele olhar sério e voz formal:

Bruno: Sophia, faz a gentileza de entrar aqui, por favor. Seu exame saiu.

Entro e ele fecha a porta... me beija com uma fome absurda.

— Menino! Para com isso, alguém pode ver!

Ele ri baixinho, colando o rosto no meu pescoço:

— Achei que hoje você nem viria.

— Eu pensei que você não estivesse atendendo hoje.

— Nem uma mensagenzinha? Já vi que vou ter que pedir doces todo dia só pra te ver.

Rimos juntos.

— Semana que vem vou precisar viajar. Atendimentos em outra cidade. Então você não vai me ver por aqui.

— Poxa...

— Vamos sair hoje?

— Hoje não dá, tô cheia de pedidos. Só parei pra entregar aqui pras meninas.

— Hum, entendi. Você ainda tem... beijinho?

Me distraio. Ele aproveita e me puxa, me fazendo dar um gritinho de susto.

— Bruno!

— O beijinho que eu quero... é esse aqui.

E devora minha boca. Me puxa pela cintura com força, os beijos ficando mais intensos, famintos. Ele me aperta contra ele e eu mal consigo respirar. Paramos ofegantes. Ele me dá um selinho.

— Preciso ir... se não o pessoal vai achar estranho.

— Normal. Minhas consultas são demoradas mesmo.

— Ah, então quando você demora é porque tá... beijando suas pacientes?

Ele gargalha.

— Não, meu amor. Eu gosto de ir fundo nas informações. Entender tudo antes de dar um diagnóstico. Sou dedicado.

— Quando volta?

— Em breve. E assim que eu chegar, você é a primeira a saber.

— E o resultado?

— Você tá limpa, amor. Vem cá...

Ele me puxa de novo e sussurra no meu ouvido:

— Vou sentir saudade de você todos os dias.

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