O sol já se despedia quando Selena saiu de casa com as flores.
Ana a ajudou a descer as escadas, como sempre. Apertou a mão dela e a puxou num abraço rápido, apertado.
— Bom dia de trabalho, minha flor. Vê se come alguma coisa.
Selena sorriu, sentindo o conforto daquele gesto. Não sabia que seria a última vez.
Na floricultura, Diana estava animada.
— Tá quente hoje. As flores vão voar — disse, entregando os arranjos frescos.
E voaram mesmo. Selena vendeu bem. As pessoas pareciam mais generosas naquele calor grudado na pele. Ela decidiu ficar um pouco mais tarde. Talvez pagar uma conta extra, talvez só evitar a volta pra casa.
Quando se deu conta, o céu já estava roxo, tingido de sombras. Começou a caminhar pela rua menos movimentada, uma atalho que conhecia bem. O barulho da cidade diminuía à medida que ela se aproximava de um beco que costumava atravessar.
Foi ali que tudo desabou.
Mãos surgiram do nada. Fortes. Frias. Uma puxou o braço dela com brutalidade. Ela tentou reagir, virou o corpo, bateu com a bengala no ar.
— Не трогай лицо! Не порти товар! — disse alguém, voz grossa, em russo.
Não toque o rosto! Não estrague a mercadoria!
Selena chutou com força. Um golpe certeiro na canela de um dos homens. Ouviu um grunhido, depois sentiu o gosto metálico do sangue. Um tapa violento atravessou seu rosto, derrubando-a no chão.
A bochecha queimava. O nariz sangrava.
Ela tentou se levantar, as pernas tremendo.
— Дай мне пистолет! — gritou um deles.
Me dá a arma!
Outro respondeu, mais calmo.
— Нет. Просто усыпим её. —
Não. Só vamos sedá-la.
Ela não entendia as palavras, mas entendia o tom.
Pavor puro.
Tentou correr. Um, dois passos — e então uma picada no braço, seca e precisa.
O mundo ficou pesado. A bengala caiu com um som oco no asfalto.
Selena sentiu o corpo perder a força. O calor nas pernas virou gelo. A cabeça girava, os sons sumiam.
E então, a escuridão.
A rua ficou silenciosa.
O beco vazio.
As flores espalhadas no chão.
E ninguém viu mais nada.
Rússia. Moscou. Um antigo galpão industrial refeito em fortaleza.
O ar ali dentro é denso. Silencioso, mas carregado de tensão. Ninguém respira alto. Ninguém fala sem ser chamado.
No centro, de pé, o homem que todos temem — Nikolai Volkov.
Tem cerca de 30 anos. Cabelos loiros, curtos, perfeitamente penteados. Os olhos, de um verde frio, parecem mudar de cor quando ele está furioso — e agora, estão quase vermelhos.
Veste uma camisa escura, impecável sobre um corpo forte e definido. Com 1,91m de altura, a postura dele domina qualquer sala. Não precisa gritar. A presença já é ameaça.
E hoje, a presença dele está furiosa.
— Кто, сука, продаёт женщин на моей земле? — a voz sai baixa, cortante.
(Quem, caralho, está vendendo mulheres no meu território?)
Os capangas não ousam responder.
Ele anda de um lado ao outro. Os passos são pesados, precisos.
— Eu mexo com armas, com drogas, com política... — cospe no chão — mas mulher e criança, não.
Ele olha direto pro rosto de um dos homens.
— Quem fizer isso aqui dentro, assina a própria sentença. E eu mesmo vou executar.
Uma pasta é jogada sobre a mesa. Dentro, documentos, registros de chamadas, fotos borradas de containers e possíveis rotas. Há movimentação fora do país. Discreta, mas clara.
— Tem uma remessa vindo. De fora. Estão tentando entrar por baixo do meu nariz. Gente que acha que pode usar meu território como lixo sem pedir licença.
Ele fecha a pasta com um tapa seco.
— No momento em que essa carga tocar o solo russo... nós vamos estar lá.
Os olhos verdes dele brilham com raiva.
— Quero todos vivos. Principalmente o líder. Se tiver mulher no meio, tirem da linha de fogo. O resto… é meu.
Ele gira o pescoço, o maxilar travado.
— Eu vou descobrir quem está por trás disso. E quando eu descobrir...
Uma pausa.
— Que Deus ajude. Porque eu não vou.
No silêncio que se segue, até os criminosos mais brutais da sala se encolhem.
Nikolai Volkov pode comandar o inferno.
Mas até o inferno tem regras.
E alguém acabou de quebrar uma delas.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Magna Figueiredo
Comecei a ler esse livro pq apareceu aqui pra mim,já q devoro histórias de mafiosos...e vou falar pra vcs,que grata surpresa...bem escrito,com pausas que nos instigam,descrição das pessoas,lugares, sensações, tudo perfeito...vi algumas pessoas reclamando que não tem fotos dos personagens, eu gosto quando tem, mas uma que bata com a descrição...se não bater,ou não tiver, como essa...eu de boa imagino alguém kkkkk parabéns autora, vi q já está finalizado, mas amaria se ela voltasse a enxergar...li que foi desde q nasceu...mas sei lá né...é ficção, pode ter um jeito /Chuckle//Chuckle//Chuckle//Heart//Heart//Heart//Rose//Rose//Rose/
2025-07-29
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Priscila Silva
só lembrei de respirar agora ufaa que bom que o nicolai não trafica mulheres
2025-07-08
9
ALINE ASSIS ♡♡♡♡
A HISTÓRIA É TÃO INTERESSANTE QUE ACABO ESQUECENDO DE COMENTA URUMMM ELE VAI SALVA ELA
2025-07-19
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