Damon Lancaster
O motorista parou em frente à fachada iluminada com néon vermelho. “Red Temptation”. Nome ousado para um lugar que já cheirava a escândalo só de longe. Perfeito.
Desci do carro sem pressa. Estava vestindo um terno preto impecável, sem gravata, camisa meio aberta e meu relógio de duzentos mil dólares, não por vaidade, mas porque era sempre divertido observar a forma como o mundo reagia à presença de um Lancaster. Especialmente quando eu me fazia presente onde “não deveria estar”.
A fila na porta estava enorme, mas bastou o segurança me reconhecer para que abrisse caminho. Dinheiro é a senha universal.
Lá dentro, o clima era quente, úmido, cheio de luzes suaves e música baixa o suficiente para excitar os ouvidos sem afastar os pensamentos. O teto espelhado refletia sombras em movimento. Homens de terno afrouxavam colarinhos. Mulheres sussurravam segredos com batons borrados. Era um templo de luxúria disfarçado de diversão.
Sentei-me no camarote reservado, de onde eu via o palco principal com perfeição. Pedi um whisky sem gelo. Costumo beber puro. Gosto de sentir o amargor.
Três dançarinas passaram antes que algo dentro de mim reagisse. Eram belas, claro. Mas previsíveis. Corpos bonitos, movimentos treinados. Sem alma.
Foi quando as luzes mudaram. O vermelho ficou mais intenso. A música desacelerou.
E então… ela.
Primeiro veio a sombra dela. Depois, a silhueta. E então os olhos.
Não havia sorrisos forçados. Não havia promessas no corpo dela. Havia desafio. Postura. Uma energia crua que atravessava a distância entre nós como um soco no estômago. Ela caminhava como se estivesse no controle da sala inteira. E estava. Cada homem ali parou. Cada mulher a odiou.
E eu?
Eu só pensei uma coisa: fudeü.
Ela usava um conjunto preto com detalhes em renda vermelha. As pernas longas, o quadril cheio, os seios firmes, a pele com um brilho suave. Mas era no olhar que morava o perigo. Um verde profundo, arrogante, como se dissesse: olhe o quanto quiser, você nunca vai tocar.
Ela subiu no pole, mas não precisou girar. Bastou inclinar o quadril para que o inferno se acendesse.
A dança dela não era vulgar. Era arte. O tipo de arte que te excita e te humilha por desejar.
A boca carnuda, levemente entreaberta, parecia feita sob medida para provocar… e destruir.
Eu não pisquei.
Tomei o whisky como se fosse água e, pela primeira vez em muito tempo, senti minha própria respiração acelerar. Aquilo não acontecia. Eu não me excitava por pouco. E ali, eu não estava só excitado.
Eu estava intrigado.
Ela se movia como quem conhecia o ritmo dos próprios demônios. Como quem dançava não para agradar, mas para dominar.
A trilha sonora parecia feita sob medida para ela: sensual, lenta, com batidas que marcavam cada curva com sedução evidente.
Um homem ao lado soltou um gemido baixo. Eu o fuzilei com os olhos.
Ninguém tinha o direito de desejá-la. Nem mesmo eu. Mas já era tarde.
Quando a música terminou, ela jogou o cabelo para trás e caminhou até os bastidores com o queixo erguido. Como se tivesse acabado de vencer uma guerra sem sujar os saltos.
Foi ali que minha mente sussurrou, num tom grave, rouco, cheio de condenação e desejo:
— “Não é uma mulher… é uma maldição embalada em curvas. Minha própria Vênus. Saindo do inferno e pronta pra me arrastar com ela.”
— Minha Vênus. — sussurrei inconscientemente.
O segurança ao lado me lançou um olhar confuso.
— Senhor?
— Quero falar com ela. Agora. No camarim VIP.
Ele assentiu e saiu. Eu recostei no sofá, mas minha mente já não estava ali.
Ela era diferente de tudo que eu já tinha visto. E eu já tinha visto o mundo inteiro.
Ela não parecia disposta a se vender. Não fazia charme barato. Não sorria para agradar. E isso me enfurecia. Me excitava. Me desafiava.
Eu não sabia o nome dela. Mas já havia dado um…
Vênus.
Porque ela não era apenas linda. Ela era perigosa. Uma deusa caída. Uma explosão de desejo e orgulho. A personificação do que meus pais odiariam, e o que eu sempre procurei sem admitir.
Peguei meu celular e digitei uma mensagem para Lana:
— “Encontrei a arma perfeita. Prepare-se para o caos.”
E então me levantei. Porque a tentação tinha nome. E eu estava prestes a conhecê-la de verdade.
Ela demorou menos de três minutos para entrar no camarim VIP, mas parecia uma eternidade. Cada segundo me deixava mais impaciente. Mais faminto.
Quando a porta se abriu, a luz do corredor recortou sua silhueta como uma cena de filme proibido. Ela entrou devagar, os saltos ressoando no piso de madeira como uma ameaça doce.
— Me chamou? — disse, com a voz mais sexy e desafiadora que já ouvi.
Vênus.
O nome ecoou na minha mente de novo. Ela não fazia esforço para ser sensual, era simplesmente. Natural. Pura. Perigosa. Mas havia algo mais naquela postura: ela não estava impressionada.
Ela me olhou como se eu fosse só mais um homem com dinheiro e tédio. E, talvez, eu fosse. Até ela.
— Você dança bem. — comentei, reclinando no sofá, com um leve sorriso no canto da boca.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Você assiste bem. Quer que eu bata palmas, boneco de terno caro?
Eu ri. Alto. Genuinamente.
— Sabe que poderia ser mais... gentil?
— Gentileza não faz parte do show. Nem da minha vida.
Ela cruzou os braços, os olhos verdes queimando direto nos meus olhos acinzentados.
— Então? Vai dizer por que mandou me chamar ou vai ficar aí, me analisando como um quadro?
— Um quadro, não. Você é mais como uma arma. Fria, bonita, letal.
Ela soltou um riso debochado.
— E você parece o tipo de homem que acha que pode comprar qualquer coisa com um olhar arrogante e um cartão black.
— E estou errado?
— Completamente.
Eu a encarei, avaliando cada centímetro daquele corpo que fazia homens babarem, e daquela mente que, claramente, sabia que valia mais que qualquer oferta.
— Sou Damon Lancaster. Eu tenho uma proposta. — comecei.
— Eu não ligo para quem você é.Todo homem aqui tem uma proposta. Quer que eu adivinhe? Exclusividade? Uma dança só sua? Um jantar secreto? Já ouvi tudo isso.
— A diferença é que o meu contrato não tem espaço para rejeição.
Ela caminhou lentamente até a mesa, pegou meu copo de whisky sem pedir permissão e virou num único gole.
— Sua autoconfiança é doentia. Mas… curioso. Fala logo.
Cruzei as pernas, puxei uma pasta fina da lateral do sofá e deslizei sobre a mesa. Ela não abriu. Só passou os dedos sobre o couro escuro.
— Um contrato de exclusividade. Três meses. Você será minha acompanhante em eventos, festas, reuniões de família. Vai me chamar de “amor” na frente da sociedade e usar tudo o que você tem para me ajudar a irritar meus pais. Em troca, vai receber uma quantia generosa. Com bônus extras se me fizer sorrir em público.
— Então você quer uma atriz. Uma boneca viva com curvas que cause escândalo entre os ricaços.
— Quero você.
O silêncio que se seguiu foi mortal. E depois, ela riu. Não com timidez. Com deboche.
— Sabe o que é mais engraçado nisso tudo? Você realmente acredita que pode me ter. Só porque está acostumado a ter tudo.
— Eu nunca erro na minha leitura.
— Então prepare-se para errar feio.
Ela se aproximou, os olhos firmes nos meus. Se inclinou até seu rosto ficar a centímetros do meu. O perfume dela era um pecado envolto em baunilha e provocação.
— Não estou à venda, senhor Lancaster.
— Todo mundo está. Só não descobriram o preço.
— Você me subestima.
— E você me instiga.
Ela se afastou, pegou o contrato e jogou de volta sobre a mesa com desprezo.
— Boa noite, Vênus. — provoquei, quando ela já estava quase saindo.
Ela parou. Virou-se devagar.
— Não me chame assim.
— Já te batizei. Tarde demais.
— Você é um bilionário mimado que pensa que o mundo gira ao seu redor.
— E você é uma stripper com fogo demais no olhar pra não incendiar alguma coisa em mim.
Ela me lançou um último olhar, o tipo de olhar que poderia matar um homem fraco.
— Cuidado com o fogo, Lancaster. Você pode acabar queimado.
E saiu.
Fiquei ali, sozinho, olhando a porta fechar. A pasta ainda estava sobre a mesa. Intocada.
Mas algo dentro de mim dizia que aquela mulher voltaria. Talvez não pelo dinheiro. Talvez não pelo contrato. Mas porque, no fundo… ela também sentiu.
— Ela vai ser minha. Nem que eu tenha que comprar a alma dela.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Josigg Gomes Galdino
Não vai demorar muito para Damon enlouquecer por ela, já está com ciúmes, vai ficar obcecado por ela, e vai desejar beijá-la
2025-06-25
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Maria Sena
UAU!!! Se esse capítulo foi só o aperitivo, imagina o banquete milionário. AMEI 😍❤️💘 Autora do céu, quem apostou que a Vênus cairia aos pés do senhor gelo, se enganou redondamente. E venha os próximos capítulos incendiante. UHUUUUUU!!! ADOOOORO!!!
2025-06-30
2
Josigg Gomes Galdino
Minha vênus, Damon já a considera sua , já está obcecado por ela e vai ser possessivo
2025-06-25
2