Capítulo 5: A Teia do Destino

Clarisa acordou com a respiração ofegante, o coração ainda batendo rápido como se tivesse acabado de correr. Naquela noite, não foram apenas segredos que vieram à tona, mas também um nome que agora se cravava em sua mente: Izana. A figura misteriosa, com olhos penetrantes e um toque suave, a havia tirado das sombras e revelado um fragmento da verdade sobre seu pai. Os primeiros raios de sol atravessando as frestas da janela mal conseguiam dissipar as sombras dos acontecimentos da noite anterior.

Naquela manhã, o castelo estava tenso. Chifuyu e Kazutora convocaram uma reunião de emergência. Mitsuya, com o rosto cansado mas olhar afiado, apresentou um relatório detalhado sobre o ataque no subsolo.

Eles não eram ladrões comuns começou Mitsuya, com a voz carregada. Seus movimentos foram organizados, e as adagas que usaram tinham gravuras com um símbolo especial. O símbolo do Clã da Sombra.

Clarisa, sentada ao lado de Chifuyu, sentiu todos os olhares se voltarem para ela. Sentiu que precisava compartilhar o que sabia.

Eu encontrei alguém o nome dele é Izana. Ele disse que é do Clã da Sombra, mas ele é diferente deles.

Chifuyu suspirou fundo.

Eu o vi, Clarisa. O homem que te levou. Eu não consegui alcançá-lo naquela hora por causa do caos. O que mais ele disse?

Clarisa contou sobre a dívida que Izana tinha com seu pai, como ele havia sido salvo por ele no passado, e a promessa de ajudá-la a encontrar a verdade. A sala ficou em silêncio por um momento.

Então há uma facção dentro do Clã da Sombra?murmurou Kazutora, pensativo. Isso complica tudo. Eles geralmente operam nas sombras, raramente se envolvem com nobres.

Madame Ruri, também presente, finalmente falou.

O Clã da Sombra é uma organização ancestral, Clarisa. São mestres da espionagem e infiltração. Mas como qualquer organização antiga, há facções e ideologias em conflito. É possível que um grupo radical esteja tentando usar seus poderes ou sua herança familiar.

Por que eu? A voz de Clarisa falhou. O que há de especial em mim?

Chifuyu se aproximou, segurando sua mão com firmeza.

Vamos descobrir isso juntos.

À noite, sob um céu estrelado, Clarisa estava na sacada. Pensava em Izana. Será que ele voltaria a aparecer? O que exatamente seu pai fez para o Clã da Sombra ter uma dívida com ele?

De repente, uma sombra passou atrás do velho carvalho no jardim. Clarisa não estava enganada. Uma silhueta alta parou, olhando diretamente para sua sacada.

Era Izana.

Clarisa hesitou, mas decidiu descer. Precisava saber mais. Saiu do castelo com passos cuidadosos.

Clarisa, eu vou com você disse Chifuyu, surgindo à porta de seu quarto. Não vou deixá-la ir sozinha.

Clarisa se assustou, depois sorriu suavemente.

Obrigada, Mano.

Juntos, foram até onde Izana estava. Quando se aproximaram, ele saiu das sombras, o rosto iluminado pela lua. Seus olhos ainda eram intensos, mas havia cautela ao ver Chifuyu.

Eu sabia que você viria murmurou Izana, acenando com a cabeça para Chifuyu. Achei que você a impediria.

Enquanto eu puder protegê-la, nunca a deixarei sozinha respondeu Chifuyu, firme.

Tenho novas informações começou Izana. A facção que a atacou é liderada por alguém chamado Kisaki. Ele quer usar um poder antigo ligado à linhagem Nemuri. Esse poder não é só herança, Clarisa. É uma chave.

Clarisa arregalou os olhos.

Que poder?

Um poder que pode controlar a energia da natureza, manipular sombras e, em casos raros, vislumbrar o futuro explicou Izana. A família Nemuri protege esse segredo há séculos. Kisaki acredita que, com esse poder, pode dominar a região central e talvez o reino inteiro.

Clarisa olhou para Izana, depois para Chifuyu.

Temos que detê-lo.

Chifuyu assentiu, segurando sua mão.

Aconteça o que acontecer, estarei com você.

E assim começou a jornada dos três. Atravessando florestas densas, enfrentando inimigos nas sombras e descobrindo ruínas de templos antigos. A cada passo, Izana era o guia; Chifuyu, o protetor fiel.

Numa noite de tempestade, buscaram abrigo em uma caverna. Uma fogueira iluminava seus rostos. Clarisa, sentada entre os dois homens que agora eram centrais em sua vida Izana, portador da verdade; Chifuyu, sua luz constante falou:

Quero que saibam que sou grata a ambos. Mas meu coração é um só. E isso não mudou.

Chifuyu a olhou com ternura. Izana assentiu com serenidade.

Nós sabemos disse Izana. Não estou aqui para conquistar seu coração, mas para garantir que você não perca quem é.

Naquela noite, dormiram lado a lado, unidos não por posse, mas por confiança.

Na manhã seguinte, o ar da montanha estava mais leve. Aproximavam-se do templo antigo, alvo de Kisaki. Quando chegaram à entrada secreta no lado leste das ruínas, Izana os mandou parar.

Há um portão protetor antigo lá dentro. Só será aberto se reconhecer a energia Nemuri.

Clarisa tocou a parede coberta de musgo. Subitamente, os entalhes brilharam. Um som grave ecoou, e a porta se abriu.

Dentro, um corredor escuro os esperava. Chifuyu liderava com a espada em punho. Clarisa no meio. Izana na retaguarda. De repente, sombras se moveram. Guardiões enviados por Kisaki atacaram.

Chifuyu se moveu como um relâmpago, derrotando dois inimigos. Izana imobilizou outro com precisão. Clarisa canalizou seu poder, cobrindo as paredes com sombras ilusórias.

Você está mais forte disse Chifuyu durante a luta. Tenho orgulho de você.

Clarisa apenas assentiu, focada. A sincronia entre os três era perfeita. Ao cair o último inimigo, sabiam que ainda não havia terminado. Kisaki os aguardava.

Na sala principal, Kisaki estava diante do Cálice das Sombras.

Tarde demais disse ele, rindo. Vocês três são um incômodo.

Izana avançou.

Não viemos negociar. Entregue o artefato.

Kisaki ergueu as mãos, lançando uma onda de energia sombria. Clarisa ficou à frente, desviando o ataque. O cálice brilhou. Clarisa o tocou.

As sombras se agitaram. Luz e trevas se fundiram. Kisaki gritou, incapaz de conter a força libertada.

Clarisa desmaiou. Chifuyu a amparou. Izana investiu, derrotando Kisaki com um único golpe.

Silêncio.

Ao saírem do templo, o céu começava a avermelhar. Pararam à beira do penhasco, vendo o nascer do sol. Clarisa suspirou.

Não sei se isso é um fim ou um começo.

Chifuyu apertou sua mão.

Enquanto você estiver comigo, tudo ficará bem.

Izana, um pouco afastado, sorriu.

Nossa missão ainda não acabou. Mas, por agora, vencemos.

Eles se entreolharam. Um elo havia sido formado. Uma nova história havia começado. E sob aquele céu do amanhecer, seus destinos começaram a ser escritos mais uma vez.

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