Capítulo 3: Tensão no Palácio

Após o incidente com a máscara e a tensão no salão na noite anterior, o clima na estalagem real permaneceu carregado. No entanto, a noite não terminou em violência. A figura misteriosa que havia retirado a máscara e alegado conhecer Clarisa desde a infância era Inupi um observador neutro da região central. Seu objetivo não era sequestrar ou ameaçar, mas alertar que havia membros dentro do palácio que se opunham à presença da “pequena ratinha do campo”.

Na manhã seguinte, a atmosfera no palácio estava tensa. Criados cochichavam nos corredores, conselheiros circulavam com semblantes preocupados e uma sessão emergencial foi convocada na sala do trono.

“Não podemos ignorar: houve uma infiltração do clã Sombrio no salão do palácio”, alertou um conselheiro sênior, a voz trêmula.

“E falaram diretamente com a filha de um camponês, cuja origem é desconhecida”, acrescentou outro.

Chifuyu permaneceu calmo, observando todos com atenção. “Clarisa não representa ameaça. Inupi veio alertar, não ferir.”

Uma nobre retrucou: “Mas, Príncipe, a presença de Clarisa está causando rebuliço. Líderes de outras regiões questionam se é prudente abrir os portões aos plebeus.”

Kazutora bateu levemente na mesa: “Não podemos permanecer estáticos por medo da mudança.”

Um silêncio se instalou, denso como neblina noturna.

O próximo encontro foi realizado nos jardins da estalagem. A névoa da manhã refletia delicados pontos de luz nas flores que desabrochavam. Clarisa caminhava lentamente, dividida entre a curiosidade e o nervosismo.

De repente, Chifuyu surgiu por trás de uma magnólia, trajando roupas formais e descontraídas.

“Já acordou preocupada, ratinha?” perguntou docemente.

“O desculpe, Senhor Chifuyu só precisava de ar.”, respondeu ela, virando-se rapidamente.

Antes que continuasse, passos firmes ecoaram pela alameda. Uma jovem felina surgiu, vestida elegantemente em roxo. Sua presença fez os servos se curvarem em respeito.

“Chifuyu”, disse com voz fria. “Ouvi dizer que dançou com uma ratinha ontem.”

Clarisa enrijeceu e baixou os olhos. Chifuyu ergueu o peito. “Clarisa é minha convidada. Tem direito de participar, sim.”

A jovem aproximou-se, olhando-a nos olhos. “Sou Akasaka Reina, princesa do Clã Gato Ocidental e prometida política de Chifuyu-sama.”

Clarisa engoliu em seco e Chifuyu falou rápido: “Isso foi apenas uma proposta do seu pai. Eu não aceitei.”

Reina sorriu de forma gélida. “Talvez você não compreenda este mundo, ratinha. No palácio, todos os passos são vigiados; nem toda gentileza é sincera.”

Ela respondeu com gentileza: “Não busco usurpar ninguém. Só fui convidada.”

Reina inclinou-se e sussurrou: “Já tomou mais do que imagina.”

O silêncio pairou, tenso como um fio prestes a arrebentar, até que uma voz suave interrompeu o embate.

Mitsuya surgiu por trás de arbustos. “Parem. Este não é palco para intrigas políticas.” O cabelo prateado iluminou-se sob a luz da manhã.

“Bom dia”, cumprimentou com serenidade. “Clarisa, gostaria de me acompanhar até a ala oeste do jardim? As flores lá estão esplêndidas.”

Aliviada, Clarisa acenou e os dois caminharam pela trilha de pedras.

“Obrigada, Mitsuya-san”, ela sussurrou. “Você sempre chega na hora certa.”

Ele encolheu os ombros: “Não é sobre tempo, mas intenção. Não gosto dessa pressão política.”

“Também não”, disse ela. “Tenho medo de criar problemas apenas por estar aqui.”

Mitsuya cruzou os braços e olhou fundo em seus olhos: “Se alguém teme perder seu lugar por causa da sua presença, então não merece esse lugar.”

Algum tempo depois, na sala de audiências, a tensão alcançou o auge.

“Uma plebeia interferindo nos assuntos reais!”, exclamou um nobre indignado.

“Silêncio!”, rugiu Chifuyu. “Eu convido essa jovem e assumo toda responsabilidade.”

A expressão nos rostos de Baji e Kazutora refletiu respeito e alívio.

À noite, Clarisa permaneceu no parapeito da sacada de seu quarto, segurando o lenço rosa de Mano um símbolo de afeto e bênção. Ela lamentava a simplicidade de seu vilarejo, sentindo a tempestade emocional crescer.

De súbito, um rápido toque na porta.

“Clarisa?”, chamou uma voz suave.

Era Chifuyu, segurando duas xícaras de chá fumegantes.

“Desculpe pelo confronto com a princesa Reina. Vim saber se você está bem.”

Ela pegou a xícara e respondeu: “Obrigado, mas não precisa se desculpar. Foi apenas um susto.”

Chifuyu colocou a xícara no guarda-corpo e pousou sua mão suavemente no joelho dela: “Se quiser voltar para casa, entenderei. Mas se decidir ficar, prometo protegê-la de qualquer forma.”

Clarisa ergueu o rosto e encarou os olhos dele: “Quero ficar não por você ser príncipe, mas para descobrir quem sou.”

Abaixo do luar, Chifuyu passou a ponta do dedo pela face dela: “Se é assim, então quero caminhar ao seu lado nessa jornada.”

De repente, um clarão iluminou o horizonte, ao norte do palácio. Alarmes soaram na torre de vigilância. Ambos se ergueram em alerta, o corpo tenso.

“Nos atacam?”, perguntou Clarisa com receio.

“Ops, vamos”, respondeu Chifuyu. “Pode ser perigoso.”

Antes que pudessem se mover, duas silhuetas se ergueram no pátio, chegando em silêncio. Vestidos com uniformes escuros e óculos discretos, eram agentes da guarda real.

“Viemos proteger Clarisa”, disse um deles com firmeza. “Há uma ameaça dirigida a ela.”

Chifuyu franziu o cenho: “Quem autorizou isso?”

“Foi ordem do Secretário de Segurança do Sul, em nome do Clã Pássaro.”

Clarisa segurou o braço dele: “Eu gostaria de falar com eles pessoalmente. Mas, por favor, fique comigo.”

Ele agarrou sua mão e sorriu: “Você não ficará só. Jamais.”

Eles seguiram em uma viatura até um acampamento do Clã Pássaro. A chegada foi discreta; Clarisa e Chifuyu foram conduzidos a uma sala de recepção.

Em vez de jovens príncipes, receberam uma mulher de olhar cortante e postura austera Ruri, conselheira sênior do clã.

“Clarisa”, falou com voz grave, “nosso clã só intervém em assuntos externos quando há risco real. Você chamou atenção por se relacionar com ideologias radicais, que podem desestabilizar as alianças.”

Chifuyu interveio rapidamente: “Ela é apenas uma camponesa. Suas palavras são exageradas.”

Ela assentiu: “Não acuso, apenas observo. E ofereço proteção, se for necessário.”

Clarisa curvou a cabeça: “Agradeço sua atenção, mas desejo causar o mínimo de incômodo ao reino.”

Ruri sorriu levemente: “Sua postura demonstra sabedoria. Mas saiba: muitos agora olham para você nem todos com intenções amigáveis.”

Quando retornaram ao palácio, Clarisa permaneceu em silêncio, olhando o céu estrelado de seu quarto.

Ela sabia: desde a noite do baile, sua vida mudou para sempre.

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Comments

Otavio Pónzi

Otavio Pónzi

Continua pfv kkk 😹

2025-06-14

1

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Capítulos
1 Capítulo 1: Apresentação
2 Capítulo 2: Convite Real
3 Capítulo 3: Tensão no Palácio
4 Capítulo 4: O Mistério do Clã dos Pássaros
5 Capítulo 5: A Teia do Destino
6 Capítulo 6: O Retorno das Sombras
7 Capítulo 7: A Chama da Rivalidade
8 Capítulo 8: A Sombra de Hanma
9 Capítulo 9: Esperança de Paz
10 Capítulo 10: A Batalha do Amor e do Destino
11 Capítulo 11: Sequestrada pelo Clã Canguru
12 Capítulo 12: Primeiro Beijo
13 Capítulo 13: Esperança em Nekonara
14 Capítulo 14: Tornando-se Confiança em Nekonara
15 Capítulo 15: A Aliança dos Príncipes
16 Capítulo 16: O Chamado da Aldeia dos Ratos
17 Capítulo 17: Laços de Sangue
18 Capítulo 18: Aliança Sob o Luar
19 Capítulo 19: O Pedido de Socorro
20 Capítulo 20: Amor e Coragem
21 Capítulo 21: O Príncipe Gato
22 Capítulo 22: Segredos e Desejos Proibidos
23 Capítulo 23: Entre Sombras e Promessas
24 Capítulo 24: O Milagre Sob a Lua
25 Capítulo 25: Protegendo a Floresta Sagrada
26 Capítulo 26: O Pacto dos Clãs
27 Capítulo 27: Sob a Sombra da Tempestade
28 Capítulo 28: O Coração da Tempestade
29 Capítulo 29: Sob o Véu das Estrelas
30 Capítulo 30: O Caminho das Sombras e da Luz
31 Capítulo 31: Juramento do Coração
32 Capítulo 32: Entre Luzes e Sombras
33 Capítulo 33: Aliança de Feras e Promessas
34 Capítulo 34: Chamas da Esperança
35 Capítulo 35: Dentes do Crocodilo
36 Capítulo 36: O Nascer de Matsuno Salomo
37 Capítulo 37: No Limite entre Aflições e Flores
38 Capítulo 38: Sangue, Riso e Coração
39 Capítulo 39: Arcos, Cavalos e Promessas de Amor
40 Capítulo 40: O Último Alvorecer de Nekonara
Capítulos

Atualizado até capítulo 40

1
Capítulo 1: Apresentação
2
Capítulo 2: Convite Real
3
Capítulo 3: Tensão no Palácio
4
Capítulo 4: O Mistério do Clã dos Pássaros
5
Capítulo 5: A Teia do Destino
6
Capítulo 6: O Retorno das Sombras
7
Capítulo 7: A Chama da Rivalidade
8
Capítulo 8: A Sombra de Hanma
9
Capítulo 9: Esperança de Paz
10
Capítulo 10: A Batalha do Amor e do Destino
11
Capítulo 11: Sequestrada pelo Clã Canguru
12
Capítulo 12: Primeiro Beijo
13
Capítulo 13: Esperança em Nekonara
14
Capítulo 14: Tornando-se Confiança em Nekonara
15
Capítulo 15: A Aliança dos Príncipes
16
Capítulo 16: O Chamado da Aldeia dos Ratos
17
Capítulo 17: Laços de Sangue
18
Capítulo 18: Aliança Sob o Luar
19
Capítulo 19: O Pedido de Socorro
20
Capítulo 20: Amor e Coragem
21
Capítulo 21: O Príncipe Gato
22
Capítulo 22: Segredos e Desejos Proibidos
23
Capítulo 23: Entre Sombras e Promessas
24
Capítulo 24: O Milagre Sob a Lua
25
Capítulo 25: Protegendo a Floresta Sagrada
26
Capítulo 26: O Pacto dos Clãs
27
Capítulo 27: Sob a Sombra da Tempestade
28
Capítulo 28: O Coração da Tempestade
29
Capítulo 29: Sob o Véu das Estrelas
30
Capítulo 30: O Caminho das Sombras e da Luz
31
Capítulo 31: Juramento do Coração
32
Capítulo 32: Entre Luzes e Sombras
33
Capítulo 33: Aliança de Feras e Promessas
34
Capítulo 34: Chamas da Esperança
35
Capítulo 35: Dentes do Crocodilo
36
Capítulo 36: O Nascer de Matsuno Salomo
37
Capítulo 37: No Limite entre Aflições e Flores
38
Capítulo 38: Sangue, Riso e Coração
39
Capítulo 39: Arcos, Cavalos e Promessas de Amor
40
Capítulo 40: O Último Alvorecer de Nekonara

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