Após o incidente com a máscara e a tensão no salão na noite anterior, o clima na estalagem real permaneceu carregado. No entanto, a noite não terminou em violência. A figura misteriosa que havia retirado a máscara e alegado conhecer Clarisa desde a infância era Inupi um observador neutro da região central. Seu objetivo não era sequestrar ou ameaçar, mas alertar que havia membros dentro do palácio que se opunham à presença da “pequena ratinha do campo”.
Na manhã seguinte, a atmosfera no palácio estava tensa. Criados cochichavam nos corredores, conselheiros circulavam com semblantes preocupados e uma sessão emergencial foi convocada na sala do trono.
“Não podemos ignorar: houve uma infiltração do clã Sombrio no salão do palácio”, alertou um conselheiro sênior, a voz trêmula.
“E falaram diretamente com a filha de um camponês, cuja origem é desconhecida”, acrescentou outro.
Chifuyu permaneceu calmo, observando todos com atenção. “Clarisa não representa ameaça. Inupi veio alertar, não ferir.”
Uma nobre retrucou: “Mas, Príncipe, a presença de Clarisa está causando rebuliço. Líderes de outras regiões questionam se é prudente abrir os portões aos plebeus.”
Kazutora bateu levemente na mesa: “Não podemos permanecer estáticos por medo da mudança.”
Um silêncio se instalou, denso como neblina noturna.
O próximo encontro foi realizado nos jardins da estalagem. A névoa da manhã refletia delicados pontos de luz nas flores que desabrochavam. Clarisa caminhava lentamente, dividida entre a curiosidade e o nervosismo.
De repente, Chifuyu surgiu por trás de uma magnólia, trajando roupas formais e descontraídas.
“Já acordou preocupada, ratinha?” perguntou docemente.
“O desculpe, Senhor Chifuyu só precisava de ar.”, respondeu ela, virando-se rapidamente.
Antes que continuasse, passos firmes ecoaram pela alameda. Uma jovem felina surgiu, vestida elegantemente em roxo. Sua presença fez os servos se curvarem em respeito.
“Chifuyu”, disse com voz fria. “Ouvi dizer que dançou com uma ratinha ontem.”
Clarisa enrijeceu e baixou os olhos. Chifuyu ergueu o peito. “Clarisa é minha convidada. Tem direito de participar, sim.”
A jovem aproximou-se, olhando-a nos olhos. “Sou Akasaka Reina, princesa do Clã Gato Ocidental e prometida política de Chifuyu-sama.”
Clarisa engoliu em seco e Chifuyu falou rápido: “Isso foi apenas uma proposta do seu pai. Eu não aceitei.”
Reina sorriu de forma gélida. “Talvez você não compreenda este mundo, ratinha. No palácio, todos os passos são vigiados; nem toda gentileza é sincera.”
Ela respondeu com gentileza: “Não busco usurpar ninguém. Só fui convidada.”
Reina inclinou-se e sussurrou: “Já tomou mais do que imagina.”
O silêncio pairou, tenso como um fio prestes a arrebentar, até que uma voz suave interrompeu o embate.
Mitsuya surgiu por trás de arbustos. “Parem. Este não é palco para intrigas políticas.” O cabelo prateado iluminou-se sob a luz da manhã.
“Bom dia”, cumprimentou com serenidade. “Clarisa, gostaria de me acompanhar até a ala oeste do jardim? As flores lá estão esplêndidas.”
Aliviada, Clarisa acenou e os dois caminharam pela trilha de pedras.
“Obrigada, Mitsuya-san”, ela sussurrou. “Você sempre chega na hora certa.”
Ele encolheu os ombros: “Não é sobre tempo, mas intenção. Não gosto dessa pressão política.”
“Também não”, disse ela. “Tenho medo de criar problemas apenas por estar aqui.”
Mitsuya cruzou os braços e olhou fundo em seus olhos: “Se alguém teme perder seu lugar por causa da sua presença, então não merece esse lugar.”
Algum tempo depois, na sala de audiências, a tensão alcançou o auge.
“Uma plebeia interferindo nos assuntos reais!”, exclamou um nobre indignado.
“Silêncio!”, rugiu Chifuyu. “Eu convido essa jovem e assumo toda responsabilidade.”
A expressão nos rostos de Baji e Kazutora refletiu respeito e alívio.
À noite, Clarisa permaneceu no parapeito da sacada de seu quarto, segurando o lenço rosa de Mano um símbolo de afeto e bênção. Ela lamentava a simplicidade de seu vilarejo, sentindo a tempestade emocional crescer.
De súbito, um rápido toque na porta.
“Clarisa?”, chamou uma voz suave.
Era Chifuyu, segurando duas xícaras de chá fumegantes.
“Desculpe pelo confronto com a princesa Reina. Vim saber se você está bem.”
Ela pegou a xícara e respondeu: “Obrigado, mas não precisa se desculpar. Foi apenas um susto.”
Chifuyu colocou a xícara no guarda-corpo e pousou sua mão suavemente no joelho dela: “Se quiser voltar para casa, entenderei. Mas se decidir ficar, prometo protegê-la de qualquer forma.”
Clarisa ergueu o rosto e encarou os olhos dele: “Quero ficar não por você ser príncipe, mas para descobrir quem sou.”
Abaixo do luar, Chifuyu passou a ponta do dedo pela face dela: “Se é assim, então quero caminhar ao seu lado nessa jornada.”
De repente, um clarão iluminou o horizonte, ao norte do palácio. Alarmes soaram na torre de vigilância. Ambos se ergueram em alerta, o corpo tenso.
“Nos atacam?”, perguntou Clarisa com receio.
“Ops, vamos”, respondeu Chifuyu. “Pode ser perigoso.”
Antes que pudessem se mover, duas silhuetas se ergueram no pátio, chegando em silêncio. Vestidos com uniformes escuros e óculos discretos, eram agentes da guarda real.
“Viemos proteger Clarisa”, disse um deles com firmeza. “Há uma ameaça dirigida a ela.”
Chifuyu franziu o cenho: “Quem autorizou isso?”
“Foi ordem do Secretário de Segurança do Sul, em nome do Clã Pássaro.”
Clarisa segurou o braço dele: “Eu gostaria de falar com eles pessoalmente. Mas, por favor, fique comigo.”
Ele agarrou sua mão e sorriu: “Você não ficará só. Jamais.”
Eles seguiram em uma viatura até um acampamento do Clã Pássaro. A chegada foi discreta; Clarisa e Chifuyu foram conduzidos a uma sala de recepção.
Em vez de jovens príncipes, receberam uma mulher de olhar cortante e postura austera Ruri, conselheira sênior do clã.
“Clarisa”, falou com voz grave, “nosso clã só intervém em assuntos externos quando há risco real. Você chamou atenção por se relacionar com ideologias radicais, que podem desestabilizar as alianças.”
Chifuyu interveio rapidamente: “Ela é apenas uma camponesa. Suas palavras são exageradas.”
Ela assentiu: “Não acuso, apenas observo. E ofereço proteção, se for necessário.”
Clarisa curvou a cabeça: “Agradeço sua atenção, mas desejo causar o mínimo de incômodo ao reino.”
Ruri sorriu levemente: “Sua postura demonstra sabedoria. Mas saiba: muitos agora olham para você nem todos com intenções amigáveis.”
Quando retornaram ao palácio, Clarisa permaneceu em silêncio, olhando o céu estrelado de seu quarto.
Ela sabia: desde a noite do baile, sua vida mudou para sempre.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Otavio Pónzi
Continua pfv kkk 😹
2025-06-14
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