Julian Pereira
Volto para casa, sentindo-me derrotado e decepcionado mais uma vez. Não consegui nada e começo a perder a esperança.
Quando chego ao apartamento, dou de cara com o dono, que estava parado a porta, com uma expressão séria.
— Julian, eu tenho uma notícia para ti. - Disse sem rodeios e já imagino que seja para exigir o valor da renda, que infelizmente eu não tenho no momento. — Eu encontrei outra pessoa para morar aqui. Tem meia hora para arrumar as suas coisas e ir embora.
Eu fico em choque.
— O quê? Mais eu... eu vou pagar a renda. Só preciso de mais tempo para arrumar um emprego. - Tento argumentar, mais a minha voz carregada de desespero falha.
— Não importa. - Ele balança a cabeça em negação. — Eu não quero mais você aqui. Tens apenas meia hora para sair. E se não sair, eu vou ligar a polícia ou colocar as suas coisas para fora.
O meu pânico cresceu. Não tinha para aonde ir, nem dinheiro para pagar outro lugar para morar.
— Por favor! - Digo, a tentar negociar. — Eu posso pagar a renda atrasada. Eu posso fazer qualquer coisa.
Ele balança a cabeça novamente.
— Não adianta. A decisão está tomada. Tem meia hora e é melhor começar a arrumar as suas coisas.
Sinto uma sensação de desespero e entro no apartamento, sabendo que não tenho nenhuma escolha, pego na minha mala velha e começo a pegar as poucas coisas que temos. Fico em transe a pensar no que fazer a seguir e precisava encontrar um lugar para morar, e rápido.
Sofia, que estava sentada no sofá, olha para mim com os olhos assustados.
— Irmão, o que está a acontecer? - Pergunta chegando mais perto preocupada.
— Eu não consegui encontrar um emprego, por isso não tive como pagar para continuarmos aqui. Infelizmente vamos ter que sair e encontrar outro lugar. - Falo triste e prefiro dizer a verdade sobre a nossa situação.
— Não se preocupe, irmão. Nós vamos ficar bem e vamos encontrar um lugar para ficar. - Ela tenta me tranquilizar e me dá um abraço.
— És bem mais forte do que eu, Sofia e prometo fazer de tudo para ti proporcionar uma vida digna e de realizações. - Digo sincero e mais como se fosse o meu único objectivo de vida.
— Não se preocupe com isso agora. Eu vou pegar as minhas roupas.
Terminamos rapidamente de arrumar tudo e saio de lá com ela, sem olhar para trás, carregando as nossas coisas em sacos e na mala.
Suspiro, ao perceber que chovia muito e paramos em frente ao prédio, olhando em volta sem saber para aonde ir. A chuva estava tão forte que era impossível ver mais de um metro à frente. Tento pensar em algum lugar para me abrigar, mais eu não sabia onde.
— Vamos esperar um pouco. - Digo a Sofia, tentando a proteger da chuva com um guarda-chuva quebrado. — Talvez a chuva passe logo. - Ela assentiu, tremendo de frio e medo. A abraço tentando confortá-la.
Neste momento, o meu telemóvel toca. Hesito por um momento antes de atender, já sabendo que a notícia não poderia ser boa.
— Estou? - Digo, a tentar manter a voz firme.
— Julian, aqui é a assistente do outro lado da linha. Eu estou aqui em frente ao seu apartamento e preciso levar a Sofia comigo.
— O QUÊ? Não, não pode ser Eu estou aqui com ela. Nós estamos... ‐ Falo sentindo um choque grande no meu peito.
— Eu sei que você está aí, Julian. - Ela me interrompeu. — Eu posso ver você e a Sofia. E preciso levá-la comigo agora.
O meu pânico aumenta ainda mais e não conseguia mais segurar o choro. Eu não posso perder a Sofia. Eu a abraço bem forte, como se isso pudesse protegê-la.
— Por favor! Não tire a minha irmã de mim. Isso é apenas uma fase má e vamos superar qualquer obstáculo. Sem ela, eu não teria mais nenhuma força para continuar. - Digo entre lágrimas suplicando e escuto ela a suspirar.
— Julian, é tarde demais para isso. Eu tenho ordens para levar a Sofia comigo. E você precisa se preparar para isso.
A minha irmã, ao escutar a conversa, olha para mim assustada e chora em desespero.
— Não! - Digo, tentando manter a minha voz firme e decidida. — Eu não vou permitir que você leve a Sofia.
A assistente social não disse mais nada. Ela simplesmente desligou e eu fiquei ali, paralisado, enquanto a chuva continuava a cair ao meu redor.
"Porquê que tudo tinha que ser tão difícil? Eu só queria uma vida melhor, mais a única coisa que consegui até agora, foram humilhações, ser tratado como um lixo e problemas e mais problemas. A única coisa boa da minha vida é a minha irmã, Sofia e agora querem tirar ela de mim." - Penso lamentando a minha situação e não consigo enxergar nenhuma solução. Talvez seja melhor a Sofia ir com esta senhora. Pelo menos ela teria uma cama confortável para dormir e uma comida decente para comer.
Já eu posso dormir na rua se necessário e ao menos a minha irmã estaria bem.
— Sofia! - Digo e fico de joelhos a sua frente exposto à chuva e a encaro com lágrimas nos olhos. — É melhor você ir com esta senhora. Com ela, terás tudo o que precisas e até conhecerias outras crianças da sua idade. - Eu falo tentando convencê-la, mais ela apenas nega com a cabeça e eu entendo o seu medo.
— Não, você prometeu-me que estaríamos sempre juntos, por mais difíceis que sejam as coisas. Eu quero estar do seu lado. Não me abandone, irmão. - Sinto ainda pior.
— Vai com ela. É o melhor que eu posso fazer por ti. Por favor, vai. - Falo com o coração partido e vejo a assistente chegando de carro e apenas abri a porta para a Sofia entrar.
— Mais irmão... - Ela diz e eu interrompo-a.
— Não se preocupe, isso é temporário. Eu vou dar um jeito de estar contigo novamente.
— Promete? - Diz a chorar.
— Sim, prometo.
Ela solta o guarda-chuvas e nos abraçamos como se não houvesse o amanhã. A despedida foi dolorosa, mais mesmo não tendo para onde ir, fico aliviado que a minha irmã estará bem.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Fran Silva
que situação triste é o pior q existe na vida real pessoa que não tem pra onde ir
2025-07-29
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