O mundo parecia ter parado.
O tempo estagnou entre o som seco do clique da arma e o momento seguinte.
Vincent mantinha o dedo no gatilho, o olhar firme no meu pai ajoelhado.
Meu pai, por sua vez, não esboçava reação. Como se já tivesse aceitado seu destino.
Como se morrer por mim fosse um preço que ele estava disposto a pagar.
Mas eu...
Eu não podia deixar isso acontecer.
Meu corpo finalmente reagiu antes que meu cérebro conseguisse ordenar.
Me coloquei entre eles, os braços abertos em um gesto desesperado, protegendo meu pai com meu próprio corpo.
— Espera! — gritei. Minha voz soou mais forte do que eu esperava.
Todos os olhos se voltaram para mim. O cano da arma agora apontava direto para o meu peito.
Senti um arrepio correr pela espinha, mas não recuei.
— Não o mate, por favor...
Vincent arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Oh? E o que exatamente você está propondo, minha jovem?
Engoli seco. Minhas mãos tremiam, mas eu não podia hesitar.
— Me leve no lugar dele.
Meu pai tentou se levantar, desesperado, mas eu o empurrei de volta ao chão.
— Caelyn, não! Não faça isso! — ele gritou, a voz embargada pelo pânico.
— Não tem outro jeito, pai! — respondi, encarando-o. — Você disse que eu era tudo que tinha... então me deixa fazer isso por você.
Vincent observava em silêncio, como um juiz à espera da sentença. Seus olhos cinzentos analisavam cada centímetro da minha alma.
— Você viria comigo... por vontade própria? — ele perguntou, um leve tom de surpresa na voz.
— Sim, contanto que poupe meu pai. Ele não vai mais te dar problemas. Eu... faço o que quiser, mas o deixe em paz.
O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Até mesmo os homens de preto pareciam hesitar, trocando olhares rápidos, incertos.
Vincent caminhou lentamente ao meu redor, como se estivesse avaliando uma peça rara em leilão.
— Você tem coragem, garota. E isso me intriga.
Ele voltou à minha frente, os olhos cravados nos meus.
— Muito bem. Aceito sua oferta.
Meu coração afundou no peito.
— Mas... — acrescentou ele, com um sorriso frio — uma vez que cruzar aquela porta comigo, não haverá volta. Você entende isso, Caelyn?
— Eu entendo — respondi sem hesitar, embora cada parte do meu corpo estivesse gritando o contrário.
Max soluçava, impotente, enquanto eu dava o primeiro passo em direção ao desconhecido. A sensação era de estar caminhando em direção ao próprio abismo.
Vincent estendeu a mão para mim, e eu a encarei por um instante antes de segurá-la.
Era gelada.
No momento em que meus dedos tocaram os dele, algo mudou no ar. Como se um pacto invisível tivesse sido selado.
— Adeus, pai — sussurrei, sem olhar para trás.
— Eu te amo.
E então, sem entender se era o fim... ou apenas o começo, atravessei a porta ao lado do homem de olhos cinzentos, com o som da respiração contida dos meus avós ecoando atrás de mim.
O mundo que eu conhecia havia acabado.
E o novo... ainda não tinha nome.
Continua...
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Tít láo
Não consigo parar de pensar nessa história, maravilhosa!
2025-06-04
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