Depois da missão no porto, Luna foi enviada para o quarto de hóspedes mais isolado — um teste claro. Sozinha no escuro, sentada na beira da cama, ela tirou as luvas, revelando as mãos ainda sujas de sangue seco. Olhou para os próprios dedos como se tentasse reconhecer a si mesma.
Luna Brian
“Não é mais uma criança. Nunca foi.”
—
No andar de cima, Dante Mancini tomava uma dose de uísque diante das câmaras de segurança. Observava a gravação da missão da noite anterior em silêncio. Os seus olhos paravam sempre nos mesmos quadros: Luna se esgueirando por trás do contêiner, Luna atirando sem hesitar, Luna encarando Rocco com uma arma apontada.
Frieza. Inteligência. Controle.
Ele odiava admitir… mas ela deixava-o curioso. E Dante odiava se sentir curioso.
—
Na manhã seguinte, Luna foi chamada à sala de treino da mansão.
Lá, ela encontrou Dante de costas, vestindo apenas uma regata preta, suado, socando um saco de pancadas com fúria calculada.
Luna Brian
— Pensei que me chamaria para outra missão — ela disse, entrando sem permissão.
Dante Mancini
— Essa é uma missão — respondeu ele, sem se virar
Dante Mancini
— Quero ver até onde aguenta.
Ele girou, lançando-lhe uma luva de boxe.
Dante Mancini
— Coloque isso. enfrente-me.
Luna franziu o cenho.
Luna Brian
— Está brincando comigo?
Dante Mancini
— Estou testando você, Luna. Se não aguenta lutar comigo aqui, não aguenta lutar contra o que está por vir.
Ela respirou fundo… e calçou as luvas.
O treino começou técnico, mas logo a tensão entre os dois contaminou cada movimento. Socos, esquivas, provocações. Em determinado momento, ele prendeu os seus pulsos e os dois encararam-se, corpos colados.
Dante Mancini
— Cuidado com esse olhar, Luna… — ele sussurrou, voz rouca.
Dante Mancini
— Pode me matar mais rápido que uma arma.
Ela não recuou.
Luna Brian
— E você, cuidado com a ilusão de controle. Eu não sou uma das suas bonecas.
Dante a soltou, mas o sorriso no canto de sua boca dizia tudo.
—
Naquela mesma tarde, algo inusitado aconteceu.
Durante uma pausa no treino, uma carta antiga e surrada foi entregue à mansão, endereçada a Luna. Sem remetente. Apenas o nome dela, escrito em tinta preta borrada.
Ela abriu com desconfiança.
Dentro, havia apenas uma folha. Com uma frase.
"O que você enterrou viva aos sete anos… ainda respira."
O sangue de Luna gelou.
Seu passado. O que ela achou ter deixado sob a terra… estava voltando.
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