Luara
A voz dele preenchia o auditório como uma corrente elétrica. Firme. Precisa. Impecavelmente calculada.
Oliver Armand.
Ele falava de liderança, de controle, de estratégia. Mas tudo que eu conseguia pensar era no fato de que ele exalava poder sem esforço — como se fosse parte da anatomia dele.
O auditório aplaudia. Pessoas ao meu redor anotavam cada palavra. Mas eu… eu apenas observava.
Ele não buscava admiração. Dominava a sala como quem já sabia o que cada um faria antes mesmo que reagissem.
E o pior?
Sabia que eu estava ali.
Me olhou.
Direto.
Sem disfarçar.
Como se quisesse me lembrar de que enxergava algo além da minha função na empresa.
Levantei assim que terminou. Antes dos agradecimentos, antes que o fluxo de gente começasse a congestionar a saída. Não queria arriscar esbarrar nele nos corredores — ou pior, ser chamada para uma conversa que ainda não estou pronta pra ter.
Peguei um carro de aplicativo direto para casa. Ainda tinha uma festa para ir à noite — e eu não deixaria o Sr. Armand ocupar espaço na minha mente por mais tempo.
No elevador, respirei fundo.
Tudo o que eu queria era um banho, um pouco de silêncio e me preparar para a noite. Mas quando as portas se abriram no térreo…
— Gabriel: Luara.
A voz que eu conhecia tão bem.
Gabriel estava ali, na portaria, encostado na parede de braços cruzados. A mesma postura arrogante de sempre.
— Luara: O que você tá fazendo aqui?
— Gabriel: A gente precisa conversar.
— Luara: Você acha mesmo que depois de tudo eu ainda te devo ouvidos?
Ele deu um passo à frente.
— Gabriel: Você sumiu. Nem quis escutar meu lado. Como se eu tivesse feito algo imperdoável.
Ri, sem humor.
— Luara: Você ficou com a minha melhor amiga enquanto ainda estávamos juntos. Se isso não é imperdoável, Gabriel, o que seria?
Ele bufou.
— Gabriel: Você me afastou. Vivia fria, ocupada. Não me procurava mais. A Natália... ela estava ali. Aconteceu.
— Luara: Ah, entendi. Então a culpa foi minha, por não fazer você se sentir o centro do universo?
— Gabriel: Não é isso. Mas você sabe como é. Eu sou homem, Luara. Não resisti.
— Luara: Você é fraco, Gabriel. E sabe o que é pior? Você ainda acredita que é a vítima.
Ele não respondeu. Porque, no fundo, sabia.
— Luara: Agora faz um favor: some da minha frente. Eu tenho uma festa pra ir... e uma vida pra viver. Sem você.
Virei as costas e entrei no elevador. A porta fechou, mas meu coração ainda batia acelerado.
Não de dor.
De alívio.
Luara
O vestido caiu como uma segunda pele.
Preto, de veludo. Um ombro só. Longo, com uma fenda ousada na coxa.
Nada óbvio.
Nada acessível.
Do jeito que eu gosto.
Me maquiei com calma, mantendo o olhar forte, a boca neutra.
Dei uma última olhada no espelho.
Elegância com veneno.
Cheguei na festa com tranquilidade, mas o lugar já estava cheio. Luzes suaves, música ambiente e pessoas ricas se cumprimentando com sorrisos falsos.
Assim que entrei, alguns olhares se voltaram. Mas um, em especial, me atravessou feito flecha.
Oliver.
De terno azul-marinho impecável, taça de champanhe na mão e aquele olhar que parece ver mais do que deveria.
Não sorriu.
Não desviou.
E, claro... não se aproximou. Ainda.
Eu também não.
A noite estava só começando — e o jogo também.
Pessoas vieram falar comigo, comentar da palestra, do vestido, do “clima” no ar. Ignorei a maioria dos comentários.
Mas havia tensão.
Aquela tensão elétrica quando duas presenças fortes dividem o mesmo espaço.
Eu sabia que em algum momento ele viria até mim.
Só não sabia o quanto queria que isso acontecesse.
(Como Luara estaria na Festa)
(Como Oliver estaria)
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Maria Isabel
muito boa essa história amando
2025-06-22
1
Rizitos Bonitos
Lindo, sensível e emocionante. Já quero reler!
2025-06-04
2