A Noiva Chegou

"Os pneus do carro derramaram levemente sobre o cascalho polido da entrada. Pelas frestas da venda carmim, Valentin apenas percebia vultos de luzes amareladas e o cheiro inconfundível de madeira antiga misturada a lavanda e ferrugem. O ar era diferente, pesado. E quente."
(Mãos firmes o puxando. Cambaleia, sem conseguir ver o chão de mármore sob seus pés. Um leve tropeço, um puxão nos braços, e novamente aquele toque: quente, firme, quase possessivo.)
Desconhecido
Desconhecido
Toma cuidado, bella. Não quero que minha noiva se machuque antes da lua de mel.
(A voz voltou... Baixa e maliciosa, com um riso que arrepiou sua espinha.)
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
(Faz uma careta que ninguém vê) Se é lua de mel que você quer, tem métodos menos cafonas que sequestro. Mas entendo, deve ser difícil dizer não pra esse nível de carência.
(A única resposta foi o som da porta de Villa se abrindo - grossa, antiga, suntuosa. A madeira gemeu como se também estivesse sendo arrastada contra a vontade.)
"Ele foi conduzido por corredores onde o eco dos próprios passos parecia zombar da situação. Escadas de mármore, tapetes persas, abajures com cúpulas de seda vermelha... Era um bordel cinco estrelas, ou uma mansão?"
Subitamente, pararam. Uma mão empurrou as portas pesadas. O cheiro de lavanda se intensificou. O quarto."
"Foi jogado com menos força que esperava, mas com total intenção. Seu corpo caiu sobre algo macio - a beirada da cama. Ao fundo, a porta se fechou atrás deles."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
(Arfa, tentando se soltar. A voz saindo séria) Se me soltar agora, eu posso resolver isso. Posso achar a minha irmã e acabar com essa farsa. Não precisa de mim. Eu não sou... não sou ela.
"Silêncio... Depois, passos. Dois. Então, o calor. o homem aproximou-se como uma tempestade de verão: abafado, lento, inevitável. O perfume amadeirado dele era quase narcótico. Um dedo apenas roçou a linha de sua mandíbula, depois os lábios."
Desconhecido
Desconhecido
(Murmurando) Então ache-me, bella...
"E então o beijo. Inesperado. Voraz. Um choque. A boca do desconhecido invadiu a sua como se tivesse direito, como se já fosse dele. Era um beijo que queimava, arranhava por dentro, deixava gosto de vinho tinto e perigo. Valentin tentou resistir - ou fingiu que tentou - mas o corpo não entendeu o comando. Quando o beijo cessou, ele mal conseguia falar."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
A... A verdadeira noiva...
Desconhecido
Desconhecido
(A voz saindo grave, satisfeita) Já está em seus aposentos.
(Com um puxão firme, o nó da corda em seus pulsos afrouxou. Num gesto repentino, foi empurrado para trás. Seu corpo caiu sobre o colchão macio. Passos se afastando. Uma chave girando na porta. Trancado.)
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
(Murmura entre os dentes, enquanto se debate contra as cordas restantes) Filho da puta...
"Com esforço, conseguiu arrancar a venda. A luz quente do quarto o cegou por um instante. Cortinas pesadas, móveis barrocos, lençóis egípcios, lareira acesa. Luxo. Prisão. uma cela de ouro. Sozinho. Ele respirou fundo, olhou ao redor e finalmente deixou escapar:"
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
Nem fodendo...
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
FILHA DA PUTA! COVARDE! MAFIOSO DE MERDA!
"Sem resposta"
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
Eu juro por Deus, quando sair daqui, vou arrancar o seu pau e vender num leilão de arte contemporânea!
"Silêncio absoluto. Nem ecos o confortavam mais. Ele mordeu a própria língua, tentando conter a raiva que queimava por dentro. Caminhou em círculos como um leão em cativeiro até notar a mesa lateral, ricamente posta. Frutas frescas, queijos importados, pães ainda quentes e, o que brilhou como uma benção caída do céu, uma garrafa de vinho tinto."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
(Murmura, pegando a garrafa de vinho) Bom gosto ele tem. Ainda bem que sequestrador não é sinônimo de rudeza.
"Como quem aceita o destino, destampa a garrafa de vinho com facilidade e leva a boca no gargalo. Um gole longo. Fecha os olhos. Um Chianti. Caro. Intenso. Aveludado."
(Sentou no braço da poltrona de veludo.)
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
Pelo menos ele vai me manter bêbado antes de me matar.
"Ele então passou a explorar o quarto. Era amplo, decorado com afrescos suaves no teto e cortinas de veludo azul-escuro. Uma cama gigante ocupava o centro, ladeada por mesinhas esculpidas a mão. Havia armários embutidos... E três portas."
"A primeira, trancada."
"A segunda, dava para o banheiro, e ele teve que admitir: era o tipo de banheiro que faria qualquer um pensar duas vezes antes de fugir. Uma banheira oval de mármore ocupava o centro, rodeada por espelhos e pequenos detalhes em dourado."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
Se isso é o inferno, o diabo tem bom gosto.
(Voltou ao quarto e tentou a terceira porta.)
"A porta da sacada também estava trancada. Frustrado, olhou em volta, agarrou um pequeno castiçal de metal e arremessou com força contra o vidro da sacada. O estrondo ressoou pela parede, mas a vidraça nem trincou."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
Vidro blindado. Que romântico!
"Juntou-se a sim mesmo na cama, caindo de costas, braços abertos, olhos fixos no teto ornamentado. O silêncio pesava mais do que as amarras de antes."
Valentin de Belleroy
Valentin de Belleroy
(respirando fundo) Realmente... Tô fudido!

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