Poucos instantes antes do combate na arena
Todos os jovens tinham se preparado para lutar contra a princesa, mas a sortuda ou azarada a ser escolhida foi Gerda, a única filha mulher de Aila, a melhor em sua idade entre as guerreiras, estava bem a altura de Sigrid.
Foram feitas as apostas de quem venceria a batalha, pouquíssimos ficaram a favor da família de Aila, a princesa não tinha se importado com quem seria sua adversaria até entrar na arena e ver a única pessoa que foi uma espécie de amiga em sua vida.
Gerda reparou a surpresa nos olhos dourados e comentou levantando sua espada:
- É bom te ver princesa.
- Gerda pode desistir e sua vida estará poupada – disse Sigrid deu seu único ato de misericórdia e de fundo na arquibancada pode ver sua mãe ter escolhido o lado de Aila, apostando na morte de sua própria filha.
- Estamos aqui para dar um show e não importa quem morra princesa.
- Aos velhos tempos em que brincávamos com espadas de madeiras.
- A minha espada agora é bem real princesa – disse Gerda alterando o tom de voz e correu em direção de Sigrid.
Sigrid um bom tempo ficou desviando e se defendendo dos golpes furiosos e impulsivos de Gerda, queria a vencer pelo cansaço, mas não adiantou, começou a avançar um pouco com golpes fracos, mas que pela exaustão Gerda conseguiu alguns arranhões, isso a deixou bem irritada, com a espada e o escudo começou a bater contra Sigrid que se defendia e pouco contra-atacava usando seus dois machados.
Já era o pôr-do-sol, Sigrid mantinha o mesmo ritmo, mas Gerda estava furiosa e cansada irritada disse levantando a espada alto demais:
- Vamos acabar com isso logo Sigrid, de noite ninguém vai conseguir nos ver!
- Finalmente me chamou pelo nome – disse Sigrid que manteve seus machados na posição, Gerda por ter levantado a espada alto demais, deixou seu corpo vulnerável.
Um machado fincou em sua costela, o outro atravessou sua barriga, enquanto a princesa ficou imóvel, a espada de Gerda caiu, Sigrid encarou os olhos verdes de Gerda e perguntou:
- Por que não pensa antes de atacar?
- Em uma guerra não imagino que vamos ter tempo para essas coisas, prin... Sigrid...
- Isso, ser filha do rei não muda meu nome, eu sou Sigrid.
- Eu não tenho muito tempo... – disse Gerda caindo de joelhos e Sigrid se ajoelhou para ficar de sua altura ainda segurando seus machados atravessados no corpo de sua amiga – Diga a minha mãe que a amo e que morro feliz porque tive uma oponente a altura.
- Me perdoe por ter te matado Gerda...
- Não tem nada pelo que pedir perdão – foram suas últimas palavras.
A arquibancada gritava pela vitória da princesa, mas ela os ouvia como um fundo distante, sua atenção estava em Gerda, devagar tirou seus machados do corpo, os jogou no chão, fechou os olhos da sua oponente morta, Gerda tinha quase o seu mesmo peso, mas Sigrid se lembrou de algo que seu pai disse quando era pequena “quando um amigo morre, nunca deixa o corpo dele para trás”, usando o final da sua energia a segurou em seus braços, seu pai entendeu o que ela tinha pensado, ficou de pé a seguindo ir em direção ao portão de ferro onde havia seus guardas a esperando.
Quando o corpo de Gerda foi tirado dos seus braços pelos guerreiros, Sigrid sentiu uma leveza, tão grande que parecia que ia flutuar, era como se ela mergulhasse em seu vazio, seu pai logo foi ao seu encontro junto aos seus irmãos e a elogiou:
- Hoje você mostrou que é minha filha.
- Eu mostro isso todos os dias – ela discordou, montou em seu cavalo ouvindo ainda a multidão que os seguia.
Sigrid não estava feliz, ansiosa chegou em seu lar, a tristeza pesou ao ver que Aila não estava para a receber, para arrumar suas coisas, provavelmente estava prestes a velar a filha que ela matou, uma das criadas tentou oferecer ajuda para a princesa, mas Sigrid não deixava muito as pessoas chegar perto, negou todas as ajudas oferecidas, cuidou do seu próprio banho, vestiu algo simples, arrumou rapidamente seu cabelo com o pente de madeira, apressada saiu do quarto desejava sair correndo, sua pressa era tanta que trombou de frente com sua mãe e pediu afobada:
- Me desculpe.
- Pensei que tinha feito de proposito já que fiquei do lado da sua oponente.
- Não ligo para isso – mentiu – Sinto muito ter te decepcionado.
- Para onde está indo?
- Só caminhar, eu posso?
- Pode, mas do jeito que está se vestindo até parece com uma das camponesas.
- Obrigada pelo elogio rainha, com sua licença – pediu ao sair.
Sigrid caminhou para perto da costa do mar, ficou entre as árvores grossas, dava para ver a família de Aila, colocando o corpo de Gerda em um pequeno barco, era uma bela cerimonia, a princesa estava tão perdida em seus pensamentos que não ouviu os passos de Gustaf e se assustou ao ouvir o elogio:
- Foi uma bela luta, princesa.
- Eu não tenho tanta certeza disso – ela confessou se virando para ele e manteve a cabeça baixa.
- Majestade – ele se ajoelhou brevemente e com atenção a olhou – Você venceu como pode não ter tanta certeza.
- O que fiz veio do meu egoísmo, eu não precisava lutar contra ela, eu tinha outra escolha... Não imaginava que poderia me arrepender... – ela confessou olhando para o céu segurando as lágrimas.
- Outra escolha? Eu não entendi... – Gustaf reparou que se tratava de algo muito maior que uma simples batalha.
- Precisa jurar guardar segredo.
- Eu juro pelos deuses – ele jurou colocando a mão à frente do peito.
- Meus pais nunca me deixaram lutar ou fazer algo para o reino, algo que realmente seja mais importante do que sorrir para os súditos, como você sabe, eu fui para a batalha disfarçada e todas as vezes que eu os desrespeitos sofro uma punição, o que todos os pais fazem com os filhos – ela disse lembrando do quanto estava furiosa com sua mãe.
- Sua punição foi lutar contra Gerda?
- Foi o que meu pai propôs, eu achei mais digno, mas minha mãe tinha proposto que eu me desculpasse com os pretendentes do festival de primavera e agradecesse pelos presentes.
- Princesa, eu nunca fui ao festival de primavera, o que ele tem de tão horrível que te fez escolher a arena?
- Eu ser ofertada para casamento ou algo bem parecido e constrangedor – ela respondeu envergonhada por sua franqueza.
- Preferiu correr o risco de ser morta ao invés de se comprometer? Gerda era uma boa guerreira.
- Morrer me parecia melhor do que perder a liberdade, mas quando tudo isso aconteceu, eu só pensei em Gerda, em como eu também tirei a liberdade dela para não perder a minha, ela foi obrigada a lutar, embora seja considera uma honra, mesmo que ela parece tão orgulhosa por isso, eu a matei, eu tirei a vida da única filha mulher de Aila... Aila é mais que uma mãe para mim... E eu a retribui dessa forma...
- Você lutou por si, isso é nobre.
- Isso foi bobagem, ela fazia parte do reino, não foi como matar um inimigo, foi como matar uma parte de nós – ela disse o encarando.
- Eu sinto muito que esteja se sentindo triste, Aila e a família devem estar passando por um luto difícil, mas eu conhecia Gerda e tenho certeza que a luta de vocês foi um dos momentos mais felizes para ela, Gerda sempre almejou ficar para história, chamar a atenção e o que mais chamaria a atenção senão ir para um evento em que todos do reino parassem e a vissem lutar contra a princesa! – ele disse maravilhado e sorridente – Acho que não deveria se lamentar ou se arrepender, já está feito princesa e isso só mostra que você pode dar um jeito de tomar suas próprias decisões mesmo tendo que seguir as ordens do rei e da rainha.
- Ah Gustaf... Você parece como um guardião, quando conversamos na floresta voltando para casa, senti que pela primeira vez tinha alguém conversando comigo sem ligar por eu ser uma princesa e agora está sendo tão confortante... Obrigada...
- Eu ligo por ser minha princesa, mas sei que além do seu título é uma pessoa que sente a mesma coisa que os outros, fome, dor, raiva e como agora... tristeza... Eu gostei do tempo que te conheci na floresta e estou gostando desse tempo com você.
- Podíamos tentar fazer isso mais vezes.
- É... Mas vivemos de formas diferentes... E eu preciso voltar para casa, imagino que logo alguém venha te buscar também.
- Claro, eu vou voltar para o castelo...
- Me deixe te levar, estou a cavalo, percebo que está a pé.
- Deixo – ela aceitou o seguindo.
Ele montou, a ajudou subir, ela envolveu seus braços ao redor de sua cintura, era a primeira vez que ficava tão próxima a um homem ou a qualquer outra pessoa, não se lembra da última vez que deu um abraço. Gustaf de todos os braços que já esteve desde a mulher mais sedutora a mais gentil, naquele meio abraço, ele se sentiu como nunca, uma felicidade que vibrava seu corpo por inteiro.
Ao chegarem aos portões do castelo, os guardas se aproximaram encarando Gustaf, mas não o encararam por muito tempo por ele ser filho do comandante Ronald, antes de descer, ela apertou o abdômen de Gustaf, foi uma mistura de curiosidade com flerte e um desejo de pedir sua companhia, ele se arrepiou todo e a seguiu com o olhar a vendo descer, os dois trocaram olhares confusos e Sigrid sorriu levemente para sair da situação embaraçosa, ele retribuiu discretamente, assim que ela virou-se de costas, ele se retirou sabia que a língua dos guardas podiam criar histórias falsas ou até mesmo verdadeira do que tinha visto, Sigrid também sabia disso, por isso andou sem olhar para trás, foi silenciosa mantendo a postura soberana de uma princesa até entrar no castelo.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Janaini Sthefanie
Estou amando essa princesa, personalidade forte mais sensível ao mesmo tempo 🥰🥰🥰 ja shippo os dois
2020-12-27
2
Ro
Que dor deve ter sentindo ao matar sua amiga.
Mas estou amando, tanto porque tem ROMANCE 😚
2020-09-30
1
๖ۣۣۜ✿͜͡ૂ᭄♪ᒪꪊꪀꪖ๖ۣۣۜ♡
Mais..
2020-09-25
2