O sol iluminava tudo, o mudo girou seu machado, deixando o cabo para baixo, oferecendo ajuda ao rei para levantar, Raun notou que a mão do arqueiro era fina, pequena, parecia ser delicada por baixo da luva, aceitou a ajuda para se levantar e gritou anunciando:
- O rei Regin está morto!
Seus inimigos deram alguns passos para trás, com o comandante Ronald fazendo seus homens irem para frente deles, tiveram que fugir depressa, quando estavam distantes o suficiente, Ronald voltou com os guerreiros que seguiam, vendo o rei encarar o baixo arqueiro mudo, seu olhar era de surpresa, com as duas mãos tirou o elmo do arqueiro, revelando sua identidade.
Era uma jovem, quase adulta, da pele rosa, olhos dourados, seu cabelo ruivo estava preso a um rabo de cabelo pequeno, um pouco receosa ela disse:
- Oi pai...
- Protejam a princesa! – gritou Raun ainda desacreditado em ver a sua filha mais velha.
- O rei deve ficar com o cavalo – disse Sigrid se negando a subir em seu fiel cavalo.
- Fique com o meu senhor – disse Gustaf que era o único guerreiro que ainda tinha um cavalo vivo.
Raun com o olhar ordenou que Sigrid subisse em seu cavalo, ela o obedeceu, subiu, Gustaf segurou as rédeas do cavalo da princesa, fazendo a sua guarda, Ronald foi para perto do rei, o encarou com certa preocupação ao reconhecer a princesa.
Enquanto retornavam para o reino, uma tempestade os acompanhou até perto do anoitecer, assim que a chuva cessou, Raun mandou:
- Vamos acampar homens!
Raun sabia que eles estavam cansados de caminhar, ele desceu do cavalo e chamou autoritário:
- Sigrid, vem aqui!
Sigrid desceu do seu cavalo o deixando com Gustaf, seu pai a levou para perto de Ronald e pediu:
- Me expliquei como veio parar aqui!?
- Eu escutei sua conversa com o comandante, eu tomei uma decisão rápida, porque estar aqui parecia mais interessante do que estar com no festival de primavera.
- Você deixou sua mãe preocupada! – esbravejou Raun. Olga criou Sigrid quando bebê, por isso sempre foi referida como sua mãe.
- Eu deixei uma carta... – ela disse sentindo suas bochechas ficarem ardendo, odiava levar broncas do seu pai.
**Um dia antes**
Um dos guardas da rainha avisou:
- Senhora os guerreiros já passaram dos portões.
- Certo, eu vou cuidar do festival de amanhã – ela disse levantando do trono, sentia-se pesada por causa da barriga.
Andando em direção as trabalhadoras que estava no jardim, encontrou com a serva Aila e perguntou:
- Você viu Sigrid?
- Não há vejo faz tempo, senhora...
- Talvez ela esteja no quarto, me acompanhe.
Ao passar das cortinas laranjas da porta de Sigrid, encontrou uma carta sobre a cama, preocupada comentou:
- É a letra de Sigrid.
Com atenção leu
*Oi mamãe,
Espero que não fique muito zangada, sei que o festival de primavera é um rito importante ao nosso povo, mas hoje soubemos que o nosso reino foi ameaçado, me sinto mais útil em batalha ao lado do meu pai, do que comemorando o nascer das flores, dos frutos, a fertilidade e ao amor.
Me desculpe
Eu te amo, até logo.
Sgd*.
Aila preocupada com a rainha perguntou:
- Está tudo bem?
- Eu espero que sim, preciso ir até o vidente, me acompanha?
- Claro senhora.
Olga sabia que Regin não era nenhuma ameaçada para seu marido, muito menos para seu povo, mas não sabia se aquela batalha poderia ser perigosa para sua filha, ao chegar até o vidente, o velho a recebeu, os dois ficaram a sós, sentados nas pedras, o vidente que era cego, tinha o tino que podia ver além do que as coisas pareciam ser e falou antes mesmo da rainha dizer algo:
- Minha rainha, veio saber da filha de Nanna – todas as vezes que se referiam a filha da Nanna, se sentia ferida e até mesmo ofendida.
- Isso mesmo vidente.
- A princesa ficará bem, esconderá sua identidade por um longo tempo, lutará e mostrará ao seu pai seu valor, a força e a coragem foram necessárias para despertar nesse momento, parece que o futuro dela será um tanto quanto turbulento.
- Ela vai voltar viva.
- Mais do que viva rainha, ela vai voltar diferente, parece que se encontrou.
- E Raun?
- Já me perguntou sobre o rei muitas vezes senhora, parece que duvida do que os deuses planejam para ele.
- Uma vez me disse que o futuro pode mudar, penso sobre isso desde então...
- O futuro muda com frequência, mas não em tantas coisas, Raun ainda será rei por muito tempo.
- Obrigada vidente – ela agradeceu colocando uma rosa branca sobre a mesa.
**Na floresta**
Raun encarou a filha e perguntou a vendo tremer de frio:
- Sério que só pensou em escrever uma carta?
- Sim e eu tenho certeza que ela vai ler, vai ficar com raiva, igual você, mas...
- Esqueça! Sente perto da fogueira para se aquecer – ele ordenou olhando para Gustaf que tinha acabado de acender.
Ela assentiu, foi até lá, estava prestes a sentar no chão, mas Gustaf a impediu:
- Espere princesa.
- O que foi?
- Eu vi um tronco bom para sentar – ele respondeu indo em direção ao tronco.
O tronco era forte, caiu da árvore pelo seu peso, o rolando Gustaf o ajeitou para perto da fogueira, ela sentou, ficou sozinha por alguns rápidos instantes, ele logo voltou segurando um cobertor e comentou:
- Imagino que queira se secar, princesa.
- É bem gentil de sua parte, obrigada.
- A princesa foi bem corajosa.
- Eu precisava disso, por que não senta um pouco?
- Com licença – ele pediu sentando um pouco distante.
- Obrigada por ter atirado nos arqueiros quando eles miravam na minha direção – agradeceu Sigrid puxando assunto.
- É o meu dever como guerreiro, não precisa agradecer.
- É um bom guerreiro, fez isso por um mudo que não conhece e não existe – ela disse humorada.
Eles se calaram ao ouvirem os outros guerreiros se aproximando, eles traziam algumas frutas e peixes, eles brincavam uns com os outros, mas ficaram tensos ao olhar para a princesa, se contiveram e somente um teve a coragem de oferecer:
- O que a vossa graça vai querer para comer?
- Eu quero peixe – ela respondeu odiando aquele tratamento, era o jeito que todos sempre a tratavam, era diferente do rei, era como se fosse feita de vidro, algo delicado e intocável.
- Vamos preparar o melhor para a princesa.
- Vocês só vão o esquentar no fogo, não tente me impressionar – ela disse rindo o que relaxou o guerreiro um pouco.
Depois que serviram o rei e o comandante que estavam um pouco distantes da fogueira, se acomodaram ao redor da fogueira, comeram seus peixes, frutas e beberam água conversando baixo, eram tantos sussurros que deixava Sigrid incomodada, ela puxou o ar e cantou, era a canção que foi feita para sua mãe, a chamavam de Faísca, antes de se tornar rainha foi uma das melhores guerreira que seu povo teve e morreu em batalhando, deixando assim, ao morrer, seu esposo como o rei mais poderoso e uma filha.
Raun ao ouvir a canção, seu coração disparou, sua filha que fugia de todas as cerimonias, que chegava atrasada todas as vezes na hora de cantar, lá estava ela trazendo o espirito de luta aos seus guerreiros, Ronald se aproximou do seu melhor amigo, encarou a princesa e comentou:
- A voz dela é como uma fada.
- Sim... – disse Raun se aproximando devagar.
Quando a canção terminou, sorrisos foram tirados, estavam encorajados, todos conheciam a história de sua mãe e estavam vivendo uma vitória, poucos deles tinham morrido ou sido feridos. Seu pai tocou em seu ombro, ela olhou para cima e o ouviu ordenar:
- Meus filhos – era o jeito que sempre se direcionava aos seus guerreiros – Vencemos uma longa jornada, estamos fartos, graças a essas terras cuidadas por fadas e as águas cuidadas pelas ninfas, agora vitoriosos podemos descansar, precisamos de somente quatro voluntários para vigia, para o leste, oeste, norte e sul.
Gustaf foi o primeiro a se levantar, em seguida mais dois e o comandante interrompeu:
- O primeiro turno, eu sempre fico também.
- Certo – disse o rei batendo levemente em seu braço, tocou no ombro da filha chamando novamente sua atenção, claro que ela teria que dormir bem perto dele.
Eles foram para perto de uma árvore grandiosa, separados pelas raízes deitaram um olhando para o outro, Raun já estava com sono e cansado, mas precisava dizer:
- Eu vejo muito de sua mãe em você.
- Eu queria saber mais dela do que as pessoas contam, o senhor viveu com ela, por favor, me conte – ela pediu com olhos brilhando e cansados.
- Eu conheci sua mãe quando tinha sete anos, ela me acertou com uma pedra, doeu tanto que me apaixonei – ele contou com um sorriso nostálgico, Sigrid estava cansada demais, adormeceu na primeira frase, ele reparou e a deixou descansar, virou-se de barriga para cima, admirou a quantidade de estrelas até conseguir dormir.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Gabriela Silva Gabb
apenas emoções 🤩❤
2024-05-27
1
Carolina Caporal
Tô amando a história ksksksk
mais princesas assim
2020-12-06
4
Luiza Tavares Ferreira
eu me segurei para não rir na parte que o pai dela falou que se apaixonou por causa da pedrada
2020-12-04
2