Depois de Caio, Luna prometeu a si mesma que não cairia em outro conto de fadas.
Mas, como toda garota que carrega o peso de uma história não contada, ela ainda tinha esperança — mesmo sem perceber. Esperança de ser vista, de ser escolhida, de ser amada.
O segundo foi Gustavo.
Gentil, educado, parecia o oposto de Caio. Era estudante de medicina e sempre trazia livros e flores para Luna no final do expediente.
Por três meses, ele foi seu refúgio. Alguém que ouvia suas inseguranças, que falava sobre o futuro como se ela realmente fizesse parte dele.
Até que ela descobriu que Gustavo... tinha namorada. Oficial. De dois anos.
Luna ficou arrasada. A namorada verdadeira apareceu no café, gritou, chorou e chamou Luna de "destruidora de lares". Luna ficou sem palavras. Tentou explicar, mas ninguém escutou.
Ela saiu do trabalho mais cedo naquele dia, de cabeça baixa, e passou a noite inteira sem comer. Pela primeira vez, Paula a viu quebrada, realmente quebrada.
Paula
— Você é melhor do que isso, minha filha — disse Paula, abraçando-a forte. — Um dia, alguém vai ver a mulher incrível que você é.
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O terceiro foi Leandro.
Bonito, elegante, mais velho. Trabalhava em uma empresa grande da cidade. De início, parecia um homem maduro, um porto seguro.
Mas com o tempo, começou a controlar demais.
Gustavo
— Por que você fala com tantos homens no seu trabalho?
Gustavo
— Troca essa roupa. Está curta demais.
Gustavo
— Não responde minha mensagem por quê? Tá me traindo?
Luna demorou a perceber o abuso. Quando viu, já estava enredada, sentindo culpa por respirar. Um dia, ele apareceu no café, bêbado, e fez um escândalo por ciúmes de um cliente que apenas pediu o troco com um sorriso.
Foi expulso pela gerência, e Luna ficou com a reputação manchada novamente.
Professora
— Ela só atrai problema — cochichavam algumas clientes.
Mais uma vez, ela engoliu o choro e ficou em silêncio.
Mas por dentro, algo começava a ferver.
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O quarto foi Tiago.
Esse foi o mais perigoso.
Tiago parecia o cara certo na hora errada. Gentil, mas instável. Carinhoso, mas emocionalmente volátil. Eles ficaram juntos por quatro meses — os melhores e piores da vida de Luna.
Ele chorava por ela, dizia que nunca ninguém o amou como ela. No dia seguinte, gritava, quebrava coisas, jogava palavras como facas.
Quando terminou com ele, ele implorou, chorou, depois virou o jogo e a humilhou em público:
Tiago
— Vai embora, Luna! Ninguém quer uma garota quebrada como você!
Aurora estava lá naquele dia. E não deixou barato.
Aurora
— Se ela é quebrada, é porque idiotas como você vivem tentando destruí-la.
Luna chorou no ombro da amiga aquela noite. E pela primeira vez, pensou:
"Por que as pessoas me tratam como se eu fosse menos? Como se eu não tivesse valor? Será que tem algo errado comigo?"
Ela não sabia que a verdade estava se aproximando. Que sangue nobre corria em suas veias. Que o motivo pelo qual a vida tentava destruí-la era justamente porque ela era forte demais para ser domada.
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Enquanto isso, em um escritório luxuoso a quilômetros dali, Noah, com seus olhos frios e terno impecável, assinava contratos e comandava seus homens.
Ele ainda não conhecia Luna.
Mas o destino já escrevia o momento desse encontro — e quando ele acontecesse, nenhum dos dois sairia ileso.
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