Mesmo que o Tempo Passe CHANMIN ⁴

Cristopher bangh

— Seungmin?

O som do nome ecoou como um estalo metálico.

Ele congelou. Não pelo susto — mas pelo reconhecimento. A voz que conhecia cada nota sua. Que o fazia se sentir... seguro. Antes.

Agora, só o fazia querer fugir.

Ele manteve os olhos fixos num ponto na parede atrás da mesa. Era uma mancha de tinta quase imperceptível. Focar nela era melhor do que olhar diretamente. O contato visual sempre foi difícil, e com Chan, impossível.

Seungmin se levantou devagar, os dedos ainda pressionando com força a pasta de documentos. Já havia organizado a ordem dos papéis antes — duas vezes. Só por precaução. O coração batia forte, mas o rosto seguia neutro. Ele havia treinado isso.

Kim seungmin

— Eu… não sabia que a empresa era sua.

Chan riu. Um som seco, ríspido. Seungmin franziu a testa — não pelo conteúdo, mas pela intensidade sonora. O tom alto fazia seu couro cabeludo formigar. Uma parte dele queria cobrir os ouvidos, mas não o fez.

— Sabia que era Seul. Sabia que um dia podia acontecer. Mas ainda assim apareceu. Como se nada tivesse acontecido.

Seungmin se encolheu levemente, os ombros tensos. As palavras demoravam a se organizar na cabeça. O cérebro buscava a resposta exata, segura, certa — mas tudo parecia fora do lugar.

Kim seungmin

— Eu não tô fingindo…

Falou sem olhar diretamente. Os olhos ainda presos à mancha na parede.

Kim seungmin

— Eu preciso do emprego. Tenho um filho

Chan se aproximou com raiva no olhar. Seungmin sentiu o cheiro do perfume dele — um cheiro forte, amadeirado, que costumava gostar. Mas agora… agora o deixava enjoado. Ele desviou o rosto por reflexo.

Cristopher bangh

— Um filho. Claro. E você quer o quê? Que eu finja que você não sumiu? Que não me abandonou sem uma palavra?

Seungmin tentou respirar. Uma, duas, três vezes. Mas o ar estava pesado. As palavras do Chan batiam nele como pancadas.

Kim seungmin

— Eu… não consegui explicar. Na época. Eu… não funciono bem com mudanças. Foi tudo… demais.

Cristopher bangh

— Que conveniente. Agora você é o ômega confuso e sensível?

Cristopher bangh

— Você sempre foi assim, né? Calado. Difícil. Preso no seu próprio mundo. Eu devia ter imaginado que um dia você ia simplesmente… quebrar tudo e desaparecer.

Seungmin fechou os olhos, apertando os dedos contra a palma da mão até as unhas marcarem. Um leve tremor começou nas mãos. Estava sobrecarregado. O tom de voz. A luz branca da sala. O calor do blazer. O som do ar-condicionado. O cheiro. Chan. Tudo junto

Kim seungmin

— Eu não queria machucar você.

Cristopher bangh

— Mas machucou. E agora vem aqui com essa sua cara vazia, como se não sentisse nada!

Kim seungmin

— Eu sinto

Seungmin murmurou, quase num sussurro

Kim seungmin

— Só… não como você. Não como esperavam.

Chan o encarava com raiva. Mas havia algo mais nos olhos dele. Decepção. Mágoa

Cristopher bangh

— Sai da minha empresa, Seungmin. Vai mascarar crise longe de mim.

Seungmin se virou, com movimentos contidos e curtos. Cada passo calculado para não vacilar. O corpo inteiro rígido. Os olhos ainda presos em algum ponto fixo no chão.

E antes de sair, disse:

Kim seungmin

— Eu ainda lembro da sua risada, Chan. A de verdade.

E foi embora.

Mas por dentro, colapsava

Continua