Mesmo que o Tempo Passe CHANMIN
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"Eu não deveria ter olhado pra ele."
Essa foi a primeira coisa que pensei quando vi aquele garoto parado no pátio da escola, rindo alto com os amigos.
Bang Chan.
Mesmo nome comum. Mesmo uniforme que o meu. Mas ele… ele parecia vir de um mundo diferente.
Era popular. Brilhante. Todo mundo sabia quem ele era — o capitão do time de basquete, o garoto com o sorriso mais bonito da escola. E eu? Eu era… o Kim Seungmin. O ômega calado da turma do fundo. O garoto estranho, que só se sentia à vontade com os fones de ouvido no volume máximo e a cabeça longe dali.
Mas naquele dia, por algum motivo, nossos olhares se cruzaram.
Eu deveria ter abaixado a cabeça. Evitado. Fingido que não vi. Mas não consegui.
Foi ali que tudo começou.
bang chan
— Você sempre anda assim, olhando pro chão?
A voz dele me pegou de surpresa. Eu estava na biblioteca, encolhido entre prateleiras, fingindo escolher um livro. Quando olhei, ele estava lá — Bang Chan. Camisa meio amassada, mochila pendurada de um lado só e aquele maldito sorriso fácil.
seungmin
— E-eu não tô olhando pro chão —
bang chan
— Tá sim. Vi você vindo pelo corredor. Parecia que queria desaparecer.
seungmin
— Talvez eu queira
Ele não riu. Nem debochou.
bang chan
— Isso seria uma pena
Ele disse, com a voz mais suave.
bang chan
— Porque eu te vi sorrindo uma vez. Lá do segundo andar. E foi bonito.
Eu congelei. A garganta secou.
bang chan
— Você tava rindo com o Han e o Hyunjin. Foi rápido. Mas eu lembro.
Eu não sabia o que dizer. Só consegui desviar o olhar e me encolher ainda mais entre os livros. E então ele se aproximou. Um passo só. Ficou ao meu lado e pegou um livro qualquer da prateleira.
seungmin
— Do livro… e da companhia.
seungmin
Ele riu. Um som baixo, quente. E eu percebi que estava com calor nas bochechas.
bang chan
— Então me deixa tentar ser boa companhia
Ele disse, estendendo o livro pra mim. “O Pequeno Príncipe”. Eu já tinha lido. Mas aceitei mesmo assim.
E naquele momento, tudo mudou.
Começamos a conversar. Primeiro nos corredores. Depois no refeitório. Ele passava pela minha sala só pra me dar um “oi”. E, com o tempo, meu mundo silencioso ficou cheio da voz dele. Dos sorrisos dele. Do perfume dele.
Eu não entendi de onde aquilo veio. Nem por que ele me escolheu. Mas, quando percebi… já era tarde demais.
seungmin
— Você me assusta, às vezes —
Sussurrei certa noite, quando ele me abraçava deitado na quadra, sob as estrelas.
seungmin
— Porque parece que você vê tudo de mim. Até o que eu não deixo ninguém ver.
Ele disse, os lábios roçando minha testa.
bang chan
— E mesmo assim, eu fico. Mesmo assim, eu escolho você.
Naquele momento, acreditei.
Acreditei que nada iria nos separar.
Acreditei que amor era o suficiente.
Mas eu era ingênuo.
E o mundo era cruel.
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