Ela disse sim.
Mesmo com os olhos arregalados, mesmo com o medo perfurando a pele, mesmo com a voz trêmula.
Ela disse sim.
É isso que diferencia os fracos dos úteis. Os fracos imploram. Os úteis obedecem. E Luna Duarte, apesar do corpo frágil e do jeito doméstico de quem vive de café e rotina, é útil. Muito útil.
Caminho ao redor dela como um predador em ronda. Sinto o cheiro do medo. Do suor na nuca. Do perfume doce e barato que ela passou achando que ia impressionar alguém.
Tolinha.
Ela não faz ideia do que acabou de aceitar. Mas vai descobrir. Lentamente. E sob minhas regras.
— Levante-se — ordeno, com voz baixa.
Ela obedece. Sem discutir. Sem entender.
— Onde estamos indo?
— Para sua nova casa. — Respondo, pegando meu celular e fazendo um único gesto com os dedos. — Seu antigo apartamento já não é seguro. A partir de hoje, você vive sob meu teto. Dorme sob minhas câmeras. Respira sob minha vigilância.
— Isso não estava no acordo…
— Não houve acordo, Luna. — Me viro para ela, perto demais, perto o suficiente para que minha presença roube o ar dos pulmões dela. — Houve uma ordem. Você confundiu liberdade com escolha. Acontece com os inocentes.
Ela morde o lábio. Um vício nervoso que acabo de catalogar mentalmente.
Javier aparece na porta, sempre pontual.
— O carro está pronto.
Faço um gesto. Ela hesita. Javier a observa com um brilho cínico nos olhos, mas não diz nada. Eu não gosto que outros falem com o que é meu.
Ainda não é. Mas será.
O carro preto que nos espera é blindado, discreto, luxuoso. Enquanto ela senta ao meu lado, nota os detalhes: os vidros escuros, o silêncio absoluto, o motorista mudo, os bancos de couro real. Não falo. Não explico.
Ela precisa sentir. Ser engolida.
A estrada até a mansão é longa e sinuosa, como toda boa armadilha.
Cruzamos dois portões automáticos, um controle biométrico e uma barreira de segurança subterrânea. Homens armados vigiam os pontos cegos. Câmeras escondidas em cada centímetro. Ninguém entra sem que eu saiba. Ninguém sai sem que eu permita.
A propriedade tem quatro andares, jardins impecáveis, uma piscina que nunca uso, e um sistema de monitoramento que faria a CIA corar.
Ao chegar, ela se cala.
Olha tudo como uma criança largada em um castelo de pedra. Entre encantamento e pavor.
— Vai se acostumar. — murmuro.
Levo-a para dentro. Javier abre a porta. Marina, a governanta, já está à espera. Dura, silenciosa, como gosto.
— O quarto dela está pronto?
— Sim, senhor. Ala leste.
Luna franze o cenho.
— Não vamos dormir no mesmo quarto?
— Ainda não. — Respondo, olhando direto nos olhos dela. — Mas você dorme sob meu teto. Isso já é mais do que qualquer mulher que eu conheça conseguiu.
Ela baixa o olhar.
Boa garota.
— A partir de hoje, você obedece a uma rotina simples. — caminho em direção à escada, ditando as regras. — Acorda às 7. Café da manhã às 7h30. Aulas de etiqueta às 10. Almoço ao meio-dia. Leitura à tarde. Silêncio absoluto das 15 às 18. Às 19, você janta comigo. Toda noite. Vestida. Arrumada. Sorrindo.
— Isso é um cativeiro?
— Isso é proteção. — Sorrio. — E proteção sempre tem um preço.
Ela caminha atrás de mim. Silenciosa. Tensa.
— E se eu fugir?
Paro.
Me viro lentamente.
A encaro.
— A primeira vez, corto sua liberdade. A segunda, sua dignidade. A terceira... eu não preciso repetir, Luna. Você é inteligente.
Ela engole em seco.
Eu gosto disso nela. Essa força que sangra devagar, mas não morre.
Chegamos à porta do quarto dela. Javier a abre.
Espaçoso. Luxuoso. Cama king-size. Janelas enormes com vista para o jardim. E, claro, sem trancas por dentro.
Ela entra. Observa o lugar como quem pisa em outro planeta.
— A comida aqui é boa. A cama é macia. E o chão nunca será necessário, a não ser que você queira se ajoelhar — digo, antes de fechar a porta.
Deixo ela ali, trancada, sem tranca, livre sem escolha. E desço de volta ao meu escritório, onde o monitor de segurança já exibe sua imagem. Sentada na beira da cama. Os olhos perdidos.
Ela ainda acha que pode resistir. Ainda acha que isso tem um fim.
Mas Luna... Luna vai descobrir que viver no meu mundo é como respirar fumaça: No começo queima.
Depois... vicia.
Desço para meu escritório com os passos medidos e a mente alerta. O monitor exibe Luna parada, tocando a colcha da cama com as pontas dos dedos como se aquilo não fosse real.
Ela é um contraste gritante naquele quarto de mármore e cetim. Um pedaço de mundo simples dentro do meu império. E eu quero que ela sinta isso — que entenda que, a partir de agora, tudo que toca… é meu.
Pego o telefone fixo ao lado do sofá e pressiono a linha interna.
— Marina.
— Senhor?
— Mande buscar vestidos. Vários. De noite, de coquetel, de jantar. Tons claros. Tecidos que gritam luxo. Quero apliques de cristal, seda italiana, e etiquetas que custam mais do que a renda anual da família dela. Entendeu?
— Entendido.
— Joias também. Nada vulgar. Elegância de mulher rica, mas que ainda tem gosto. Pés delicados, mãos pequenas. Meça e compre. Ou mande fazer.
— Sapatos?
— Louboutin. Jimmy Choo. E qualquer outro nome que você hesitaria em comprar pra si mesma.
Silêncio do outro lado. Marina sabe: ordens não se discutem.
— Perfumes também. Mas nada doce demais. Quero que ela cheire como alguém que se tornou perigosa sem saber.
— Sim, senhor.
— Ah, e Marina… providencie um piano. De cauda. No salão da ala leste.
— Senhor... ela toca?
— Não faço ideia. Mas se tocar, que toque para mim.
Se não tocar… vai aprender.
Desligo.
Sento no sofá, encaro o monitor de novo.
Ela deita devagar, sem desfazer o coque, como se dormir fosse um erro. Como se fechar os olhos fosse perigoso demais.
Ela tem razão.
É.
Mas também é o início. Porque toda mulher tem um preço.
E Luna, com seus olhos grandes e seus sonhos pequenos, vai aprender a diferença entre ser presenteada…
E ser possuída.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments
Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca
idiota escroto miserável vai si arrepender de ter tratado ela assim
2025-05-28
1