Os dias após a mensagem enigmática de Lobo pareciam arrastar-se numa lenta agonia para Olívia. O bilhete anônimo deixado em sua mochila, com o aviso claro e ameaçador, “Saia daqui. Isso não é lugar para você,” transformou seu mundo de uma forma que ela não podia ignorar.
Cada vez que pisava na faculdade, sentia olhares furtivos e cochichos que a faziam encolher no lugar. A insegurança a dominava, e o medo de não saber em quem confiar corroía sua mente.
No meio daquela tempestade emocional, Olívia tentou manter a rotina: estudar, ir às aulas, voltar para casa. Mas nada parecia suficiente para afastar a sensação de que algo muito maior estava prestes a explodir — e ela estava no centro disso.
Na mesma cidade, Lobo sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros. O líder dos Dark Viltures MC sabia que seu mundo e o dela estavam perigosamente entrelaçados. Proteger o clube, sua família de irmãos, significava tomar decisões duras — e, às vezes, sujas.
Ele evitava mostrar seu lado vulnerável, mas a conexão que sentia com Olívia ameaçava derrubar as barreiras que construíra há anos. Ele nunca tinha permitido que ninguém chegasse perto o suficiente para ver quem ele realmente era — um homem marcado por perdas, batalhas e a solidão do poder.
Naquela noite, quando a chuva fina começou a cair, Lobo decidiu que não podia mais deixá-la enfrentar tudo sozinha. Foi ao único lugar onde sabia que poderia encontrá-la — o café pequeno e discreto perto da faculdade.
Ao entrar, seus olhos encontraram Olívia sentada numa mesa no canto, os cabelos presos em um coque frouxo, os olhos vermelhos de preocupação e sono. Ela parecia frágil, mas havia uma força ali que o desafiava.
Ele se aproximou sem fazer barulho, sentando-se em frente a ela, os cotovelos apoiados na mesa, o olhar intenso.
— Você não devia estar aqui — disse ele, a voz baixa, firme, carregada daquela autoridade que a fazia estremecer.
— Eu não posso fugir — respondeu ela, segurando seu olhar, apesar do medo que apertava seu peito. — Nem quero.
Por um momento, o silêncio tomou conta, quebrado apenas pelo som da chuva batendo nas janelas do café.
— Eles estão te ameaçando — falou Lobo, sem rodeios. — E não é só por você. É pelo que você representa. Pela ligação com o clube.
Olívia sentiu a mão dele tocando a dela pela primeira vez, um gesto inesperado que lhe causou um choque de calor e medo.
— Eu não sei o que isso significa — confessou ela, a voz quase um sussurro. — Mas não vou deixar que eles me façam desistir.
Lobo apertou a mão dela, firme, protetor.
— Ninguém vai te fazer desistir enquanto eu estiver aqui.
O sentimento que crescia entre eles era uma mistura complexa de desejo, medo e esperança. Uma chama que ameaçava incendiar tudo, mesmo quando a escuridão ao redor parecia prestes a engolir ambos.
Naquela noite, sentados ali, entre o cheiro de café e o som constante da chuva, eles fizeram uma promessa silenciosa. De que, acontecesse o que acontecesse, enfrentariam juntos o que estivesse por vir.
Porque, para Lobo, aquela única noite — que deveria ser apenas uma fuga, um momento de prazer — estava se transformando no começo de algo que nenhum dos dois podia controlar.
E para Olívia, a inocência que carregava começou a se quebrar diante da força selvagem e misteriosa do motoqueiro que já dominava seus pensamentos.
O relógio marcava as horas enquanto a tempestade lá fora aumentava, mas dentro do café, naquele instante, o mundo parecia se reduzir àquele olhar, aquele toque e à promessa não dita de que nenhum deles estaria sozinho.
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