virei babá de astro

Aeroporto de Incheon, 6h48 da manhã. Frio, cheio de vozes ecoando em idiomas que eu ainda não tinha acostumado. Meu corpo gritava pelo fuso, mas meus instintos estavam em alerta. Uma missão de segurança internacional, confidencial, nível máximo. E eu ainda nem sabia quem era o protegido.

Pisei fora do portão de desembarque, os olhos automaticamente varrendo o espaço como se ainda estivesse em treinamento. Havia um monte de placas — nomes, empresas, agências. Mas só uma me fez parar.

"Bem-vinda, É Joyce."

Com o acento no “É” mesmo. Em maiúsculas. Eu pisquei, meio confusa. Quem coloca um acento numa placa de aeroporto?

O homem segurando a placa era alto, terno escuro, cabelo penteado de um jeito quase militar. E aquele olhar… aquele olhar de quem já matou gente só com o silêncio.

— Senhorita Joyce? — ele perguntou com um tom neutro, quase robótico.

— É Joyce — respondi, apontando pra placa. — E sim, sou eu. Você deve ser o contato da empresa?

Ele estendeu a mão. Firme. Segura.

— Sr. Lee. Chefe de segurança da HYBE Corporation. A partir de agora, seu superior direto.

Beleza. Um chefe. Adoro chefes. Só que não.

— Ótimo. Vai me contar agora quem é o VIP que vou babar? — perguntei enquanto ele já pegava minha mala com uma mão só como se ela pesasse o mesmo que um saco de pão.

— Não aqui. Confidencial. Vamos para o carro.

**

O carro era preto, discreto, confortável. Dentro, o silêncio só era quebrado pelo som dos pneus na pista e pelos meus próprios pensamentos. Tentei puxar assunto:

— Você tem cara de que carrega uma Glock na cintura.

Ele não respondeu.

— Tudo bem. Você tem cara de que já enterrou três corpos e tomou chá logo depois. Melhor?

Ele soltou um suspiro leve. Quase um riso. Quase.

— Você vai viver com ele. A partir de hoje. Vinte e quatro horas por dia. O disfarce é simples: amiga de infância, veio visitar depois de muitos anos. Sem imprensa, sem staff sabendo da real função. Só eu, você… e ele.

— Puta que pariu. Virei babá de astro

— Que foi?

— Nada. Só… babá de astro mesmo.

— Você não sabe quem é?

— Claro que não. Só disseram que era uma celebridade em risco. Não disseram se era cantor, político, ou jogador de beisebol com vício em jogo.

— Você vai descobrir em cinco minutos.

**

No rádio, começou a tocar uma música conhecida. Voz rouca, meio sussurrada, meio cheia de intenção. Eu já tinha escutado antes, nas caixas da academia. Eu gostava do som, tinha uma batida boa pra treinar, mas nunca parei pra pesquisar quem era.

Olhei pro visor do carro: “Jungkook – Seven”.

O nome bateu.

— Não. — Eu murmurei, rindo, sem acreditar. — Não pode ser.

— Sim. — respondeu o Sr. Lee, sem tirar os olhos da estrada.

— Você tá me dizendo que vou morar com um idol? Um cantor mundialmente famoso? Um BTS da vida?

— O próprio.

— Meu Deus. Eu virei babá de um BTS.

— O mais novo.

— Não melhora nada.

**

Chegamos em uma rua cercada por muros altos e casas com portões automáticos. Era tipo um condomínio de luxo misturado com um bunker. Câmeras em cada canto. Estilo: “Você não entra nem com reza.”

O portão abriu e revelava uma casa moderna, fachada azul-escura, detalhes em preto fosco. Estilo frio, elegante. Tipo: “eu sou jovem, rico, e não gosto que me encham o saco.”

Quando o carro entrou na garagem subterrânea, meu queixo caiu. Uma academia do tamanho de uma quadra. Equipamentos novos, barra olímpica, sacos de pancada, esteiras de última geração. Eu até esqueci que tava ali a trabalho.

— Isso aqui… isso aqui é um templo. — murmurei, os olhos brilhando.

— Ele treina aqui quase todos os dias. Você vai gostar. — disse Sr. Lee, antes de apontar pra porta com o queixo. — Ele tá te esperando na sala.

Respirei fundo.

“Você é profissional, Joyce. Isso é só mais uma missão. Não importa que seja um cara que tem milhões de fãs. Você tá aqui pra protegê-lo, não pra fazer parte da fanfic.”

Entrei na casa.

Silêncio. Madeira clara no chão, móveis caros mas minimalistas. Tinha cheiro de café recente e amaciante. E uma TV ligada sem som. Só o som do controle remoto sendo clicado.

Tic. Tic. Tic. Tic.

Meus olhos foram direto pra figura no centro da sala.

Braços cruzados. Camiseta branca. Short azul escuro. O controle remoto numa mão, o cordão prateado na outra. Ele mudava de canal com uma impaciência visível. Um, dois, voltava. Outro, voltava de novo.

A nuca tatuada. Os braços definidos. O andar lento e pesado de quem tem coisa demais na cabeça.

A tensão no ar era real.

Eu prendi a respiração.

Ele se virou.

**

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