Até que, do nada, sai um cachorro de uma moita próxima, latindo como se tivesse acabado de descobrir que era o dono do parque. As duas se assustam tanto que, oque era para ser um beijo romântico, se transforma num show de gritos e pulos dignos de filme de comédia. O cachorro? Sai todo orgulhoso, como se tivesse acabado de salvar o mundo do amor alheio.
Elas então começaram a rir da situação inusitada, ainda meio atordoadas com o susto.
— Você está bem? Tenho quase certeza que bati minha testa na sua — disse Eny com um sorriso entre divertido e preocupado, olhando para Milena com os olhos brilhando.
— Sim, estou... só um pouco com dor aqui na testa — respondeu Milena, levando a mão ao local e fazendo uma expressão dengosa. — Acho que você bateu mesmo... rsrs.
Eny riu, aliviada, e juntas seguiram de volta para o carro, ainda comentando e rindo do episódio.
No caminho para deixar Eny em casa, Milena, com o coração ainda acelerado pelas emoções da noite, tomou coragem:
— Posso... posso pegar seu número? Queria... bom, queria te ver de novo.
Eny sorriu suavemente.
— Claro. — Pegou o celular de Milena em suas mãos e digitou seu número. — Pronto. Agora é oficial — disse, entregando o aparelho de volta com um leve toque nas mãos de Milena, que sentiu o contato como uma corrente elétrica.
Ao chegarem à casa de Eny, ela virou-se para Milena antes de sair do carro.
— Obrigada por esta noite... Foi leve, divertida, e, sinceramente, inesperadamente especial. Vamos marcar outro encontro, mas... sem cachorros dessa vez, por favor! — riu, fazendo Milena rir junto.
— Combinado — respondeu Milena, sorrindo de volta, com um olhar terno. Eny então saiu do carro e entrou em casa.
Milena ficou parada por alguns segundos antes de dar partida. No trajeto de volta, o silêncio do carro contrastava com a confusão doce em sua mente. Ela pensava em tudo que sentira ao lado de Eny. Sentimentos intensos, novos... e reais.
"Eu nunca tinha me sentido assim... Ainda mais por uma mulher. Lembro da pergunta da minha prima aquele dia... E agora? Acho que a resposta é sim. É, prima... talvez eu seja mesmo lésbica."
Enquanto isso, Eny, já em casa, se jogava no sofá. Suspirou com um leve sorriso nos lábios. "A Milena é encantadora... acho que estou começando a me apaixonar. Fácil, fácil."
No dia seguinte
Milena acordou com um sorriso teimoso no rosto. Foi ao banheiro cantarolando, tomou seu banho, vestiu a roupa mais alegre que tinha no armário — algo nela queria irradiar a felicidade que sentia por dentro.
Ao descer para o café, encontrou os pais e a irmã já à mesa.
— Bom dia, pai, mãe, maninha! Como vocês estão nessa manhã linda? Tô faminta!
— Bom dia, docinho — respondeu sua mãe com olhar curioso. — Você está muito feliz hoje. O que aconteceu ontem à noite pra te deixar assim?
— É mesmo — completou o pai, semicerrando os olhos. — Conte logo, mocinha.
— Anda, maninha! Conta tudo! — disse Joyce, com aquele típico brilho curioso de irmã mais nova.
— Parem, gente! — riu Milena, pegando uma torrada. — Tenho muito trabalho hoje. Inclusive, a tal da Sra. Meleke vai no escritório... Vai ser puxado.
— Boa sorte com ela, filha. Aquela mulher é um desafio. — alertou o pai.
— Maninha! Vai mesmo deixar sua irmãzinha curiosa? — insistiu Joyce, fazendo um teatrinho dramático.
— Amo vocês! Estou indo! — disse Milena, escapando da mesa entre risos e despedidas.
No carro, enquanto dirigia, pensava em Eny. Será que dormiu bem? Será que já está no trabalho? Decidiu que ligaria para ela na hora do almoço.
No escritório
Uma colega se aproximou.
— Milena, a Sra. Meleke já está na sala de reuniões, esperando por você.
— Obrigada — disse, respirando fundo.
Milena entrou na sala com os projetos em mãos, mas sua cabeça ainda girava com pensamentos sobre Eny.
— Bom dia, Sra. Meleke. Sou a Milena, responsável pelo seu projeto.
— Ah, bom dia, Milena. Ouvi falar muito bem de você... Dizem que é a melhor desse escritório. É verdade? — perguntou Meleke com um tom suave e olhos penetrantes.
— Acredito que tenho colegas tão bons quanto eu, senhora — respondeu Milena, mantendo a postura, mas franzindo a testa com leve estranheza.
Durante três horas, Milena apresentou três propostas detalhadas. A cliente ficou impressionada e até cogitou incluir um playground para os netos. No fim, tudo foi decidido.
— Agradeço sua presença, Sra. Meleke. Garanto que o projeto será impecável — disse Milena com orgulho.
— Eu acredito. Você é talentosa... e muito atraente. É casada ou namora? — perguntou a cliente, com um sorriso que ia além do profissional.
— Solteira — respondeu Milena, surpresa e ligeiramente constrangida.
— Que ótimo. Relacionamentos hoje em dia são complicados demais — disse Meleke, ainda mantendo aquele tom ambíguo.
Assim que a cliente saiu, Milena suspirou aliviada. Finalmente pôde respirar — e almoçar. Pegou o telefone e ligou para Eny, convidando-a para almoçarem juntas. Eny aceitou com entusiasmo.
No restaurante, Eny chegou primeiro. Milena logo se juntou a ela.
— Dormiu bem? — perguntou Milena.
— Sim, tomei um chá, como sempre. E você?
— Dormi muito bem... Acordei muito melhor, pra ser sincera — respondeu Milena com um sorriso tímido.
O vinho chegou, brindaram e conversaram entre risos e olhares cada vez mais doces. Durante todo o almoço, o sentimento de conexão crescia entre elas: havia leveza, conforto, encanto.
Ao se levantarem para sair, Milena parou.
— Eny... eu queria dizer que me sinto muito bem ao seu lado. Acho que... eu gostaria de te conhecer melhor. Podemos continuar nos vendo?
Eny sorriu, com os olhos iluminados.
— Eu adoraria. Muito.
As duas se despediram com carinho e voltaram aos seus trabalhos — mas o coração de ambas havia ficado preso naquele almoço.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
marclara
esse cachorro não tem o que fazer kkkkk
2025-05-17
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