— Milena, essa é a Eny... — disse Layla, sorrindo.
Milena desviou os olhos distraidamente, até que os pousou sobre a mulher à sua frente.
Foi como se o tempo tivesse parado.
A música da festa pareceu sumir por um instante, e o mundo inteiro se resumiu àquele olhar. Eny era estonteante — não apenas pela beleza física, mas por uma graça serena, uma presença suave que arrebatava. Milena sentiu algo nascer dentro do peito, uma súbita e inexplicável inquietação.
— É linda... — sussurrou, quase sem perceber.
— O quê? — perguntou Layla, arqueando as sobrancelhas.
— Nada, nada... Eu disse “muito prazer”! — disse Milena, apressada, tentando disfarçar o constrangimento enquanto forçava um sorriso.
— Eny, essa é a Milena, minha melhor amiga. — disse Layla, fazendo a ponte entre as duas.
— Muito prazer, Milena. A Layla fala muito bem de você. — disse Eny, estendendo a mão com um sorriso gentil.
— Ela fala bem de mim? Isso é raro! — riu Milena, apertando a mão de Eny com firmeza e calor. — Muito prazer... Aceita uma bebida?
— Aceito, claro. — respondeu Eny, os olhos ainda presos nos de Milena.
Layla, percebendo a conexão súbita entre as duas, riu e disse:
— Muito bem, meninas. Eny, deixo você em boa companhia. Divirtam-se!
Assim que Layla se afastou, Milena pediu a bebida para Eny, sentindo os dedos trêmulos e o coração batendo mais alto do que gostaria de admitir.
— Eny, você conhece a Layla há muito tempo? É que... nunca te vi por perto antes. — perguntou, tentando parecer casual, embora estivesse tomada por uma curiosidade voraz.
Na verdade, Milena precisava saber de onde surgira aquela mulher — aquela que parecia ter entrado sem permissão em seus pensamentos.
— Nos conhecemos semana passada — respondeu Eny, com doçura. — Meu pai organizou um desfile de moda, e Layla foi convidada. Foi tudo bem rápido, mas nos demos bem.
— Ah... então é recente. — disse Milena, sorrindo. — Você é modelo?
— Não, não mesmo. — riu Eny, corando. — Eu administro a empresa com meu pai, mas fico nos bastidores. Modelo, não.
— Mesmo assim... você tem a beleza de uma modelo. — disse Milena, quase em um sussurro, como quem não queria, mas precisava confessar.
Eny ficou visivelmente sem graça.
— Obrigada... Você também é linda. E atraente. — respondeu, desviando os olhos, mas logo voltando a encarar Milena.
Milena sentiu um calor subir pelo corpo. Não era só o elogio. Era a forma como Eny a olhava... como se houvesse algo ali, algo não dito, mas muito presente.
As duas se encararam por alguns segundos, tempo suficiente para que todas as certezas de Milena começassem a desmoronar. Aquilo não era apenas atração — era um redemoinho de emoções que ela nem sabia nomear. As mãos suavam, o estômago dava voltas, e um arrepio subia pela nuca.
— Você... gostaria de ir a um parque que tem aqui perto? — perguntou Milena, de repente, sem pensar. A pergunta saiu antes que ela pudesse racionalizar.
— Claro. — respondeu Eny, sem hesitar.
Milena procurou Layla, avisou que sairia um pouco e, em seguida, voltou para Eny.
— Desculpa perguntar... você vai comigo no carro ou a gente se encontra lá? — perguntou Milena, com uma pontada de ansiedade.
— Vim de carona com meu pai. Posso ir com você, se não for incômodo.
— Incômodo nenhum... Na verdade, eu prefiro assim. — respondeu Milena, com um sorriso contido.
No carro, as duas deixaram que a música guiasse a conversa. Riram das preferências musicais, trocaram histórias breves e olhares longos. Mas, por dentro, Milena travava uma batalha silenciosa.
“Como posso me sentir assim por alguém que acabei de conhecer?”
“Será que ela sente algo parecido? Ou estou sozinha nisso?”
Eny, alheia ao turbilhão de dúvidas, parecia tranquila. Ou talvez escondesse tudo tão bem quanto Milena tentava fazer.
Quando chegaram ao parque, Eny respirou fundo o ar fresco da noite e olhou em volta.
— Você deve gostar muito daqui... me chamou pra cá sem nem hesitar.
— Gosto, sim. — disse Milena. — E você?
— Também gosto. Sempre venho quando preciso pensar. Era o lugar preferido da minha mãe. Ela e meu pai vinham aqui pra conversar, rir... ficavam por horas.
Milena a olhou com ternura.
— Seus pais parecem muito apaixonados.
— Eles eram. — disse Eny, com um leve pesar na voz.
— “Eram”...? Se não quiser falar sobre isso, tudo bem.
Eny balançou a cabeça com um sorriso triste.
— Minha mãe faleceu há dez anos. Tinha uma doença terminal... e não havia mais o que fazer. A dor era grande, mas hoje, eu sinto paz. Ela descansou. E sei que está num lugar melhor.
— Eny... me desculpa por trazer isso à tona. Não queria te fazer lembrar de algo triste.
— Não se preocupe. Já não dói como antes. Ela vive em mim... e fico feliz em falar dela com quem tem um coração gentil.
Milena sentiu o peito apertar.
— Ela teria muito orgulho de você. Você é... linda, forte, inteligente.
Eny sorriu, agradecida.
— Agora me fala de você. Quero te conhecer também, Milena.
— Bom... trabalho em um escritório de arquitetura, tenho 24 anos, moro com meus pais e minha irmã. Meu pai é engenheiro, bem conhecido aqui.
— Foi direto ao ponto, hein? Estava esperando um monólogo! — riu Eny.
— Ah, desculpa decepcionar! — disse Milena, rindo com ela.
Caminharam até um ponto alto do parque, onde o céu se abria limpo, cheio de estrelas. Milena olhou para cima, encantada.
Eny a observava em silêncio.
E então, algo mudou no ar. Eny parou de olhar o céu e olhou Milena — de verdade. Havia algo no modo como Milena sorria, algo que fazia seu coração disparar. Um calor subiu do estômago até o rosto. Ela não sabia explicar. Mas sabia que não era comum.
Milena se virou, sentindo aquele olhar.
Seus olhos se encontraram.
E por alguns segundos, ninguém disse nada.
Foi um silêncio cheio de significado.
Guiadas por um impulso doce e arrebatador, seus corpos se aproximaram, lentamente. O mundo lá fora sumiu. A respiração se prendeu no peito. E então, seus lábios aos poucos vão se aproximando até que.....
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Maria Andrade
estou começando a ler agora já estou gostando
2025-06-13
1
marclara
atualizar logo mulher, se não o pão 🔪🍞 morre
2025-05-17
0
marclara
hum safadas hahahaha
2025-05-17
0