Capítulo 5: Só pode ser brincadeira

Pov: Mabelly

Quando entrei em casa, não escutei nenhum som que indicasse que minha mãe estava em casa. Subi para o meu quarto para tomar banho, e a água estava maravilhosa. Mas, claro, eu estava morrendo de fome. Depois do banho, fui preparar a minha comida. Caprichei no meu miojo de carne no micro-ondas. Nada como um prato simples, mas delicioso.

Sentada no sofá, mandei mensagens para minha mãe, querendo saber se ela viria para casa ou se ia dormir no trabalho. Não sei o que ela estava fazendo, porque ela não me atendia.

— Mas que droga de vizinhos! Não abaixam o som de jeito nenhum! — falei, me levantando e indo até a janela. De lá, dava para ver as luzes acesas na casa deles.

Eles estavam de brincadeira, porque colocaram novamente aquela música ridícula. A mesma música da “xoxota”.

— Vão tomar no cu, seus demônios! Vão todos para o inferno! — gritei, com toda a minha raiva.

— Você perdeu a cabeça, sua peste! Me manda tomar no cu e ainda me chama de demônio? Mabelly Houston, vou te dar uma surra e depois tirar a sua pele para colocar sal. Vai ver quando eu chegar em casa. — A minha mãe falou, ouvindo minha mensagem, sem eu perceber que ela tinha atendido a ligação.

Eu não passaria pela manhã de amanhã intacta. Isso só acontecia comigo! Tudo isso por causa desses vizinhos infernais que apareceram para ferrar a minha vida. Eles iriam pagar por isso, ah, se iam!

Fui dormir antes que algo ainda mais catastrófico acontecesse. E só peço a Deus que me ajude a enfrentar a minha mãe no dia seguinte. Só falaria com ela quando voltasse do trabalho.

Acordei mais cedo que as galinhas para evitar cruzar com minha mãe. Quando ela chegou, eu estava deitada. Preparei um café simples, só para me garantir. Se tivesse fome mais tarde, comeria no restaurante.

Consegui pegar o ônibus e ainda consegui sentar. Um milagre! Faltavam vinte minutos para o restaurante abrir, então deu tempo para descansar um pouco. Eu tinha saído de casa tão apressada que, ao menos, esse descanso seria bem-vindo. Quando cheguei, entrei pelos fundos para me trocar. O uniforme não era lá essas coisas, mas até que era bonito.

Fiquei sentada em um lugar com sofá, onde os funcionários podiam descansar, até o restaurante abrir. Não tinha nada para fazer, então aproveitei para relaxar um pouco.

Escutava música no meu celular quando uma mulher entrou acompanhada de um homem — claramente homossexual. Foi então que percebi que a bateria estava acabando. Desliguei o aparelho no instante em que os dois se sentaram ao meu lado e começaram a conversar animadamente.

— Amiga, que horas você saiu da festa? Nem vi você indo embora! — perguntou a mulher.

— Ah, amiga, fiquei até o fim. A festa estava uma delícia, e bem no finalzinho apareceram dois gatos maravilhosos. E para a minha sorte, os dois eram gays. Usei todas as minhas artimanhas e consegui levar um pra cama. — respondeu ele, com um sorrisinho malicioso.

— Você não perde uma! Mas conseguiu mesmo? — perguntou ela, rindo.

— Você ainda pergunta? Peguei sim... e não foi só um não, foram os dois. — disse, exibindo o orgulho na voz.

Eita, peste... esse homem estava melhor que eu. Quando vou pra alguma festa, tudo o que trago de volta é uma ressaca que me deixa de cama o dia todo.

— Como conseguiu isso? Pegar os dois de uma vez? Preciso que me ensine, viu? Já tô criando teia de aranha aqui! — brincou a mulher, sem a menor vergonha.

— Você nem imagina... tô até acabada. Nem consigo sentar direito. — disse ele, rindo da expressão da amiga... ou talvez da minha.

Resolvi levantar e ir pro meu lugar antes que escutasse mais do que devia.

Em menos de quarenta minutos, o restaurante estava lotado. Era uma correria danada, gente pra lá e pra cá. Estávamos servindo tão rápido que me surpreendia com o meu próprio desempenho.

Parei um instante para respirar. Meus pés já não respondiam direito, e se não descansasse um pouco, acabaria derrubando uma bandeja inteira em cima de algum cliente. Tudo estava indo bem... até meus vizinhos aparecerem.

Três meninas, três meninos... e, pra piorar, o idiota que tinha dado em cima de mim estava entre eles. Meu dia, que já não era bom, desceu ladeira abaixo.

Levantei e tentei contornar a mesa deles, mas como sempre, algo tinha que acontecer.

— Mabelly, vai atender os clientes que chegaram agora. Você é a única livre. — disse Maria, a moça do caixa.

— Por favor, manda outra pessoa. Não estou me sentindo bem. — fingi estar passando mal, colocando a mão na testa.

— Você me parece muito bem, viu? Anda logo, os clientes estão esperando. — retrucou ela, com uma expressão fechada. Meu teatrinho não colou.

Comecei a caminhar devagar, torcendo para que alguma coisa me impedisse de chegar àquela mesa.

Ao me aproximar, parecia que ninguém ali me reconhecia. Quase todos fizeram seus pedidos, e eu já agradecia mentalmente aos céus... até chegar a vez dele.

— O que o senhor deseja? — perguntei, na esperança de que ele não me reconhecesse.

— Vou querer o prato número três, com vinho tinto, por favor. — disse ele, sem nem olhar para mim, mexendo no celular. Achei que estava salva... até o amigo dele cutucá-lo e apontar discretamente para mim.

Ele levantou os olhos — e pronto. Sabia que tudo daria errado a partir dali.

— Olha só quem tá aqui! Sempre um prazer rever uma mulher tão linda. Como você está hoje? — disse, com aquele sorrisinho cafajeste.

— Estou bem, obrigada. Agora, com licença, preciso passar os pedidos. — respondi, me afastando rapidamente.

Fugi daquela mesa como se estivesse sendo perseguida. Só faltava entregar os pratos, e tudo ficaria para trás.

Depois de vinte minutos, os pedidos ficaram prontos. Levei-os o mais rápido que pude, determinada a sair dali ilesa. Servi tudo depressa, mas ao me aproximar do idiota... ele segurou meu braço e beijou minha mão.

Puxei de volta na mesma hora. Quem ele pensava que era?

— Calma aí, gatinha. Só quero conversar. Que tal sentar aqui comigo e curtir um pouco? — disse ele, levantando-se e ficando bem na minha frente.

— Não quero curtir nada. Estou aqui pra trabalhar. — disse firme, me virando para sair, mas ele me segurou pela cintura.

— O que pensa que está fazendo? Me solta agora! Ficou louco? — gritei, tentando me soltar.

— Só se eu ganhar um beijo e seu número pra marcarmos algo depois. — sussurrou, se aproximando ainda mais.

— Só se for no inferno que vou te beijar! Quem você pensa que é pra me agarrar desse jeito? — falei, me livrando dos braços dele.

— Eu é que pergunto: quem você pensa que é pra falar assim comigo na frente dos meus amigos? — rebateu, irritado, segurando minha cintura de novo.

Me segurei para não fazer nenhuma besteira, mas tudo parecia conspirar contra mim. Do nada, ele me beijou à força.

Ele ia se arrepender.

Beijei de volta com força, mas só pra morder a língua dele — com vontade de arrancar um pedaço. Ele gritou, soltou meu braço e levou a mão à boca, de onde o sangue escorria.

— Você ficou louca?! Quase arrancou minha língua! — gritou, engasgando com o próprio sangue.

— Você ainda não viu nada. Vai se arrepender por ter encostado em mim. — falei, pegando a jarra de água em cima da mesa e despejando tudo nele. E, pra encerrar, chutei o amendoim dele com gosto.

Se o olhar que recebi matasse, eu estaria morta ali mesmo.

Voltei para a cozinha, explodindo de raiva. Alguns minutos depois, o gerente entrou e me mandou embora sem nem querer ouvir o que aconteceu. Saí do restaurante com o peito apertado. Estava triste. Trabalhei pouco tempo ali, mas já começava a me sentir parte de algo.

A vida é sempre assim. Quando algo quebra, é sempre pro lado mais fraco. Eu devia ter aprendido isso faz tempo... mas ainda tinha esperança nas pessoas, mesmo quebrando a cara repetidamente. Chega a ser engraçado. Sempre acontece alguma coisa comigo, como se o universo estivesse rindo da minha cara. Nada dá certo.

Mas a vida segue. A gente cai, levanta, encara as dificuldades... e os vizinhos encapetados também.

[...]

Cheguei em casa cedo e por milagre encontrei minha mãe na sala assistindo.

— Ora, chegou cedo porque?

— Longa história, mas para resumir fui demitida por causa dos vizinhos que moram ao lado.

— Explica isso direito, menina.

— Estou sem ânimo, cansada de nada dar certo comigo, outra hora a gente conversa e vou dormir. Tchau.

— Tchau, boa noite, e não fique assim não, vou consegue outro melhor.

Subi para o quarto, tomei banho e me deitei, pelo lado bom vou dormir até tarde.

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Comments

LR.THATBOOK

LR.THATBOOK

A mãe dela é um sarro haha

2025-07-03

1

Conceição

Conceição

uns vizinhos deixe nao quero

2025-06-27

0

Bπanyyyy💜

Bπanyyyy💜

legal logo dois

2025-07-15

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1: O começo
2 Capítulo 2: Talvez nova garçonete
3 Capítulo 3: San Diego
4 Capítulo 4: Vamos que vamos
5 Capítulo 5: Só pode ser brincadeira
6 Capítulo 6: A entrevista
7 Capítulo 7: Senhor Victor Perrotti
8 Capítulo 8: Vingança contra os vizinhos
9 Capítulo 9: O feitiço virou contra o feiticeiro
10 Capítulo 10: Delegacia
11 Capítulo 11: Minha mãe
12 Capítulo 12: Dia Infernalmente Promissor parte 1
13 Capítulo 13: Dia Infernalmente Promissor parte 2
14 Capítulo 14: Quem é a minha mãe?
15 Capítulo 15: Melhor do que eu parte 1
16 Capítulo 16: Melhor do que eu parte 2
17 Capítulo 17: Segundo Dia de Trabalho parte 1
18 Capítulo 18: Segundo Dia de Trabalho parte 2
19 Capítulo 19: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 1
20 Capítulo 20: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 2
21 Capítulo 21: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 3
22 Seu apoio faz a diferença
23 Capítulo 22: Flerte e desastre
24 Capítulo 23: Mudanças parte 1
25 Capítulo 24: Mudanças parte 2
26 Capítulo 25: Noitada
27 Capítulo 26: Bêbada
28 Capítulo 27: Humilhação em dose dupla
29 Capítulo 28: Fofoca
30 Capítulo 29: Bolsada fatal no meu chefe
31 Capítulo 30: Entregue ao Prazer parte 1
32 Capítulo 31: Entregue ao prazer parte 2
33 Capítulo 32: Homem desconhecido
34 Capítulo 33: Tá de sacanagem!
35 Capítulo 34: Theo parte 1
36 Capítulo 35: Theo parte 2
37 Capítulo 36: Cafés Quentes
38 Capítulo 37: Propostas Indecentes
39 Capítulo 38: Boate
40 Capítulo 39: Beijos
41 Capítulo 40: Sexo selvagem
42 Capítulo 41: Surtada
Capítulos

Atualizado até capítulo 42

1
Capítulo 1: O começo
2
Capítulo 2: Talvez nova garçonete
3
Capítulo 3: San Diego
4
Capítulo 4: Vamos que vamos
5
Capítulo 5: Só pode ser brincadeira
6
Capítulo 6: A entrevista
7
Capítulo 7: Senhor Victor Perrotti
8
Capítulo 8: Vingança contra os vizinhos
9
Capítulo 9: O feitiço virou contra o feiticeiro
10
Capítulo 10: Delegacia
11
Capítulo 11: Minha mãe
12
Capítulo 12: Dia Infernalmente Promissor parte 1
13
Capítulo 13: Dia Infernalmente Promissor parte 2
14
Capítulo 14: Quem é a minha mãe?
15
Capítulo 15: Melhor do que eu parte 1
16
Capítulo 16: Melhor do que eu parte 2
17
Capítulo 17: Segundo Dia de Trabalho parte 1
18
Capítulo 18: Segundo Dia de Trabalho parte 2
19
Capítulo 19: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 1
20
Capítulo 20: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 2
21
Capítulo 21: Viagem - Eu e o Robô do meu chefe parte 3
22
Seu apoio faz a diferença
23
Capítulo 22: Flerte e desastre
24
Capítulo 23: Mudanças parte 1
25
Capítulo 24: Mudanças parte 2
26
Capítulo 25: Noitada
27
Capítulo 26: Bêbada
28
Capítulo 27: Humilhação em dose dupla
29
Capítulo 28: Fofoca
30
Capítulo 29: Bolsada fatal no meu chefe
31
Capítulo 30: Entregue ao Prazer parte 1
32
Capítulo 31: Entregue ao prazer parte 2
33
Capítulo 32: Homem desconhecido
34
Capítulo 33: Tá de sacanagem!
35
Capítulo 34: Theo parte 1
36
Capítulo 35: Theo parte 2
37
Capítulo 36: Cafés Quentes
38
Capítulo 37: Propostas Indecentes
39
Capítulo 38: Boate
40
Capítulo 39: Beijos
41
Capítulo 40: Sexo selvagem
42
Capítulo 41: Surtada

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