A Quebra do Silêncio
Aline Petrov sempre soube que havia algo de errado.
Desde pequena, sentia-se como uma peça num jogo que não entendia. Os sorrisos forçados, os olhares tensos dos pais, e o modo como Demitre a defendia com uma ferocidade que beirava o desespero. Mas agora, aos 18 anos, ela começava a ver além da cortina.
Principalmente depois de ouvir o nome Alexei Mikhailov repetido tantas vezes pelos corredores da mansão.
Naquela manhã, encontrou Demitre sozinho no jardim, o olhar perdido entre as flores vermelhas que ela mesma plantara anos atrás.
— Vai continuar me escondendo a verdade? — perguntou, firme.
Demitre fechou os olhos por um segundo, como se o mundo estivesse prestes a ruir. Ele virou-se devagar.
— Aline…
— Você acha que eu sou uma criança? Acha que não percebi que todo mundo age como se eu estivesse prestes a ser vendida?
Ele respirou fundo, os punhos cerrando involuntariamente.
— Não é venda. Foi um pacto. Feito quando você ainda era bebê. Por algo que nosso pai fez… uma traição.
Aline cambaleou um passo para trás.
— Um pacto? De casamento?
Demitre assentiu, engolindo seco.
— Com Alexei Mikhailov.
Ela ficou em silêncio por alguns instantes. E então, com a voz mais baixa:
— Mas você não quer que esse casamento aconteça, não é?
Demitre a encarou. Ali estava a menina que ele jurou proteger com a vida.
— Não, Aline. Eu nunca quis. E vou destruir esse pacto, nem que eu tenha que enfrentar ele.
— Por quê? — A pergunta dela foi suave, mas certeira. — É só por mim?
Demitre estremeceu. Ela sabia. Talvez sempre soube. O que seus olhos nunca disseram, o que sua boca sempre calou.
Naquela mesma noite, o salão de reuniões dos Petrov estava em silêncio.
Vladimir convocara um encontro com os Mikhailov. Os dois patriarcas frente a frente. Um jogo de palavras que escondia ameaças, alianças e anos de segredos enterrados.
Alexei entrou tarde, como sempre, como se o tempo o servisse. Usava um sobretudo negro e um sorriso lento que só ele conseguia transformar em arma.
— Boa noite, Vladimir. Demitre. — Seu olhar pousou por fim em Aline, ao fundo. — E finalmente… a noiva.
Ela desviou o olhar, tensa.
Demitre ficou de pé.
— Vamos acabar com essa farsa.
Ivan Mikhailov arqueou uma sobrancelha.
— Cuidado com suas palavras, garoto.
— Eu disse o que disse. Aline não vai se casar com ninguém. Esse pacto foi feito com base em uma dívida antiga. Já pagamos com anos de servidão e silêncio. Chega.
Alexei se manteve calmo, mas havia fúria em seus olhos.
— Você não tem autoridade pra desfazer isso.
— E você não quer minha irmã. Nunca quis. — Demitre avançou um passo. — Sempre foi por mim. Desde aquele dia. Desde que eu tinha oito anos e você me olhou como se tivesse me escolhido.
O silêncio caiu como uma tempestade.
Aline arregalou os olhos. Vladimir cerrou os punhos.
E Alexei… sorriu.
— Finalmente. — Sua voz era como veneno doce. — Você disse em voz alta.
— Não estou me oferecendo — rosnou Demitre. — Estou te enfrentando. E se quiser me destruir por isso, então venha. Mas deixe Aline fora disso.
Ivan Mikhailov se levantou, exasperado.
— Basta! Vocês estão transformando um acordo de famílias em uma novela de cama! Alexei, você me prometeu que cumpriria o pacto.
Alexei não desviou os olhos de Demitre.
— Eu menti. A menina nunca me interessou. Eu só aceitei para ficar por perto. Esperando o momento em que ele… — apontou para Demitre — se tornasse meu. Voluntariamente.
Vladimir avançou contra Alexei, mas foi impedido pelos guardas que surgiram rapidamente.
A tensão havia explodido. O pacto agora estava em pedaços.
E no meio disso tudo, Demitre tremia por dentro, não de medo… mas de outra coisa.
Porque no fundo, uma parte dele queria saber até onde Alexei iria para tê-lo.
E pior… até onde ele mesmo iria para não ser de mais ningué
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Gabi Barbosa
não entendi ela era um bebê e o irmão tinha 8 anos agora ela tem 18 e ele 20
2025-06-02
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Gabi Barbosa
pega fogo /Angry/
2025-06-02
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