Capítulo 4 - Min Jae

Beijar Sora Kim foi como encostar a língua em uma lâmina quente.

Ardeu.

Cortou.

E sangrou algo dentro de mim que eu nem sabia que existia.

Mas, mesmo ferido, mesmo em chamas, eu queria mais.

Mais dele.

Mais daquilo.

Ele saiu da sala como se estivesse fugindo de um incêndio — e talvez estivesse mesmo. Um incêndio que começara dentro do próprio peito, alimentado por todos os silêncios, pelos olhares evitados, pelas noites mal dormidas. Um fogo que eu vinha acendendo com pequenas fagulhas desde o dia em que o conheci.

Fiquei onde estava, encostado na parede fria da sala de projetos, ofegante, com o coração martelando dentro do peito como se quisesse escapar dali. O prédio estava silencioso, mas por dentro de mim o mundo inteiro gritava.

Levei os dedos até os lábios ainda úmidos.

Ele tinha me beijado com raiva. Com desejo. Com uma urgência quase desesperada.

E mesmo assim, havia algo de íntimo naquele toque brutal.

Algo que me destruiu um pouco — e me deu vida ao mesmo tempo.

Sorri. Um sorriso torto, quase doente, carregado de algo que eu não queria nomear.

Porque, naquele instante...

Eu o quebrei.

Mesmo que fosse por um segundo.

Mesmo que fosse só uma fresta.

Durante aquele breve momento, Sora me quis mais do que me odiava.

E isso era tudo.

Tudo o que eu precisava para continuar.

O resto do dia, atuei como se nada tivesse acontecido. Brinquei com os estagiários, como sempre. Cumprimentei os diretores com meu sorriso bem ensaiado. Apresentei uma ideia ousada na reunião das três — e fui aplaudido. Claro. Sempre sou.

Mas por dentro, meu corpo ainda vibrava no ritmo daquele beijo.

Ainda sentia o calor da respiração dele contra meu pescoço.

O peso das mãos dele cravadas nos meus ombros, como se tentasse me conter — ou se conter.

E o mais cruel de tudo?

Eu sabia.

Sabia que ele também sentia.

Sabia que aquela chama não era só minha.

Às sete da noite, passei pelo corredor e vi a luz acesa na sala dele. A sombra de Sora se projetava atrás da persiana de vidro fosco. Imóvel.

Tenso.

Fiquei parado, observando.

Pensei em bater.

Pensei em entrar.

Pensei em fechar a porta por dentro e deixar que a tensão entre nós explodisse de vez, sem freios, sem vergonha, sem desculpas.

Mas não fui.

Porque, apesar de tudo, eu queria mais do que um momento roubado no escuro.

Mais do que beijos apressados e roupas amarrotadas.

Eu queria ver até onde ele se permitiria cair.

Até onde a máscara dele resistiria.

À noite, em casa, andei em círculos pelo apartamento. A mente girando, o corpo inquieto. Fui até o espelho do banheiro e encostei os dedos na pele ainda vermelha, marcada, viva com o toque dele.

Era insano.

Era perigoso.

Era inevitável.

Sora Kim e eu estávamos presos numa armadilha feita de tensão, orgulho e desejo reprimido.

E agora... de beijos também.

Na manhã seguinte, vesti meu melhor terno.

Não por vaidade.

Mas porque eu sabia que ele estaria lá.

E que olhar para mim seria inevitável.

E Sora...

Sora odeia perder o controle.

E eu?

Eu nasci para arrancar cada pedaço dele.

Lentamente.

Até que não sobre nada além da verdade que ele tenta esconder:

Ele me quer.

Mais do que está pronto para admitir.

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