O problema com Min Jae não era o sorriso fácil, a arrogância latente ou o talento irritante que exalava até quando apenas respirava. Não era o modo como ele encantava a todos com sua presença magnética, como se soubesse exatamente o efeito que causava — e usasse isso como uma arma disfarçada de charme.
O problema real era o que ele fazia comigo.
Por dentro.
Em silêncio.
Ele não precisava dizer nada para me desestabilizar. Bastava um olhar demorado, uma curva sutil nos lábios, uma simples passagem por perto para que meu mundo — tão cuidadosamente organizado — começasse a ruir pelas bordas. Min Jae me tirava do eixo de maneira cruelmente gentil. Rachava minhas defesas com palavras suaves, quase inocentes, toques que não aconteciam, mas eram insinuados no ar. Criava espaços entre nós onde o desejo escorria como veneno lento.
E eu... deixava.
Deixava que ele entrasse, que se infiltrasse como fumaça pelas frestas das minhas convicções. Como se uma parte escondida e perversa da minha alma não apenas desejasse aquilo, mas implorasse por mais. Por ele.
Naquela noite, dormi mal. Como sempre acontecia depois de mais um embate disfarçado entre nós. A insônia era constante, fiel, e trazia com ela os flashes do que não deveria sentir, do que jamais deveria acontecer. Sonhava — acordado — com seus olhos escuros fixos nos meus, com suas mãos me tocando onde ele nunca ousara. Com a voz dele sussurrando meu nome de um jeito que ninguém mais pronunciava.
Cheguei à empresa mais cedo do que o habitual, buscando respirar fundo antes que ele aparecesse com aquele perfume cítrico e amadeirado que me perseguia pelos corredores. Eu precisava de controle. Tinha uma proposta nova para revisar, prazos apertados estourando no relógio, uma reunião de alto escalão marcada para às dez. Tudo exigia foco.
Mas o foco evaporou assim que abri a porta da sala de projetos.
Ele estava lá. Sozinho. De costas para mim.
Camisa branca, justa demais. Mangas arregaçadas até os cotovelos, revelando os antebraços definidos. O cabelo ainda úmido caía rebelde sobre a testa. Era como se tivesse saído do banho direto para o campo de batalha, e aquele campo… era eu.
Min Jae se virou lentamente, como se soubesse desde o início que eu estava ali.
— Achei que só eu era doente o bastante pra chegar antes do expediente.
Fechei a porta, sem tirar os olhos dele.
— Tem muito trabalho. Não é hora pra piadas.
— Eu nunca brinco quando se trata de você, Sora.
Tentei ignorar. Deus sabe que tentei. Mas ele falava com aquela voz baixa, provocante, carregada de algo que era mais perigoso que desejo: certeza. Ele sabia o efeito que causava.
E eu... estava cansado de fugir.
— Você quer me provocar? — perguntei, a voz rouca, carregada de algo que beirava rendição.
Ele não respondeu. Mas também não recuou.
— Então provoque. Vamos ver até onde você aguenta.
O beijo veio como tempestade. Sem preâmbulo. Sem gentileza.
Foi raiva, frustração, entrega.
Nossos corpos se chocaram, nossas bocas se encontraram como se quisessem apagar anos de tensão em segundos. Ele me puxou pela gravata, e eu o prendi contra a parede com mais força do que deveria. Não havia lógica ali. Só instinto.
Min Jae gemeu contra meus lábios, e o som me fez perder qualquer controle. O mundo ao redor deixou de existir. Só restou o calor.
Quando me afastei, ofegante, ele estava com os olhos vermelhos, os lábios inchados, o peito arfando.
— Isso foi um erro — eu disse, embora tudo em mim clamasse por repetir.
Ele sorriu. Aquele maldito sorriso.
— Então vamos cometer mais um.
Saí da sala antes que enlouquecesse de vez.
Mas já era tarde.
O desejo tinha vencido.
E, dentro de mim, uma verdade ecoava como sentença:
Não havia mais volta.
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Atualizado até capítulo 50
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