Isso aqui vai ser uma virada — disse Bea, com um brilho nos olhos enquanto apontava para o quadro de ideias. — A proposta é ousada, mas verdadeira. Real. As pessoas vão se ver nela.
Lorenzo observava cada palavra. Não só a ideia brilhava — ela brilhava. Estava viva. Intensa. Como se aquele fosse o lugar onde realmente pertencia.
— Tem certeza de que consegue entregar tudo isso em quatro dias?
— Duvida de mim?
— Nunca — ele respondeu, meio surpreso com a própria sinceridade.
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Na sala ao lado, Enrico, o melhor amigo de Lorenzo, assistia tudo de longe com um sorrisinho debochado.
Mais tarde, quando Lorenzo entrou no lounge da agência para tomar um café rápido, Enrico se encostou no balcão com o olhar travesso.
— Trabalhando até tarde com a Ramirez, hein?
— Ela é boa no que faz. E a gente precisa salvar a empresa.
— Claro, claro… salvar a empresa. Típico motivo para você elogiar uma mulher sem dar em cima dela.
Lorenzo bufou.
— Ela é uma funcionária. Muito leal. Muito competente.
— E muito apaixonadinha também, não acha?
Lorenzo franziu o cenho.
— Como assim?
— Ah, vem cá, Lô… você não notou? Ela te olha como se você fosse o último cookie da bandeja. Aqueles com gotas de chocolate belga, sabe?
— Você tá viajando.
— Tô? Ou será que você só não quer acreditar que a garota que você insiste em chamar de “sem atrativos” talvez esteja mais envolvida do que parece?
Lorenzo ficou em silêncio. O tipo de silêncio que vem quando alguém planta uma semente incômoda no fundo da mente.
Enrico deu dois tapinhas no ombro dele.
— Só digo uma coisa, meu amigo: se ela fosse loira e com pernas de dois metros, você já teria reparado há muito tempo.
Lorenzo riu, sem graça.
— Isso é ridículo.
— Uhum. Ridículo… mas possível.
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Naquela noite, Bea estava sozinha na sala de criação, digitando sem parar, ouvindo música instrumental e cantarolando baixinho. Não viu quando Lorenzo se encostou na porta, observando-a.
Ela parecia... feliz ali. No seu mundo. Criando.
Sem perceber, ele sorriu.
Mas ainda não entendia o porquê.
---Você precisa de ajuda? — perguntou Jada, ao telefone, com aquele tom que misturava empolgação e uma pontinha de caos.
Bea riu.
— Preciso sim. Mas não sei se você e Harper vão conseguir seguir um briefing…
— Por favor, a gente fez o jornal da faculdade juntas. Isso é fichinha.
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Nos dois dias seguintes, o apartamento de Bea virou uma mini agência alternativa. Jada, intensa e emotiva, e Harper, metódica e perfeccionista, ajudaram com textos, vídeos e até com figurinos para os anúncios. O conceito da campanha era simples: mostrar beleza real, diversidade e autenticidade — sem filtros.
— Isso é você, Bea — disse Harper. — É por isso que vai funcionar.
Bea sorriu, tímida.
— Não é sobre mim.
— Claro que é — rebateu Jada. — E o Lorenzo vai ver isso. Mais cedo ou mais tarde.
Bea desviou o olhar. O coração deu um pulo involuntário.
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Na manhã do lançamento, a agência estava em tensão máxima.
O site saiu do ar de tanto acesso.
A hashtag ficou nos trends em 40 minutos.
O telefone tocava com propostas de entrevistas, parcerias, elogios.
Lorenzo entrou na sala de criação com os olhos brilhando e a voz embargada.
— Você salvou a gente.
Bea, meio sem saber o que fazer, apenas sorriu.
— Não foi só eu… tive ajuda.
— Ainda assim, a ideia foi sua. E por isso, sexta-feira vamos comemorar. Um evento só nosso. Agência, parceiros, equipe… e as responsáveis por isso tudo, claro — disse ele, olhando direto para ela.
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Na sexta, o evento reuniu toda a equipe em um rooftop sofisticado de Manhattan. Música boa, drinks, gente animada.
Bea chegou discreta, com um vestido azul-marinho simples, os cabelos soltos. Jada e Harper já estavam lá, com um ar de missão cumprida.
Lorenzo a notou de longe.
Ela não chamava atenção.
Mas havia algo.
Um magnetismo estranho que o fez parar de conversar no meio da frase.
— Cuidado, hein — disse Enrico, chegando com um copo na mão. — Mais um olhar desses e você vai acabar se apaixonando pela Ramirez.
— Para. Ela é só minha funcionária.
— E você é só cego.
Lorenzo riu, tentando mudar de assunto.
Mas seu olhar voltou para Bea.
E não conseguiu mais desviar.
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Atualizado até capítulo 65
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