Mano... nem parece que eu tô voltando. Tipo assim, depois de tanto tempo lá na gringa, minha mente tá um turbilhão. Eu passei uns bons anos na Alemanha, estudando, correndo atrás do meu, tentando esquecer tudo que aconteceu aqui... Mas tem coisa que a gente nunca esquece, né?
Desci do avião com o coração acelerado, parecia que tinha tambor batendo dentro de mim. Aquele calor do Rio bateu no meu rosto logo de cara, e eu já senti: tô em casa.
Na porta do desembarque, lá tava ele. Meu irmão. Ryan, vulgo Terror. Já chega de peitão estufado, aquele sorrisinho debochado no canto da boca, e o cordão piscando mais que farol alto.
— E aí, Camilinha... cresceu, hein? Tá com cara de patricinha agora
— Ele riu, me puxando pra um abraço apertado
Camila- Cala a boca, moleque. Tô com saudade, porra.
Ele me rodou, tipo criança mesmo, e eu senti que, apesar de tudo, meu irmão ainda era meu porto. Mesmo sendo quem ele é hoje... o Terror da Rocinha.
— Bora, a coroa tá ansiosa pra te ver.
Entramos no carrão que ele tava dirigindo, vidro filmado, som batendo. Fiquei só observando a cidade passar pela janela. Tudo parecia igual, mas ao mesmo tempo... diferente, sabe?
Chegando na casa da minha mãe, meu coração quase saiu pela boca. Quando ela abriu a porta, não deu nem tempo de falar nada. Ela me abraçou como se nunca mais fosse me soltar.
— a minha filha... o meu bebê voltou
— Ela chorava, me apertando com força
Camila- Te amo, mãe... tô aqui agora, tá?
A casa tava simples, mas com aquele cheirinho de feijão no fogo que só mãe sabe fazer. Me sentei no sofá enquanto ela me enchia de pergunta. Ryan ficou só rindo do meu jeitinho europeu tentando se acostumar de novo com as gírias.
— Tu vai ver como mudou tudo por aqui, Camila. Tem gente nova no pedaço, e gente que ficou grande também... inclusive o Cabelinho.
— Cabelinho? Quem é esse?
Ryan deu uma risadinha misteriosa.
— Depois tu vai ver...
Ryan me chamou pro barzinho do seu Zé que tem mais lá para cima, chegando lá nois sentamos numa mesa e logo ele pediu dois copão para começar bem
Camila- isso aí caralho
logo ele me apresentou uma cria dele daqui que ajuda ele a fazer os corre louco, logo meu santo bateu com o dela papo reto
— E aí, Camila? Prazer, garota. Já ouvi falar muito de tu. Tava na Alemanha, né? Fina!
— Fina nada, Mari. Mas tô tentando me acostumar de novo com minha quebrada
Nois resolveu ir andar, porque o meu querido irmão teve que ir entregar umas parada la na boca, Ela me mostrou os cantos novos da favela, me apresentou uma galera... e toda hora eu ouvia alguém comentar:
— "Cabelinho vai endoidar quando te ver, Camila..."
Quem diria que eu ia voltar pra esse mundão e já ia ter nome rodando por aí? Só sei que alguma coisa me diz que esse tal de Cabelinho... vai ser minha perdição
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 53
Comments