— Esse risoto tá bom demais pra ter sido feito por um homem que usa cueca de dinossauro.
Davi engasgou de leve com o vinho.
— Você andou fuçando a minha roupa íntima, Isadora?
— Foi acidental. Estava procurando um pano de prato. Achei um Tiranossauro Rex.
— Aquele é meu favorito. Dá sorte. — Ele piscou. — Inclusive, estava usando na noite do beijo.
Ela tentou conter o riso, mas falhou. Estavam sentados à mesa pequena da cozinha dele. Louça simples, música de fundo — um jazz que ela suspeitava ter sido colocado só para impressionar. E o maldito aroma de risoto de limão com parmesão invadindo o ar.
— Ok. Ponto pra você. Mas ainda estou aqui só pela comida.
— Claro. Porque a tensão sexual entre nós dois é pura coincidência.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Você se acha demais.
— Não. Eu me observo. E observo você. — Ele apontou o garfo para ela. — Você morde o lábio sempre que está tentando se controlar perto de mim. Como agora.
Ela imediatamente parou.
— Isso não prova nada.
— Prova sim. Que você quer tanto quanto eu. E que está morrendo de medo disso.
Isadora largou o talher.
— Claro que estou com medo. Você é meu vizinho. Isso já grita encrenca.
— E se não for? — ele disse com calma, como se falasse de algo simples.
— E se for? Eu não quero começar algo que vire um desastre quando a gente ainda divide parede.
Ele riu, mas sem deboche.
— Isa, você acha que isso é só química?
— Acho que você tem uma língua afiada e um sorriso perigoso. E que meu cérebro derrete um pouco toda vez que você me chama de Isa com essa voz rouca.
— Então... não é só química.
Ela bufou, mas estava sorrindo.
— Você é insuportável.
— E você é irresistível. Acho que estamos quites.
**
Depois do almoço, ele lavou a louça enquanto ela secava — como um casal doméstico recém-instalado na convivência.
— Você sempre cozinha assim?
— Só quando quero impressionar. — Ele olhou por cima do ombro. — Tá funcionando?
— Tá. E me irrita o quanto está funcionando.
Davi riu, passando um pano molhado na pia.
— Eu também fico irritado com você. Sempre tão fechada, se fazendo de difícil, mas com olhos que dizem outra coisa.
— Meus olhos estão bem tranquilos. — Ela tentou manter a pose. — Só um pouco alérgicos ao charme barato.
Ele se aproximou. Dessa vez, com um pano na mão, encostando o quadril na bancada, perto demais.
— Se eu beijar você agora… vai me bater?
— Não. — Ela cruzou os braços. — Mas talvez morda.
— Então vale o risco.
Ela desviou o rosto, não por desinteresse, mas porque queria respirar.
A tensão entre os dois era como eletricidade em dias de tempestade: impossível de ignorar.
— Eu vou embora. Antes que você me beije de novo.
— Vai mesmo ou está dizendo isso para parecer sensata?
Ela pegou a bolsa.
— Ainda não decidi.
— Te espero no Uno mais tarde.
Ela sorriu ao sair.
— Não se ache demais só porque sabe cozinhar.
— Me acho porque você voltou.
**
De volta ao seu apartamento, Isadora jogou-se no sofá com o coração acelerado.
Não era só o beijo. Nem só a comida. Era ele. A presença, o jeito leve, o humor afiado.
Ela estava, definitivamente, em apuros.
E talvez começando a gostar disso.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 52
Comments
Berline Gondim
uiii estou gostando
2025-05-12
1