Capítulo 01 • Gabriel Mallardo

Com toda a força, arremesso o saco de areia, preciso liberar um pouco de energia. Estou há várias semanas sem encontrar algo que me agrade, isso me deixa deprimido. Necessito encontrar alguém que me chame a atenção, tal como Miguel fez com Riccardo.

Cesar questiona: - O que aconteceu com você? - Ao enfaixar uma das mãos. Ele é um amigo valioso em quem deposito total confiança.

- Apenas preciso de uma missão bastante agressiva.

Ele murmura: - Hmmm...

Se meu irmão mais velho é desafiador, Cesar também não fica atrás. Ele é o nosso executor, aquele que cobra as dívidas mais elevadas, elimina os devedores, assim como atropela qualquer adversário que se interponha em nosso trajeto.

Assumo que não desejava encontrar-me com ele enquanto estava em serviço, é complicado até mesmo descrever sua transformação. Se alguém quiser observar uma fera selvagem de perto, basta visitar a Camorra e encontrará a personificação do termo pavor.

- Soube que esteve com Riccardo na noite anterior\, não se divertiu?

- Era um momento dele\, eu tinha a obrigação de evitar que Miguel o matasse.

- Não é uma tarefa simples - ele mostra um sorriso\, mas não conclui completamente a ação - Vamos nos preparar? - encaro-o.

De fato, atraímos o que desejamos, eu ansiava tanto por um confronto que convidei o pior oponente. Cesar tornou-se nosso executor após muitas aventuras compartilhadas conosco quando éramos adolescentes, sendo preparados para nos tornarmos grandes combatentes. A diferença de idade entre nós é mínima, enquanto eu tenho vinte e oito anos, ele e meu irmão já atingiram a marca dos trinta.

Desde a juventude, ele exibiu uma habilidade singular para eliminar alvos. Ao assumir o poder, meu irmão assumiu automaticamente a posição de assassino oficial da Camorra, alguém que você nunca quer em sua perseguição.

- Vamos em frente. - Não tenho como escapar e\, na verdade\, nem desejo. Será agradável lutar ao lado do meu amigo.

Uso a toalha para absorver o suor, depois coloco as luvas e me aproximo do ringue. Na última batalha que travamos, ele levou a melhor. Não vou permitir que isso ocorra no presente momento. Cesar me observa com seus olhos frios, nunca se acalma, sempre pronto para uma batalha.

- Preparado para mais um fracasso?

- Não acredite que te deixarei vencer como na última vez.

- Você é um idiota - afirma ao apertar as luvas\, pensando que pode me intimidar.

Não consigo responder a tempo, pois ele já vem com tudo contra mim. Apenas consigo interceptar seu ataque. É fascinante a habilidade de ser grandioso e veloz ao mesmo tempo.

Ao enfrentar Cesar, toda a atenção é necessária. Um único erro pode resultar em um soco e um nocaute. Se o combate for oficial, conforme as normas, o oponente estará morto em minutos. Isso ocorre porque, quando ele te derruba, só para quando tem a certeza de que seu oponente já não tem mais vida.

Obtenho um golpe de direita que o atinge no meio das costelas, fazendo-o tossir alto. Reforço um sorriso, deixando para me divertir mais tarde, quando o vencer.

Os seus olhos perceberam uma linha tênue e intimidante. Ele percebeu minha agressão, vai querer responder à altura. Isso me motiva, mesmo tendo consciência de que meu adversário possui uma competência técnica ainda mais avançada que a minha.

Que se dane! Gosto do perigo, mas tenho receio de estragar meu rosto, tenho uma festa marcada para daqui a dois dias.

Realizamos alguns golpes, embora sem muita violência, estamos nos desafiando, mas estou ciente de que isso não será duradouro. Mal esse pensamento surge na minha mente e ele me atinge com determinação.

Que mão pesada, todo mundo tem medo de um confronto com ele, é complicado enfrentar alguém como ele.

Utilizo o instante em que ele seca o suor com o antebraço para atingir sua bochecha. Não é uma ação muito equitativa, mas não estabelecemos as normas antes de iniciarmos a luta.

Cesar questiona com ironia: - Você está jogando sujo? Não permita que eu te mate.

- Aqui ninguém morrerá\, estamos apenas em treinamento.

- Não estou - declara ao bater as luvas na minha frente - Quero te derrubar - declara ao avançar contra mim\, que só tenho tempo de desviar do seu ataque.

Ouço ao longe palmas, todos juntos olhando para onde elas se originam. A fuga alegre de Miguel surge. Ele carrega uma toalha sobre o ombro e um copo de água sob o braço.

Miguel fala ao despachar os itens que carrega em um banco: - Vocês estão de parabéns, logo cedo querendo se matar, estão me enchendo de orgulho. - Olho para o alto, sem encontrar graça no humor mórbido do meu irmão - Mas vamos parar com isso, tenho um trabalho para Cesar, ele precisa exibir todo o seu físico impressionante.

- Uma batalha com seu irmão não vai diminuir minha disposição para qualquer missão - o infeliz tenta me desafiar.

- Não se ache tão arrogante - murmuro - Lembra daquele dia em que te atingi no queixo e você sumiu?

Ele me empurra com raiva antes de puxar com a boca a faixa que fecha a luva. - Quem devo visitar? - Cesar questiona ao ficar com as mãos livres e sair do ringue.

- Você receberá a lista\, serão três visitas\, porém uma delas requer sua atenção integral.

- Isso me deixa intrigado.

- Você vai gostar do que preparei - Miguel se posiciona ao lado do ringue e cruza os braços. - Que tal lutar ao meu lado\, Gabriel? - meu irmão questiona ao me encarar.

- Sem possibilidade. – Passo a mão pelo cabelo suado – Vou realizar meu exame cardíaco e depois tenho que tomar algumas medidas relacionadas à reforma do nosso edifício.

- Parece que você quer escapar de mim - ele tenta me provocar.

- Tive meu momento com Cesar\, me exercitei - ando pelas cordas saltando no chão - Além disso\, na próxima semana tenho um evento e preciso estar bem-vestido.

- Mulheres apreciam homens machucados\, elas vão amar cuidar de você.

- Por outro lado\, prefiro manter minha aparência inalterada\, não estou à procura de uma enfermeira - ele retrai a boca.

- Isso é uma escolha sua - acena com a cabeça.

Se eu não o conhecesse profundamente, poderia pensar que seu zelo pela aparência significasse outra coisa – Cesar comenta ironicamente – No entanto, já fomos suficientemente abusados para acreditar que ele não é um bom ator.

- Que engraçado - respondo\, fingindo um sorriso - Não tenho culpa de ser mais atraente que você - já que ele começou\, sigamos em frente. Não se esqueça de que sempre encontro mulheres que não desejo\, pois sua aparência intimidadora as intimida.

- Eu não me apego às pessoas fracas.

- Preciso verificar quem possui o maior pau. Miguel questiona irado: - Essa discussão é patética?

- Seu irmão não agiria dessa maneira\, ele sairia perdendo - Cesar pega um copo de água ao se distanciar.

- Hoje meu dia estará repleto - escolho ignorar a provocação do meu amigo - Evite visitas imprevistas como a de ontem. Chame Lucas. – Oriento Miguel.

Nosso irmão mais novo tem dificuldade em lidar com Miguel, mas se não for algo de grande magnitude, ele consegue se virar bem. Como o mais novo entre nós, com apenas vinte e três anos, ele ainda está em desenvolvimento na organização, além de ter seu lado rebelde.

Lucas passou por muitas mudanças desde a morte de nossa mãe, e foi bastante desafiador lidar com ele para mantê-lo afastado do olhar do nosso pai quando fazia algo errado.

Ao matar o papai, Miguel mostrou-se claramente agressivo, atraindo a atenção da mídia através de brigas e corridas ilegais de moto. Foi desafiador removê-lo das luzes, tivemos que ser rigorosos naquele período, para evitar que ele colocasse em perigo todo o nosso plano criminoso.

- Aquele merdinha desapareceu\, não o encontro desde a tarde de ontem. Miguel comenta desapontado: Espero que não tenha feito nada.

- Nada que ele diz me causa surpresa. Nosso irmão é excessivamente imprevisível\, assim como nossa mãe.

- É o seu ponto fraco.

Aproveito que Cesar se distanciou para falar com um soldado que se aproximou e me aproximo do meu irmão.

- Você não é singular\, apenas aprendeu a se disciplinar. Porém\, nem sempre é possível. Portanto\, estou ao seu lado. - O semblante dele se torna rígido.

- Se eu não mantivesse meu controle\, não seria um Capo.

- Nosso pai veio a falecer porque perdeu o controle\, mas fez o que era correto. No entanto\, a situação poderia ter sido desastrosa se eu não tivesse recrutado um exército pronto para nos auxiliar na tomada do poder.

Agora, o calo, ele sabe perfeitamente que colaboramos. Ele foi movido apenas pela emoção e eu pela razão, tornando-nos uma dupla insuperável e finaliza.

- Vá para o seu dia de trabalho\, senhor perfeito - ele insinua de forma provocante.

Eu odeio esse apelido que me deram, mas não vou entrar em discussões, é graças ao meu perfeccionismo que a Camorra é temida pelas maiores organizações criminosas da Itália.

Capítulos
1 Introdução
2 Prólogo • Gabriel Mallardo
3 Capítulo 01 • Gabriel Mallardo
4 Capítulo 02 • Amanda Fainelle
5 Capítulo 03 • Gabriel Mallardo
6 Capítulo 04 • Amanda Fainelle
7 Capítulo 05 • Gabriel Mallardo
8 Capítulo 06 • Amanda Fainelle
9 Capítulo 07 • Gabriel Mallardo
10 Capítulo 08 • Gabriel Mallardo
11 Capítulo 09 • Amanda Fainelle
12 Capítulo 10 • Gabriel Mallardo
13 Capítulo 11 • Gabriel Mallardo
14 Capítulo 12 • Amanda Fainelle
15 Capítulo 13 • Gabriel Mallardo
16 Capítulo 14 • Gabriel Mallardo
17 Capítulo 15 • Amanda Fainelle
18 Capítulo 16 • Gabriel Mallardo
19 Capítulo 17 • Amanda Fainelle
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22 Capítulo 20 • Gabriel Mallardo
23 Capítulo 21 • Gabriel Mallardo
24 Capítulo 22 • Gabriel Mallardo
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Atualizado até capítulo 38

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2
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3
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4
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