Prólogo • Gabriel Mallardo

Faço minha entrada no escritório do meu irmão. Ele me telefonou mais cedo avisando que eu deveria visitá-lo imediatamente após a minha reunião. Como de costume, Miguel não explicou a razão de sua pressa.

Ele é discreto em suas expressões, nunca deixando claro o que pretende. É desafiador gerir sua personalidade imprevisível. Miguel é uma ogiva nuclear pronta para irromper a qualquer instante. Por ser tão emotivo, nosso pai teve incertezas sobre seu papel na nossa organização.

Ele acreditava que o filho mais velho não teria a capacidade de liderar eficazmente, por isso começou a considerar a possibilidade de me substituir, mesmo que isso contrariasse as normas que seguimos.

Não é surpreendente que a Camorra tenha mudado sua postura há mais de trinta anos: não somos tão inflexíveis com as tradições como os merdas da Cosa Nostra. O nosso sistema é mais flexível, incluindo o casamento. Geralmente, nos unimos entre as famílias do nosso sistema, mas se surgir uma vantagem fora delas que nos proporcione mais poder, agarramo-la rapidamente.

Em toda essa narrativa, nosso pai não imaginava o que seu filho mais velho seria capaz de realizar. Ele transformou Miguel num assassino impiedoso e impiedoso, e acabou sendo vítima do seu veneno próprio.

Ao perceber que não seria mais o Capo, meu irmão atirou em nosso pai enquanto ele dormia, juntamente com a jovem esposa dele. Para finalizar o espetáculo, ele decapitou o idoso e reuniu as famílias mais influentes da organização para mostrar o que aconteceria com quem ousasse desafiar sua posição.

Ele provocou um enorme tumulto, particularmente com o Tio Carlo, irmão do nosso pai. O homem teve um surto, mas teve que se conter, pois estava ciente de que o sobrinho o mataria sem hesitação. Além disso, tínhamos um exército ao nosso lado, pronto para eliminar os veteranos para preservar nosso domínio.

É desafiador lidar com meu irmão, especialmente para mim, que sou totalmente lógico e analiso cada ação que realizo. A impulsividade não é uma característica minha.

- Que droga de reunião prolongada é essa? – Miguel indaga sem me encarar. - Foi beber depois do expediente?

- Nem todas as reuniões são simples - respondo com serenidade.

- É necessário aprender a falar menos - murmura.

- Eu não sou você\, e é por isso que me conecto com o lado social dos negócios.

- Ainda bem - ele gira a cadeira\, desviando o olhar das câmeras que monitoram seu hotel principal.

Nada escapa à visão do meu irmão. Miguel é compulsivo por controle, sempre está no comando de qualquer circunstância.

- Faremos uma visita especial a Riccardo Bawer. – Levanto as sobrancelhas\, surpreso\, pois o homem é um empresário de destaque\, com quem temos negócios.

- O que ocorreu?

- Ele está realizando transações comerciais com a Cosa Nostra. Deixei claro que não queria que ele convivesse com ratos. - Coço a barba. Miguel tem mais ódio pela Cosa Nostra do que pelo próprio Diabo.

- Você já teve uma conversa de advertência com Riccardo?

Miguel se levanta e diz: - Ele não receberá notificação, pois aquele filho da puta desrespeitou uma ordem direta minha.

- Calma\, irmão\, nós temos interesse nele.

- O dinheiro é o que me atrai. No entanto\, se ele está concedendo o que desejo aos adversários\, desgraçado! Caso não consiga agarrá-lo\, adeus Riccardo.

- Estou disponível - um canto da sua boca se torce.

Desisto! Agora, só me resta descobrir um meio de ele não matar o homem.

- Fiquei surpreso com a sua presença - Riccardo declara ao nos sentarmos nas confortáveis cadeiras do seu escritório.

- Não devia. – Miguel cruza os braços\, exibindo serenidade.

- É... - Riccardo solta um pigarro antes de retomar a conversa. - Por que vocês estão aqui? - questiona ansioso\, ciente de que meu irmão não viria à casa dele por qualquer motivo.

Miguel questiona com uma voz fria: - Você acha que me trairia sem saber?

- De que assunto está falando? - O infeliz finge não entender.

- Não siga por esse caminho - afirmo\, tentando evitar o pior - Sabemos que você está envolvido em negócios com a Cosa Nostra. - A expressão dele muda - O que aconteceu com a sua cabeça? - indaga\, sem conseguir conter a curiosidade.

- Garanto que não é nada grave - prontamente se defende - Trata-se de algo sem relevância.

- Pensa que sou tolo? - agora meu irmão se levanta - Não se brinca com o demônio\, Riccardo - fala de maneira sarcástica - Você me conhece bem.

- Miguel\, tenha calma - suplica ao apertar vigorosamente os apoios de braço da cadeira.

- Não me peça algo que não possuo - Sinto-me ansioso quando ele contorna a mesa e agarra a camisa masculina. - Você me prometeu lealdade - ele fala devagar - E não a cumpriu.

- Gabriel\, por favor\, me ajude - suplica\, em desespero.

- Ele está aqui apenas para garantir que não te matarei\, pelo menos neste momento - os olhos do infeliz se dilatam - No entanto\, vou te instruir a nunca violar um acordo.

Miguel solta um suspiro profundo ao empurrar a cabeça do imbecil contra a mesa. Não sei em que universo Riccardo habita para imaginar que ele se envolveria com a máfia rival e essa informação não seria entregue de forma gratuita ao meu irmão.

O clamor de Riccardo inunda o escritório quando seu nariz se rompe pela terceira vez ao tocar a madeira resistente. Estou me levantando, preciso estar preparado para agir. Não levará muito tempo e meu irmão atingirá o limite.

- Seu filho da puta\, você acha que está lidando com uma criança? – Miguel questiona\, segurando o cabelo dele para que ele pudesse encarar. - Ninguém neste mundo quebra um pacto comigo e escapa sem ferimentos.

- Prometo que não foi nada grave - o infeliz começa a derramar lágrimas - Não tive a intenção de te decepcionar.

- O mundo está repleto de boas intenções - com brusquidão\, Miguel puxa o homem para o centro do escritório.

- Peço desculpas\, mas vou encerrar as negociações com o Capo da Cosa Nostra.

- Claro que vai - a voz do meu irmão soa ameaçadora - No entanto\, antes de agir\, vou te instruir a nunca mais olhar para um adversário - Coço a cabeça ao socá-lo.

Com certeza, algum osso foi partido. Miguel está habituado a combates de rua, sem qualquer tipo de regulamento.

- O que está acontecendo aqui? – a pergunta surge quando a esposa de Riccardo adentra o local.

- Isso não é assunto seu - afirmo abruptamente - Vá embora - determino.

- Vocês estão causando danos ao meu esposo.

- Você quer se juntar a ele? - Não gosto de lidar com mulheres\, mas\, se for necessário\, farei o meu trabalho. Fui formado para sempre evidenciar minha força. Meu pai realizou um 'trabalho notável' com os filhos - Vá embora e esqueça o que viu pelo bem de sua família. Vamos mantê-lo vivo.

Ela permanece imóvel por alguns instantes, mas eventualmente compreende que, para sua própria proteção, deve partir.

- Não ferem a minha família. Eles não estão relacionados aos nossos negócios.

Miguel acerta uma joelhada nas costelas dele: - Faço o que eu quiser, mas desta vez quero apenas você.

Com a perícia de um lutador habilidoso, meu irmão inicia um ataque violento contra ele, até que surge o instante em que intervenho e interrompo a comemoração.

- Terminou - exclamo ao apertar os braços de Miguel - Queremos você vivo\, lembra? - sussurro em seu ouvido - Retorne à realidade - suplico com serenidade\, essa é a maneira como lido com a personalidade implacável dele.

Por alguns instantes, ele resiste, tentando se libertar de mim, mas finalmente percebe que Riccardo já está inconsciente, mas ainda vivo.

- Na próxima oportunidade\, ninguém me deterá. Se ele insistir em negociar com a Cosa Nostra\, acabou. - Com um gesto rápido\, ele se desprende das minhas mãos - Vamos embora.

Acompanho-o ao deixar o escritório, ele caminha apressado, mas no meio do percurso, ele para ao cruzar com a esposa de Riccardo.

- Tome conta da merda do seu esposo. Hoje o deixei vivo - aproximando-se dela\, limpa as mãos sujas de sangue em seu vestido. - Aconselhe-a a manter a disciplina ou soltarei os cães do inferno contra sua família sem dó nem piedade. - Ele dá dois leves tapinhas em sua face. - Fuja de mim\, vagabunda - a mulher corre em direção ao escritório.

- O que seria de você sem a minha presença para te controlar? – questiono ao deixarmos a casa rumo aos nossos veículos.

- Eu continuaria sendo o Capo\, porém haveria mais mortes na minha lista. – Ele me olha com um sorriso – Pare de se fazer de bonzinho. Não és santo.

- Nunca fui\, mas penso antes de tomar uma decisão.

Diz ao abrir a porta do seu carro: - Até demais para o meu gosto. Agora, vamos nos divertir. Para finalizar o dia, precisamos foder algumas bocetas.

Ele está certo, realmente preciso relaxar e não há nada melhor do que um pouco de sexo. Neste aspecto, concordamos, pelo menos temos um ponto comum. De fato, somos opostos.

Capítulos
1 Introdução
2 Prólogo • Gabriel Mallardo
3 Capítulo 01 • Gabriel Mallardo
4 Capítulo 02 • Amanda Fainelle
5 Capítulo 03 • Gabriel Mallardo
6 Capítulo 04 • Amanda Fainelle
7 Capítulo 05 • Gabriel Mallardo
8 Capítulo 06 • Amanda Fainelle
9 Capítulo 07 • Gabriel Mallardo
10 Capítulo 08 • Gabriel Mallardo
11 Capítulo 09 • Amanda Fainelle
12 Capítulo 10 • Gabriel Mallardo
13 Capítulo 11 • Gabriel Mallardo
14 Capítulo 12 • Amanda Fainelle
15 Capítulo 13 • Gabriel Mallardo
16 Capítulo 14 • Gabriel Mallardo
17 Capítulo 15 • Amanda Fainelle
18 Capítulo 16 • Gabriel Mallardo
19 Capítulo 17 • Amanda Fainelle
20 Capítulo 18 • Gabriel Mallardo
21 Capítulo 19 • Amanda Fainelle
22 Capítulo 20 • Gabriel Mallardo
23 Capítulo 21 • Gabriel Mallardo
24 Capítulo 22 • Gabriel Mallardo
25 Capítulo 23 • Gabriel Mallardo
26 Capítulo 24 • Gabriel Mallardo
27 Capítulo 25 • Amanda Fainelle
28 Capítulo 26 • Gabriel Mallardo
29 Capítulo 27 • Gabriel Mallardo
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Atualizado até capítulo 38

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2
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3
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4
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