Capítulo 5: Um Novo Normal
Estou me adaptando à nova realidade de aceitar ajuda, embora meu instinto ainda tente resistir. Por mais que eu insista em ser independente, há coisas que meu corpo simplesmente não me permite fazer por causa do meu pé. Vestidos se tornaram uma escolha obrigatória, já que é impossível usar calças com a tala. Nunca fui fã dessa opção de roupa para a universidade, mas atualmente não tenho muito o que contestar.
A semana passou rápido, talvez porque estive ocupada demais tentando manter tudo nos eixos. Estou seguindo as recomendações do médico à risca, tomando os remédios, aplicando gelo, e fazendo o que posso para acelerar minha recuperação. Nesse processo, acabei ficando muito próxima do Ed. Ele decidiu que eu não deveria ir de ônibus para a universidade e insistiu em me buscar todos os dias. O gesto me parecia exagerado no início, mas com o tempo percebi que havia algo genuíno em sua preocupação. Ele nunca reclamou, e mesmo nos dias em que não tínhamos aulas juntos, Ed estava lá, me ajudando.
Hoje é sexta-feira, e a última aula do dia será com o professor Moriar. De certo modo, é até irônico começar a semana com as aulas dele e terminá-la da mesma forma. Para completar, Ed disse que passaria para me buscar mais uma vez, então resolvi preparar um café da manhã para nós dois. Enquanto organizava a mesa, percebi o quanto minha rotina havia mudado. Antes, eu fazia questão de evitar proximidade com as pessoas, sempre preferindo resolver tudo sozinha. Mas Ed tem um jeito de entrar nos espaços que tento proteger, e o faz sem parecer forçar a situação. Claro, a Lola tem ajudado nessa aproximação. Ela tem um espírito de cupido que nunca descansa.
Pouco depois de organizar tudo, recebo uma mensagem do Ed dizendo que chegou. Ele perguntou se eu precisava de ajuda, mas neguei, dizendo que estava bem e já estava descendo. Comecei a descer as escadas, mas uma dor leve no pé começou a incomodar. Não queria dar o braço a torcer, então ignorei, tentando manter o ritmo.
Penso: Espero não me arrepender disso mais tarde.
Cheguei ao térreo sentindo mais dor do que imaginava. Paro na portaria para respirar um pouco. Peguei minha bolsa e decidi tomar o remédio para dor antes de seguir em frente. Quando olho para a porta, lá está Ed, com uma expressão preocupada. Tento disfarçar a dor enquanto abro o portão.
Ed: Você está bem, pequena?
Olivia: Não é nada, já vai passar! — respondo, tentando minimizar.
Ed: Então tá. Eu fico com isso aqui. — Ele tira minha bolsa e outros itens das minhas mãos sem pedir permissão.
Olivia: Não precisa, Ed. Eu consigo…
Ed: Shhh! Você fala demais, sabia? — Ele lança um sorriso divertido.
Olivia: Se eu não falasse, você nem estaria aqui para começo de conversa!
Ele ri, mas não responde. Leva minhas coisas para o carro e volta até mim.
Ed: E aí? Vai querer apoio ou colo?
Olivia: Ambas as opções são desnecessárias. Mas, como você não me deixará sair daqui sem aceitar uma delas, eu escolho apoio.
Coloco um braço ao redor do pescoço dele enquanto Ed apoia sua mão na minha cintura. Caminhamos até o carro, mas, na pequena escadinha que tem na frente do prédio, ele me levanta como se eu não pesasse nada.
Ed: Não vou arriscar você se machucar ainda mais.
Olivia: Ed, sério… Você é impossível.
Ele me coloca no banco do carona com cuidado, e seguimos rumo à universidade. Durante o trajeto, conversamos e brincamos, como sempre. Nossa dinâmica estava se tornando mais leve e espontânea, algo que eu nunca imaginei que aceitaria.
Chegamos à universidade e Ed me deixou na porta do bloco.
Ed: Me espera aqui. Vou só estacionar o carro, pequena.
Olivia: Tá bom. Só empurra minha bolsa para cá, que eu pego desse lado.
Ed: Para de graça, pequena. Me espera! — Ele sai com o carro, deixando-me ali.
Enquanto espero, ouço uma voz conhecida atrás de mim.
Cristofer: Senhorita Lancaster, vejo que está de pé novamente!
Olivia: Ficar deitada não combina com a minha personalidade, senhor Moriar! — digo com uma pitada de sarcasmo.
Cristofer: E espero que se atrasar também não combine com a sua personalidade!
Olivia: Isso não é…
Antes que eu pudesse terminar a frase, Ed aparece.
Ed: Vamos para a sala, pequena. — Ele percebe que eu não estava sozinha. — Professor Moriar, bom dia.
Cristofer: Espero que nenhum dos dois se atrasem para minha aula. Não tolero esse tipo de comportamento. O tempo não está a seu favor! — Ele enfatiza a última frase olhando diretamente para mim.
Eu estava prestes a responder, mas Ed interviu calmamente.
Ed: Claro, senhor. Não iremos nos atrasar. Vamos sair agora para cumprir o horário!
Ele colocou o braço em volta da minha cintura e me ajudou a andar. Chegamos à sala e nos sentamos perto um do outro. Ficamos conversando enquanto aguardávamos o início da aula. Quando Moriar finalmente chegou, o ambiente mudou instantaneamente. Todos ficaram em silêncio, como se sua presença fosse suficiente para impor ordem. Durante a aula, senti que, entre uma explicação e outra, ele ficava me encarando. Mas isso só pode ser coisa da minha cabeça. Estou há tanto tempo sem sair com alguém que já estou vendo coisas onde não existem.
No final da aula, Ed me ajudou a levantar e nos dirigimos para a saída. Porém, fomos chamados pelo professor Moriar, junto a outros dois alunos. Nos aproximamos e ele começou a falar:
Cristofer: Bom, meus caros, o motivo pelo qual os chamei aqui é para informá-los que o concurso literário começará em duas semanas. Entre todos deste semestre, vocês foram os escolhidos. Mas não será uma tarefa fácil… — Nesse momento, um dos alunos cochicha algo para o outro. Moriar interrompe imediatamente. — Hum… hum… interrompo algo? Talvez, antes de começarem uma conversa paralela, poderiam ter a gentileza e o bom senso de escutar até o final. Isso é educação básica.
Com essa fala, ficamos todos em silêncio, completamente sem graça.
Cristofer: Então, como eu dizia, não será uma tarefa fácil, mas também não quer dizer que seja impossível. Vocês contarão com a ajuda de um mentor, que será sorteado neste exato momento. Trabalharão juntos para entregarem uma obra literária 100% autoral. Alguma pergunta?
Aluno: Terá algum tema específico?
Cristofer: Não. Será totalmente de escolha do autor.
Edgar: Os mentores poderão ajudar na criação da história?
Cristofer: Também não. Os mentores poderão apenas avaliar, instruir e corrigir. Não é permitido ao mentor acrescentar, manipular a escolha do tema, ou aceitar textos plagiados.
Eu fiquei em silêncio, mas já começava a pensar sobre o que poderia fazer. Levantei a mão e perguntei:
Olivia: Qual será o prêmio deste ano? Nas outras edições, a recompensa era em dinheiro ou uma bolsa integral. Este ano, o que será?
Cristofer: Este ano será mais competitivo, pois o prêmio será alto. Além da recompensa em dinheiro, o ganhador terá um estágio na faculdade!
Ao ouvir isso, sabia que era uma chance que não podia desperdiçar. Estou de licença por conta do meu pé, e há uma boa chance de meu chefe ficar insatisfeito e me demitir. Ele é um homem bom, mas atestados repetidos podem prejudicar a equipe. Essa competição pode ser a solução para muitos dos meus problemas.
Os outros professores entraram na sala para iniciar o sorteio, trazendo-me de volta à realidade e a importância do momento.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Fatima Vieira
claro q ela vai ganhar
2025-05-09
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