Capítulo 2: Primeiro Dia de Aula
Hoje é uma segunda-feira, e as aulas começam. Logo, para minha tristeza, a primeira aula é do professor Moriar, com três tempos seguidos. Não poderia ser uma forma pior de começar o semestre. Espero que dê tudo certo; tudo que quero é passar nessa matéria sem tomar bomba.
Me levanto às 5h30 e vou direto para o banho. Em seguida, escolho minhas roupas: um macacão jeans, uma blusa preta, cabelos soltos, e uma sapatilha confortável. Organizo minha bolsa com minha necessaire e meu uniforme. Vou para a cozinha preparar meu café e, antes que me esqueça, coloco meu almoço na bolsa térmica. Decido comer algo rápido — três torradas com café — enquanto termino de me organizar. Coloco suco e uma fruta na bolsa térmica, fecho, e a deixo junto com minha bolsa perto da porta. Tudo parece estar fluindo bem.
Pego as chaves do meu apartamento. Ele é pequeno, mas é meu, e faço de tudo para cuidar dele. Saio e entro na minha picape com esperança. Hoje parece ser um bom dia. A aula de Pesquisas Literárias é no campus J, o mais distante da universidade, mas, para minha sorte, consegui sair cedo. Estava feliz, quase contente, com o fato de que o professor não teria nenhum motivo para me odiar.
Há rumores de que Moriar odeia os alunos atrasados e que pega no pé deles até o final do semestre. Tento não pensar nisso enquanto dirijo, mantendo minha animação. Continuo andando feliz até que, do nada, escuto um barulho estranho. Minha picape começa a engasgar até simplesmente morrer no meio da estrada. Que bela forma de começar o semestre!
Tento dar partida novamente, mas o carro não responde.
— Aiii, por favor… Agora não! — falo, quase desesperada.
Me dá vontade de chorar ali mesmo. Tudo estava dando certo até esse momento. Fico com a cabeça baixa, tentando não surtar.
De repente, escuto uma batida no vidro do carona. Levanto a cabeça, com os olhos vermelhos, e vejo um homem loiro, cabelos perfeitamente alinhados, vestindo uma camisa social azul e um terno cinza que destaca seus músculos. Ele tem um porte tão impressionante que poderia ser um daqueles protagonistas dos romances que tanto leio. Mas, naquele momento, minha desordem mental não me deixa sequer apreciar o detalhe.
Ele bate no vidro novamente. Eu abaixo, sem saber como reagir.
— Com licença? Você pode tirar seu carro do meio da estrada? Está atrapalhando o fluxo — ele diz, firme, mas sem agressividade.
— Estou tentando, mas o universo não quer colaborar. Meu Deus, justo hoje, o primeiro dia de aula — respondo, sentindo o nervosismo me dominar.
— Por que não joga pro acostamento, então? — ele pergunta, como se fosse fácil.
— Como se eu pudesse empurrar sozinha uma picape desse tamanho, né? Você só pode estar de sacanagem comigo! — devolvo, sem esconder minha frustração.
— E você não tem o número de um reboque ou mecânico? Alguém que faça os dois serviços? — insiste, com uma calma irritante.
— Ah, pronto! Se não bastasse eu estar atrasada para a aula do professor mais perverso que eu desconheço, ainda tenho que ouvir conselhos de alguém que nem conheço. Fala sério! Se eu tivesse esses números, não acha que já teria ligado?
Ele sorri com desdém.
— Julgando pela picape que está dirigindo, deveria ter esses contatos… e talvez mais alguns de emergência.
Reviro os olhos, tentando não explodir.
— Olha, não dá pra passar por cima do meu carro. Ou você me ajuda a empurrar para o lado, ou estaciona o seu carro no prédio H e segue andando. Você escolhe — retruco, sem paciência.
— Você é bastante folgada, garota — ele diz, erguendo uma sobrancelha.
— Essa conversa já está um saco. Já que você não vai ajudar e minha aula com o carrasco Moriar já está perdida, vou aguardar uma solução divina — respondo, indo para a frente da picape e encostando nela.
Depois de murmurar algo que não consigo entender, ele fala:
— Pronto. Mandei mensagem para um mecânico de confiança. Ele deve chegar em breve para ver seu carro.
— Agradecida! — respondo, sem olhar para ele.
Logo depois, escuto sua voz novamente.
— Você não vai empurrar comigo, senhorita?
— Claro, claro! Não posso recusar ajuda — digo, com deboche.
Juntos, empurramos o carro para a calçada. Assim que terminamos, pego minhas bolsas, pronta para seguir a pé. Ele pigarreia.
— Hem... hem, senhorita?
— Pode me chamar de Olívia — digo, virando para ele.
— Tudo bem, Olívia. Quer uma carona até o bloco J? Estou indo para lá agora.
— Se não for te incomodar, me adiantaria muito!
— Claro, entra aí — ele diz, abrindo a porta para mim.
Entro e olho a hora no meu relógio: 8h15. Começo a suar frio, inquieta dentro do carro desse estranho.
— Está tudo bem, Olívia? — ele pergunta.
— Estou muito ferrada, só isso. Acordei cedo, saí de casa no horário, e agora estou atrasada. Pior que não terei chance de mostrar que sou uma boa aluna; ele já vai me odiar por estar atrasada — digo, bufando.
— E se esse professor também estiver atrasado? — ele sugere, tranquilo.
— Você deve ser novo aqui. Não sabe da fama dele. Dizem que ele cismou com um aluno no começo do semestre por se atrasar, humilhou outro por achar que estava colando, e mentorou um terceiro só para rasgar sua pesquisa sobre Hamlet, que valia 60% da nota.
Ele ri suavemente.
— Já pensou que essas pessoas podem ter merecido?
Assim que chegamos, agradeço rapidamente:
— Bom, preciso correr agora! Tchau, muito obrigada mesmo. Salvou minha vida. Até mais! Nos vemos por aí.
Corro como um foguete até a sala, abro a porta e, para minha sorte, o professor que nunca atrasa… estava atrasado! Respiro aliviada enquanto me sento.
Edgar me olha com surpresa.
— Está tentando morrer academicamente, menina? — ele brinca.
— Nem me fale! Estou grata a Deus por ele não chegou — respondo, rindo nervosa.
Quando a porta finalmente se abre, vejo ele: o mesmo homem que me deu carona. Meu coração dispara, enquanto seus olhos me acompanham até sua mesa. Ele deposita os materiais e começa:
— Peço desculpas pelo atraso. Tive um problema pessoal — diz, e parece olhar diretamente para mim ao mencionar isso. — Bom, meu nome é Cristofer Moriar. Podem me chamar de Professor Moriar ou Dr. Moriar.
Durante a aula, tento me concentrar, mas a vergonha me corrói. Tudo que quero é sair daquela sala e esquecer esse encontro.
Quando a aula termina, corro para fora, já prevendo um semestre cheio de desafios e situações embaraçosas. Mas o Ed me alcança.
— Ei, espera! Você saiu correndo. Meu convite ainda está de pé?
— Claro! Vamos ao café até a próxima aula — digo, tentando relaxar.
No café, finalmente consigo deixar o nervosismo de lado enquanto conversamos. Lola sempre me diz que Ed tem uma queda por mim. Ele é bonito, mas minha vida não permite pausas para romance no momento.
Volto para a última aula do dia e, por sorte, é outra matéria. Finalmente consigo prestar atenção sem precisar me esconder. Após o término, sigo para resolver o problema do meu carro, esperando que o mecânico já tenha chegado.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Fatima Vieira
kkkk falou demais pra quem não devia
2025-05-09
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