Capítulo 4: Te Deixo em Paz, Mas Se Cuida
Cristofer: Olha, eu sei que a situação é estranha, mas você precisa ir ao médico.
Eu permaneci em silêncio por alguns instantes. Parte de mim estava completamente exausta daquela conversa, e a outra estava tomada pela dor latejante no meu pé, que me deixava sem forças para responder. Só queria que esse dia acabasse logo, mas parecia que o universo tinha outros planos para mim.
Após alguns minutos de silêncio, finalmente chegamos ao pronto-socorro. Fiz minha ficha e fui chamada para o atendimento, enquanto, de maneira inesperada, Cristofer permaneceu ao meu lado o tempo inteiro. A presença dele só adicionava mais uma camada de estranheza a um dia que já estava completamente fora do normal. O médico me examinou cuidadosamente, constatou uma luxação, e prescreveu remédios para dor, uma tala para imobilizar o pé, além de recomendar gelo constante e manter o pé elevado.
Olivia: Doutor, quanto tempo para eu me recuperar?
Médico: Vai depender do seu esforço. Tomando os medicamentos e seguindo as orientações corretamente, você deve melhorar bem. Vou te dar um atestado de 10 dias para cuidar disso.
Apesar do esforço do médico para me tranquilizar, era difícil não sentir um peso imediato. Dez dias fora da rotina significava atrasos, complicações no trabalho e preocupações. Segurei o papel com o atestado enquanto agradecia, a voz saindo um pouco fraca.
Olivia: Obrigada…
Saí da sala de atendimento com o olhar vazio e encontrei Cristofer me esperando no corredor. Ele veio até mim e, sem cerimônia, me ajudou a sentar em uma das cadeiras do pronto-socorro.
Cristofer: Você está bem?
Havia uma preocupação genuína no rosto dele, o que só me deixava mais confusa. Como alguém conhecido por sua frieza podia parecer tão atento?
Olivia: Já tive dias melhores. Obrigada por perguntar, professor. — Suspirei profundamente, tentando ignorar minha própria confusão interna. — Bom, agora eu preciso ir. Muitas coisas aconteceram hoje, só quero descansar.
Quando tentei me levantar para sair, ele me interrompeu novamente.
Cristofer: Sem querer me intrometer… mas como você vai para casa?
Olivia: Professor, eu realmente agradeço a sua preocupação. Mas, a partir daqui, eu me viro. O senhor já fez muito ao me trazer aqui.
Cristofer ficou em silêncio por um momento. Seus olhos desviaram, como se ele ponderasse algo que não queria dizer. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha uma seriedade ainda maior.
Cristofer: Claro, claro… Eu que preciso pedir desculpa por ter insistido tanto. — Ele fez uma pausa antes de continuar, e quando o fez, sua voz parecia mais pesada. — É que você me lembra alguém… E acabei passando dos limites. Agora vou deixá-la em paz. Mas, por favor, se cuide.
Com essas palavras, ele se levantou rapidamente e saiu sem olhar para trás, me deixando atordoada e cheia de perguntas.
Olivia (pensando): Ok… O que acabou de acontecer aqui?
Eu tentava compreender o que ele havia dito, mas tudo parecia nebuloso demais. Peguei meu celular e liguei para Lola, pedindo para ela vir me buscar. Não demorou muito, e lá estava ela, chegando como um vendaval com sua energia calorosa.
Ela me ajudou a entrar no carro, deu a volta, e antes de ligar o motor, virou-se para mim com uma expressão preocupada.
Lola: Oli, o que aconteceu?
Olivia: Se eu te contasse, você não iria acreditar. Aliás, ainda diria que sou louca!
Ela soltou uma risada exagerada, típica dela.
Lola: Jamais faria isso, baby. — Disse ela, ligando o carro e iniciando a marcha. — Sabe que você é minha alma gêmea!
Olivia: Ah, é? Então segura essa: eu caí porque estava correndo do professor Moriar.
Lola travou o carro por um momento e me olhou, completamente confusa.
Lola: Como assim?
Olivia: Amiga, é uma longa história que termina comigo no chão e com o pé luxado… Não sei nem por onde começar.
Lola: Eu te proíbo de me deixar no escuro! Começa a falar, agora!
O jeito escandaloso de Lola conseguiu arrancar de mim uma gargalhada genuína, a primeira do dia. Respirei fundo e comecei a contar tudo, desde a manhã desastrosa até o momento em que Moriar evaporou após sua enigmática despedida. Enquanto eu relatava os detalhes, ela alternava entre indignação e incredulidade.
Lola: Peraí… do nada ele foi embora?
Olivia: Sim! Ele só pediu para eu me cuidar e sumiu. Ele é muito estranho. Qualquer pessoa normal teria me interrompido no momento em que comecei a falar mal dele, mas não. Ele ouviu tudo, ficou quieto e depois ainda veio me irritar!
Lola deu uma gargalhada da minha frustração.
Lola: Para quem tentou passar dois anos sem ser notada por ninguém, hoje você está de parabéns!
Olivia: Que nada, amiga. Daqui a pouco ele vai inventar algum truque sujo para acabar comigo. — Suspirei novamente. — Você precisava ver como ele é grosso com todo mundo. Uma menina na turma perguntou qual método de avaliação ele usava, e só porque ela o chamou pelo nome, ele deu um sermão sobre hierarquia e blá, blá, blá. Foi um show de autoritarismo.
Lola: E a menina? O que ela fez?
Olivia: Ficou sem reação. Quase chorou. Sentou no lugar dela e fez o mesmo que eu: se escondeu até o fim da aula.
Chegamos à porta do meu prédio. Lola olhou para as escadas e suspirou.
Lola: E agora? Como vamos subir?
Olivia: Não faço a menor ideia…
Lola: Olha, são poucas escadas, mas eu não vou conseguir te carregar sem te derrubar. E, como já estamos cansadas de acidentes por hoje, vou chamar ajuda!
Olivia: Você sabe que eu jamais permitirei isso, né? Vou me arrastando devagar. Só me ajuda a levantar, e o resto eu faço!
Lola ignorou completamente minha reclamação e, enquanto eu resmungava, pegou o celular e mandou mensagem para os meninos. Minutos depois, voltou com um sorriso.
Lola: Você é sortuda! O Júnior está no treino de futebol, mas o Ed disse que estava por perto e já está a caminho!
Olivia: Não acredito que você fez isso sem me consultar.
Lola: E o que você queria que eu fizesse? Arriscasse você cair de um lance de escada? Para de drama!
Tentei insistir, mas Lola me cortou com um olhar sério.
Lola: Seu problema é que você não deixa ninguém cuidar de você, amiga. Todo mundo precisa de ajuda às vezes. Ninguém é forte o tempo todo. Agora, levanta esse humor, porque o Ed gosta de você. A única que não percebe é você!
Olivia: Amiga, não tenho espaço para me envolver com alguém agora. Minha vida está uma bagunça! Ele é um fofo, mas não posso arriscar colocar mais coisas em jogo.
Lola balançou a cabeça e abriu a porta do carro.
Lola: A vida não é só sobre chegar no pote de ouro no final do arco-íris. É sobre o caminho até lá!
Antes que eu pudesse responder, vimos Ed chegando, e Lola já foi direto ao encontro dele. Em poucos minutos, ambos estavam ao meu lado, prontos para me ajudar. Apesar dos meus protestos, Ed me pegou no colo e, com um cuidado incrível, me carregou até o apartamento. Por mais que eu tentasse me debater, ele não ligou.
Olivia (pensando): Gente, o que é isso? Todo mundo resolveu me carregar hoje?
No apartamento, Lola e Ed organizaram tudo para que eu pudesse descansar. Ele trouxe gelo para meu pé, enquanto ela ajeitava o sofá, enchendo o ambiente com comentários engraçados que me arrancavam sorrisos. Quando Ed finalmente foi embora, Lola decidiu que ficaria comigo naquela noite.
Terminamos o dia assistindo a um filme, algo que me ajudou, ainda que temporariamente, a esquecer a confusão que tinha sido o meu dia.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Doraci Bahr
muito azarada tadinha
2025-05-09
0
Fatima Vieira
muito azarada kkkkk
2025-05-09
0