capítulo 3

Naquela semana, Rita e Marisa se reuniram na casa dela. Estavam tomando chá.

_ Como você está? _ perguntou Rita.

_ Aliviada, estou bem. O medo não existe mais. Queria que você pudesse desfrutar dessa mesma paz.

_ Um dia quem sabe. Marisa, o Matias comentou algo sobre casamento?

_ Matias? ele nunca me falou nada sobre casar.

_ Antônio, me disse que vai casar a Nivia com ele. Pensei que o Matias sabia sobre isso.

_ Ele não me contou nada. E pelo que conheço do meu filho, ele não tem interesse em casar tão cedo.

_ Então como vou fazer o que ele me ordenou?

_ Não fique aflita, irei conversar com o Matias. Temos tempo ainda. _ proferiu Marisa, tentando confortar a Rita.

Alguém bateu na porta. Rita apressou-se para atender.

_ Nívia? _ perguntou surpresa.

_ É assim que recebe a sua filha? _ Nivia abraçou a mãe.

_ Por Deus, quem trouxe você?

_ Vim sozinha. Não é tão difícil descobrir onde fica a vila militar, e muito menos descobrir onde mora o general Smith.

_ Vem filha, entre. Poderia ter acontecido algo com você.

_ Comigo? mãe, ninguém iria tentar nada contra mim. E se tentasse haveria consequências.

_ Misericórdia. Nivia, quero que conheça a minha amiga Marisa.

_ Senhora Marisa, estou feliz em conhecê-la. É ainda mais linda pessoalmente.

_ Obrigada, mas nada se compara a sua beleza. Sua mãe sempre disse que é muito bonita. Achei que era coisa de mãe. Porém, vejo que ela não exagerou em nada.

_ Vem, trás a sua mala. Deve estar cansada.

_ Não estou, apenas vou colocar as minhas coisas no quarto, e voltarei para acompanha-las num chá.

_ Deveria tomar um banho e descansar.

_ Mãe, terei tempo a noite para descansar. Agora quero aproveitar cada minuto ao seu lado.

Nivia, foi levada até o quarto em que ficaria. Largou a mala, retirou as luvas, e sentou-se na sala para tomar chá com elas.

_ Pensamos que chegaria depois de amanhã. _ mencionou Rita.

_ Preferi a companhia do padre Liborio, o mesmo foi visitar o nosso convento e saber como estão os feridos, que ainda estão por lá. Melhor do que viajar sozinha.

_ Fez bem, não seria adequado uma jovem viajar sozinha. Ainda mais, após os acontecidos.

_ Mãe, decidi vim com o padre, pois ficaria entediada, sem ninguém decente para conversar. Não se preocupe, pois sei muito bem me defender.

_ Viu muitos feridos da guerra? _ perguntou Marisa, um pouco curiosa.

_ Sim senhora. Inúmeros inocentes, que perderam membros, e alguns a vida. Por causa de uma guerra sem sentido. Procuramos dar acalento, o máximo de conforto a essas pobres almas.

_ O filho, e o marido da Marisa, estiveram na guerra. Ela perdeu o marido. Mas, o filho retornou sem nenhum ferimento.

_ Eu sinto muito a sua perda. Porém fico feliz que o seu filho tenha retornado bem.

_ Obrigada. Rita, vou deixá-las, creio que tenham muito o que conversar. Vou preparar as coisas para o café, meu filho não demora a chegar.

_ Vou fazer o mesmo, Antônio deve chegar daqui a pouco.

Foi só falar no nome dele, que o mesmo cruzou a porta feito um vento.

_ Como ousa me envergonhar dessa forma? _ perguntou, no mesmo instante que desferiu um tapa no rosto da filha.

Nivia sentiu as bochechas queimarem. Porém não se dobrou as vontades do general.

_ Envergonha-lo? Não sei a que se refere. _ disse ela, ao levantar a cabeça e encara-lo diretamente.

_ Onde já se viu, uma moça decente andar sozinha por aí. Pedindo informações a estranhos. Deveria ter vindo acompanhada da estação até a minha casa.

_ Está reclamando porque vim a pé até aqui. Escute bem general, não preciso que ninguém me acompanhe. Vim perguntando, sim. Não sabia ao certo onde ficava a vila. Mas aqui estou, e já lhe aviso, não encosta a mão em mim, eu não vou passar pelo mesmo sofrimento que a minha mãe passou. Eu juro por Deus, que lhe dou um tiro.

_ Pensei que ao menos todos esses anos no convento iriam lhe servir para alguma coisa...

_ Acredite, serviram. Aprendi a me defender de homens como o senhor. E nem pense que vou deixar o senhor encostar a mão na minha mãe novamente. Essa é a última vez que o senhor me bate.

_ Veremos criança. Enquanto estiver sobre o meu teto, eu farei o que bem entender. E vou começar ensinando uma boa lição em você.

O general retirou o cinto. Rita, se colocou entre ele e a filha.

_ Por favor Antônio, ela é nossa filha, e acabou de chegar...

_ Sai da minha frente mulher. Ela precisa lembrar quem manda nessa casa. Tem que saber respeitar um homem.

Antônio, empurrou a Rita, a tirando do caminho.

Nivia, sem pensar duas vezes pegou o pequeno revólver que trazia na bolsa de mão, e apontou para o general.

_ Eu atiro se der mais um passo. E acredite, não vou errar.

_ Que diabos ensinaram a você nesse convento.

_ Se machucar a minha mãe novamente, ou pensar em me bater, vai descobrir o que aprendi durante esses anos de guerra. Não pense que voltei a essa casa por sua causa. Voltei pela minha mãe. E as coisas serão completamente diferentes a partir de agora, general.

_ Atira criança, você não tem coragem. Eu juro que vou lhe dar uma surra que nunca levou na vida.

Com o revólver martilhado, bastava apenas apertar o gatilho. Nivia, não pestanejou. Apertou, e acertou o braço do general de raspão.

_ Você é louca. Vou manda-la a um sanatório. _ disse ele aos gritos, levando a mão no braço.

Dois soldados entraram apressadamente na casa.

_ Isso, é só para que saiba que eu não tenho medo de atirar no Senhor. Errei de propósito, mas se encostar essas mãos sujas na minha mãe novamente, eu mato o senhor.

Rita chorava, abraçada na Marisa. A mesma incrédula com o que acabava de presenciar.

Os soldados se aproximaram.

_ General, o senhor esta bem?

_ Sim, saiam daqui.

Eles deram uma olhada na Nivia, e saíram.

_ Rita, vai pegar as coisas e faça um curativo no meu braço. _ ordenou ele.

_ Não precisa mãe, eu mesma faço. Continue o seu chá com a senhora Marisa. A propósito, hoje eu vou preparar o jantar. A senhora fique sentada, descanse um pouco. Senhora Marisa, está convidada para jantar conosco. É uma forma de me desculpar, pelo ocorrido.

_ Agradeço o convite, mas, meu filho chegará em breve...

_ Convide ele também. Não podemos afastar os amigos da família. Algo que me deixa muito surpresa, por terem alguém próximo. Vamos general, eu vou cuidar do seu ferimento.

_ Isso não vai ficar assim menina, você vai pagar caro por ter feito isso. _ disse o general se retirando furioso.

Nívia, se manteve tranquila. Guardando o revólver na pequena bolsa novamente.

_ Minha filha, não devia ter feito isso.

_ Vou tomar um banho, e começar o jantar. Senhora Marisa, avise ao seu filho para vir jantar aqui.

_ Não creio ser uma boa ideia. Talvez em outra ocasião.

_ Quer ocasião melhor? vamos comemorar uma vida nova.

_ Nivia, filha você...

_ Mãe, ele não vai mais tocar um dedo em você. Eu juro, que mato ele, se fizer isso.

_ Isso é pecado.

_ Tenho certeza de que Deus irá me perdoar. Agora vou tomar banho. Licença.

Nivia se retirou e foi para o quarto. Marisa olhou para a Rita.

_ Acho que as suas preocupações serão outras. O general não vai se atrever a bater em você outra vez.

_ Eu queria paz, e acho que terei uma guerra entre minha filha, e o meu marido.

_ Reze, e peça a Deus orientação. Agora preciso ir, o Matias deve chegar em breve.

_ Vocês virão jantar?

_ Creio que não é uma boa hora. Quem sabe em outra ocasião. Mas, agradeça a Nivia pelo convite.

_ Nos encontramos amanhã para ir ao mercado?

_ Claro, passarei aqui e iremos juntas.

Rita, acompanhou Marisa até a porta. Depois foi até o quarto rezar.

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