"O Trono das Cinzas: A Ascensão de Selena"

...🌹Griffin 🌹...

Estavam todos de luto.

Meu sobrinho havia acabado de morrer.

A rainha Briar também.

Ambos partiram no parto — ela tentando trazer vida ao mundo, ele sem forças para respirar.

E, mesmo assim, no meio da dor, o conselho já se movia como abutres em volta do trono.

Sutton, principalmente.

Aquele maldito velho que nunca gostou de mim, que sempre me olhou como um fardo a ser descartado.

Agora, ele tinha o argumento perfeito.

Com o herdeiro morto, e meu irmão afundado no luto, Sutton estava convencendo o rei a nomear Selena — minha sobrinha — como herdeira.

Mas aquilo não era sobre honra.

Nem sobre justiça.

Era uma manobra.

Eles queriam me tirar do poder.

Me afastar do trono.

Eliminar qualquer chance de eu ser o sucessor legítimo.

Porque Sutton sabia quem eu era.

Sabia do que eu era capaz.

Sabia o que eu desejava.

E meu irmão…

cego pela dor, pelo amor que sentia pela filha, não via nada disso.

Não via o que Sutton queria.

Não via o que ele estava prestes a perder.

Mas eu via.

E esperava.

Porque enquanto eles se movem nas sombras da corte, eu ainda respiro.

Ainda observo.

E não serei tirado do caminho tão facilmente.

...***...

Beirando a noite fui convocado pelo meu irmão. Tecnicamente, fui arrastado até lá pelos guardas. Já na sala do trono, ele perguntou, bem direto e frio, se eu tinha falado que seria novamente o herdeiro, agora com a morte de meu sobrinho. Disse que eu estava comemorando num bordel. Ele perguntou para mim de forma cruel, disse que, se eu não respondesse, eu seria preso. Então, eu falei: estava de luto, mas do meu jeito. E Dante falou:

— Seu sobrinho acabou de morrer. E sua nora. E você estava comemorando por ser o único herdeiro, rindo com as suas putas? Você teve coragem de fazer isso comigo? Logo eu, que sempre defendi você de todas as acusações!

E eu respondi:

— Você sempre tentou me afastar de você. Me casou com uma mulher de Del Monte, tão longe daqui, para me ter longe. E você nunca me deixa perto de você. Você não confia em mim. Prefere confiar naquele homem a mim, seu irmão.

E ele me falou:

— Você não tem honra, diferente dele.

Então eu disse para ele:

— Você é o rei mais fraco que já existiu, irmão. É por isso que todos ficam em volta de você — porque tem tudo que quer. É por isso que eles querem me afastar de você e nomear a Selena como herdeira, minha sobrinha. Porque, se ela estiver no trono, eles conseguiriam o que querem: me mandar de volta para Del Monte, para minha esposa.

E assim, fiquei furioso e saí da sala. E parti da Cidade Real.

...🌹Selena🌹...

Durante a noite, fui chamada pelo meu pai. O castelo estava em silêncio, e o vento soprava forte pelas janelas de pedra. Quando entrei no antigo salão sagrado, ele estava diante do altar, com a mão estendida sobre as velas acesas. A luz tremeluzente fazia seu rosto parecer mais velho, mais cansado... e mais arrependido.

Ele não olhou para mim de imediato. Apenas disse, com a voz grave e embargada:

— O maior dragão que existiu... foi o último que viu como era o mundo antes de nós. Antes dos homens... antes da ganância.

Fiquei parada por um instante, confusa e ferida. Então respondi com o coração apertado:

— Você não disse uma palavra comigo desde que minha mãe e meu irmão morreram. Nem uma. E agora quer falar de dragões? De lendas?

Ele então virou-se devagar para mim, com os olhos marejados.

— Responda o que eu perguntei — insistiu. — O que você vê quando olha para este lugar?

Respirei fundo, engolindo o nó na garganta. Observei o altar, as velas, os estandartes pendendo como sombras do passado. E respondi, com a voz trêmula, mas firme:

— Eu vejo... nossa família. Fragmentada, silenciosa, ferida. Todos dizem que somos deuses porque conseguimos controlar dragões. Mas a verdade? Sem eles... não somos nada. Essa fé cega em nosso sangue é só uma ilusão. O poder não vem de nascença. Vem de confiar, de entender, de liderar com sabedoria. Só assim alguém pode ser um rei... ou uma rainha.

Ele me olhou longamente. Seus olhos se suavizaram, e por um momento, vi neles a dor de um pai que demorou demais para enxergar. Ele se aproximou, abaixou-se diante de mim e segurou minha mão.

— Minha filha... — sussurrou. — Eu te dei mil desculpas. Te afastei. Te deixei sozinha quando mais precisava de mim. Tudo porque estava cego, buscando um filho homem, um herdeiro que nunca existiu. E todo esse tempo... minha verdadeira sucessora estava aqui, ao meu lado. Forte como o fogo. Corajosa como sua mãe. E agora eu desejo nomeá-la herdeira do trono. Não por obrigação... mas porque você é a única digna dele.

Fiquei imóvel. O coração batia tão alto que ecoava nos meus ouvidos. Por fim, consegui murmurar:

— Mas... e o meu tio? Ele não era seu escolhido? Não era o herdeiro?

Ele ergueu o rosto e respondeu com uma clareza cortante:

— Ele nunca foi forjado para a coroa. Ele a desejava... mas você foi feita por ela. Você nasceu para comandar, minha filha. Você... é o futuro.

Na manhã seguinte, os portões do castelo se abriram. Todos os lords, de cada canto do reino, chegaram com seus estandartes. E um a um, ajoelharam-se diante de mim: Caspian Drake, filha do rei, da linhagem Valehart. A família Vega. A família Harrison. A família Thorne. A poderosa família Dante. A fria e leal família Frost. A nobre linhagem Hawthorne. Os Northifield e tantas outras... todos juraram lealdade à nova herdeira legítima.

Naquele mesmo dia, meu pai me contou segredos que só um verdadeiro soberano poderia saber. Histórias guardadas pelo tempo, verdades escondidas em silêncio. E assim, fui nomeada videira do rei. A herdeira do trono do Sul. Futura soberana de todas as dinastias.

E nos olhos de cada um, naquele salão lotado de poder e expectativa... eu vi o início da minha era.

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