...🌹 Rei Dante Valen, o Primeiro de Seu Nome, o Senhor dos Reinos e Guardião da Coroa. 🌹...
Após a morte da minha amada esposa, fui chamado pelo conselho para uma reunião urgente. Mal consegui me vestir. Minha alma ainda estava soterrada sob o peso do luto, mas fui. Quando entrei na sala, a primeira coisa que perguntei foi:
— Onde está minha filha? Onde está Selena?
Mas ninguém respondeu de verdade.
— Há coisas mais urgentes, Vossa Majestade — disseram.
— A morte do herdeiro muda tudo.
O herdeiro.
Meu filho.
Meu único herdeiro homem, morto ao nascer.
Agora me restava apenas Selena. Minha filha. Minha primogênita.
Mas para eles… ela não contava.
Sem um filho homem, o trono passaria para meu irmão.
Griffin.
E todos ali — todos — tinham medo de Griffin.
Não medo de mim.
Medo de ele me matar.
Griffin era impulsivo. Cruel. Um tirano de nascença. Tinham pavor dele no comando. Mas ainda assim, queriam me pressionar. Me forçar a nomear outro herdeiro. Um homem.
Foi então que meu fiel conselheiro, Sutton, se levantou e disse:
— Vossa Majestade, há uma saída. Nomeie sua filha. Nomeie Selena como sua herdeira. Tire o trono das mãos de Griffin antes que ele tome o que não é dele… com sangue.
O silêncio caiu sobre a sala como uma lâmina.
E então vieram as vozes contrárias.
— Isso é absurdo! — gritou Leon Firmeiro, sempre o primeiro a se opor.
— Nunca houve uma mulher no trono! Isso não é tradição!
Sutton não recuou.
— O dever do conselho é proteger o povo. Mesmo que isso signifique quebrar uma tradição. Mesmo que isso signifique colocar uma mulher no trono.
As vozes se elevaram. Discussões. Argumentos vazios.
Foi quando perdi a paciência. Me levantei, com o coração em chamas e a garganta trêmula:
— Meu filho está morto! Minha mulher está morta!
— Calem a boca!
— Parem de querer que eu escolha entre minha filha e meu irmão como se fossem números em um tabuleiro! Como se eu não tivesse enterrado minha família com minhas próprias mãos!
Saí da sala com raiva. Com dor.
Porque tudo o que eles viam era um trono vazio.
E tudo o que eu via… era o vazio dentro de mim.
...🌹Lyra🌹...
Após a morte da rainha Briar, meu pai foi chamado para uma reunião com o rei, e depois disso me mandou chamar até sua sala. Eu estava profundamente triste, pois cresci ao lado da rainha Briar — uma mulher gentil, amorosa, sempre com um sorriso calmo no rosto. Sua filha, Selena, era minha melhor amiga. Vê-la sofrer daquela forma me destruía por dentro, principalmente porque eu sabia exatamente como era perder uma mãe.
Meu pai me olhou com um semblante sério, mas com os olhos pesados de dor.
— Ela era muito amada, minha filha — disse ele, com a voz baixa. — A rainha Briar... todos a amavam. Fico me lembrando de como éramos todos juntos. Era um tempo mais leve, mais feliz.
Eu assenti, engolindo o choro, e perguntei, hesitante:
— E o rei? Como ele está?
— Está arrasado. Devastado. Fechado no próprio luto, e ninguém consegue se aproximar dele. — Então ele me olhou nos olhos, com mais firmeza. — Por isso chamei você, minha filha. Quero que vá até ele. Converse com ele, conforte-o. Leve o alívio que só uma mulher pode oferecer.
Franzi a testa, sem saber se havia entendido direito.
— Nos aposentos dele... pai?
— Sim. Vá. Ele precisa de alguém, e você é bonita, inteligente, gentil. Ele apreciará sua visita. Faça isso por mim... e por ele.
Eu senti um nó apertar na minha garganta. Eu sabia o que meu pai esperava — não diretamente, mas as entrelinhas gritavam. Mesmo assim, obedeci. Vesti meu melhor vestido, de tecido nobre, e fui até os aposentos do rei.
Ao chegar, bati suavemente e fui recebida pelo silêncio. Entrei com delicadeza e o encontrei sentado, curvado sobre um pedaço de papel — uma carta, delicadamente dobrada em suas mãos. Era da rainha Briar. Com um olhar distante, ele a leu em voz alta, como se não se importasse com minha presença, ou como se, de alguma forma, quisesse dividir aquela dor com alguém.
"Meu amado, sei que não tenho mais muito tempo. Sinto meu corpo se desfazendo dia após dia, mas meu coração permanece cheio de amor por você. Quando eu me for, lembre-se de que sempre estarei ao seu lado, nos olhos de nossa filha, na brisa do jardim que plantamos juntos. Cuide dela, cuide do nosso povo. Você tem a força de um rei e a alma de um homem bom. Meu amor vai contigo até o fim dos tempos."
Ele terminou a leitura em silêncio. Fez-se um momento longo e pesado, até que, com voz baixa, me perguntou:
— O que a traz aqui?
Eu me aproximei com respeito e respondi:
— Vim saber como Vossa Majestade está se sentindo após a perda da rainha Briar e de seu filho. Trouxe um livro... achei que talvez ajudasse a acalmar sua mente.
Ele não sorriu, mas sua expressão suavizou um pouco.
— Aprecio sua visita — disse, com a voz rouca. — Mas não tenho tido forças para ler. Nem para dormir. Nem para me lembrar sem me ferir.
Então, depois de um longo suspiro, ele olhou diretamente para mim e disse:
— Fale-me da sua mãe. Como ela se foi?
Eu segurei o livro contra o peito e assenti levemente, sentando-me próxima a ele.
— Minha mãe... seu nome era Isabela. Ela era uma mulher forte, orgulhosa, mas doce como a brisa da primavera. Quando ficou doente, lutou até o último dia com um sorriso no rosto, tentando me proteger da dor que ela mesma carregava. Eu estava ao seu lado quando ela partiu... e nunca me senti tão só. Mas aprendi a viver com o buraco que ela deixou, mesmo que ele nunca tenha se fechado.
Olhei para o rei com suavidade.
— Sei como é, majestade. A dor não tem cura... mas ela encontra companhia em quem entende. Sinto muito. É horrível perder alguém que se ama.
Ele fechou os olhos por um momento, como se deixasse minhas palavras o atravessarem. Um silêncio respeitoso se instalou. Pela primeira vez desde que cheguei, ele parecia menos sozinho.
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Atualizado até capítulo 32
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