Carlos
Faz três dias que eu havia demitido o Xavier por incompetência, e perdi 15 minutos do meu precioso tempo, agora cá estou tentando achar alguém competente para o cargo , e só me aparece um bando de puta se jogando em cima de mim ou gagos que não aparenta o currículo que tem. Me fazendo perder mais tempo!
Aperto o botão - Branca me manda o próximo!
Gabriela
Era o terceiro café que Gabriela tomava naquela manhã. O amargo já não incomodava mais — acostumou-se ao gosto da resistência. Sentada em uma das poltronas de couro do 39º andar do edifício Rivera & Associates, ela mantinha as mãos firmes sobre o joelho, os dedos entrelaçados, como quem rezava em silêncio para o destino não virar as costas. Gabriela Garcia era uma jovem de ruiva, com saradas, e olhos verdes, pele branca como a neve ( rss), apesar de não ter muito dinheiro, estava vestida com um terninho feminino elegante e simples, salto médio de bico fino e com cabelos soltos. Estava no meio de uma fila entre pessoas tremendo e mulherescom roupas que só falta mostrar o útero. Até pensou que estava no lugar errado quando chegou.
A vista lá de cima era deslumbrante, mas Gabriela nem olhava. Estava concentrada. Atenta. Respirava devagar, ensaiando mentalmente suas falas. Sabia que aquele momento era, talvez, a única chance real que teria de mudar sua vida. E quando se vinha de onde ela viera, não se desperdiçava uma chance dessas.
Tinha apenas 23 anos, mas seu rosto carregava a seriedade de quem viveu o suficiente para saber que o mundo não oferece nada de graça. Gabriela cresceu em um orfanato nos arredores de Queens, depois que seus pais morreram em um incêndio de cortiço quando ela tinha só quatro anos. Nunca soube ao certo o que era ter uma família de verdade, mas aprendeu, desde cedo, a construir uma para si — com amigos, professores, e principalmente com o próprio esforço.
A adolescência foi marcada por livros emprestados, empregos de meio período e muitas noites insones estudando à luz de postes, quando a energia da pensão onde morava era cortada por falta de pagamento. Conseguiu uma bolsa integral para uma das universidades comunitárias mais respeitadas da cidade, graças a uma redação emocionante sobre resiliência e ética. Formou-se em Administração com honras, mas o mundo corporativo não era gentil com sobrenomes anônimos e roupas simples.
Ainda assim, ela persistia. Era assim que sobrevivia: um passo de cada vez, um “não” de cada vez, até o “sim” aparecer.
E agora estava ali. Diante da oportunidade de sua vida.
— Gabriela Garcia? — chamou a secretária com um leve sorriso. — O senhor Rivera vai recebê-la agora.
Gabriela se levantou com elegância. Seus sapatos eram baratos, mas era elegante. A calça social não era de marca , mas bem passada. Ela mantinha o que tinha com dignidade. Olhou para a secretária, agradeceu com um aceno e entrou na sala.
A primeira impressão foi o silêncio. Aquele tipo de silêncio que pesa, que impõe respeito. A sala era grande, moderna, quase minimalista. Atrás de uma enorme mesa preta, um homem estava de pé, de costas, observando a cidade pela parede de vidro. Alto, terno perfeitamente alinhado, mãos nos bolsos. Carlos Rivera.
Ela já ouvira falar dele, claro. Quem nunca? O CEO mais temido do ramo jurídico mundial. Inteligente, implacável, solitário. Rumores diziam que ele havia demitido seu último agente, Xavier, após uma falha mínima de logística. Outros diziam que Carlos nem gritava: apenas olhava, e a pessoa pedia demissão sozinha.
Carlos se virou devagar, os olhos azuis fixos nela. Não disse nada. Apenas a analisou, como quem escolhe uma peça de xadrez.
— Gabriela Garcia? — Sua voz era firme, controlada.
— Sim, senhor. É um prazer conhecê-lo.
— Sente-se.
Ela obedeceu.
— Seu currículo é... atípico — começou ele, folheando um papel. — Nenhuma grande empresa. Nenhuma multinacional. Nenhum sobrenome relevante. E ainda assim, quer ser minha agente pessoal?
— Sim, senhor.
Carlos estreitou os olhos.
— Por quê?
Gabriela inspirou, mantendo o olhar firme.
— Porque ninguém vai trabalhar tão duro quanto eu. Cresci em um orfanato, senhor Rivera. Aprendi a me virar sozinha, a ouvir mais do que falar, a agir rápido e pensar melhor. Sei o que é correr atrás. E sei obedecer. Mas mais do que isso, sei observar. Entender pessoas. Sou discreta, organizada, leal. E não tenho absolutamente nada a perder — disse, com a voz segura.
Carlos permaneceu em silêncio por longos segundos. Ela soube que aquele era o teste.
— Você sabe com o que está lidando? — perguntou ele, finalmente. — Meu último agente errou uma reserva de jato em quinze minutos. Quinze. Sabe o que aconteceu com ele?
— Demissão — respondeu ela, sem hesitar.
Carlos deu um leve sorriso. Não de prazer — mas de análise. Como se estivesse testando a resistência da parede.
— Eu não preciso de alguém que “tente”. Preciso de alguém que entenda. Que saiba o que fazer antes que eu diga. Que antecipe. Que desapareça quando não for necessário e esteja presente antes mesmo que eu perceba que preciso.
Gabriela assentiu.
— Eu sou essa pessoa. Só preciso que o senhor me deixe provar.
Carlos caminhou lentamente até a mesa, sentando-se à frente dela. Por alguns instantes, ficou apenas observando.
— Conte-me algo que não está no seu currículo.
Gabriela respirou fundo. Aquela era a hora de mostrar quem era.
— Aos dezesseis anos, eu trabalhava como garçonete num restaurante de beira de estrada. Um dia, um cliente deixou a conta sem pagar e foi embora. A dona quis descontar do meu salário, mas eu sabia que não era justo. Então fui atrás do homem. Peguei o endereço do carro pelas câmeras, encontrei onde ele morava, bati na porta e pedi que pagasse. Ele ficou tão impressionado que não só pagou, como me deu uma gorjeta maior que meu salário do mês. Desde então, nunca deixo nada passar.
Carlos cruzou os braços, pensativo.
— E por que Administração? Por que não Direito?
Gabriela sorriu de canto.
— Porque eu não queria apenas entender as regras... queria aprender a gerir quem as cria.
Houve um breve silêncio. Depois, Carlos se recostou na cadeira.
— E se eu mandar você para o outro lado do mundo amanhã, com um aviso de dez minutos?
— Eu pergunto só uma coisa: qual fuso horário o senhor prefere que eu use para te mandar os relatórios.
Carlos soltou uma risada curta, quase imperceptível. A primeira em muito tempo.
— Você tem coragem. Isso é raro.
Gabriela inclinou levemente a cabeça.
— Não é coragem, senhor. É necessidade.
Carlos ficou em silêncio por mais alguns segundos. Então, sem dizer mais nada, apertou um botão na mesa.
— Branca, envie a agenda completa da próxima semana para a candidata. Inclua os eventos de Londres e o jantar com o embaixador do Qatar.
— Sim, senhor.
Gabriela sentiu o coração disparar. Mas manteve o rosto impassível.
Carlos a olhou mais uma vez, como quem grava a imagem de uma peça recém-adicionada ao tabuleiro.
— Está contratada. Mas entenda: não me comova sua história. Me convença com resultado.
Gabriela se levantou, estendeu a mão.
— Obrigada pela oportunidade. Não vou decepcioná-lo.
Ele apertou a mão dela — firme, rápido.
— Espero que não.
Quando Gabriela saiu da sala, o mundo parecia maior. Não porque tivesse vencido, mas porque sabia que o jogo apenas começava.
Ela não era ninguém, ainda. Mas agora, estava ao lado de um dos homens mais poderosos do mundo — e tinha algo que ninguém mais ali parecia ter: fome. Fome de vencer. Fome de mudar seu destino. E, talvez, com o tempo... fome de entender o que havia por trás daquela armadura chamada Carlos Rivera.
Gabriela Garcia
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Rafael Javarini
linda combina os dois
2025-07-25
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