Demônios Internos (BakuDeku)
Capítulo 2: "Cicatrizes Invisíveis"
O silêncio entre eles persistia mesmo depois de chegarem ao pequeno apartamento de Bakugou. Era um lugar simples, abafado pelo cheiro de café e de algo queimado — típico dele. Izuku sentou no sofá enquanto Bakugou tirava o casaco e pegava uma manta no armário.
Bakugou
— Tira essa roupa molhada, Deku. Vai acabar ficando doente.
Izuku
— Desde quando você se importa?
A pergunta saiu antes que ele pudesse conter. Não havia veneno nela, apenas uma dor sincera, a mesma que transbordava pelos olhos verdes que olhavam o chão.
Bakugou
— Desde sempre, porra… só não sabia como mostrar.
Ele jogou a manta sobre Izuku e sentou ao lado, os joelhos quase se encostando. O calor entre eles era tímido, hesitante, mas presente.
Izuku
— Você me odiava… me empurrava, me xingava, me humilhava… como pode dizer isso agora?
Bakugou
— Porque eu também me odiava.
A confissão caiu pesada no quarto. Izuku virou lentamente o rosto, encarando o perfil de Bakugou iluminado apenas pela luz fraca do poste lá fora.
Izuku
— Você também tem demônios, né?
Bakugou soltou uma risada seca, amarga.
Bakugou
Bakugou:
— Eu sou feito deles. Raiva, culpa, medo… Eu achava que se eu te afastasse, te ferisse, você ia desistir de mim.
Bakugou
Que era melhor te perder por escolha minha do que te ver ir embora de outra forma.
Izuku
— Eu nunca quis ir embora.
Bakugou
— Eu sei disso agora. Mas antes… antes eu só queria calar tudo dentro da minha cabeça. E te machucar era fácil. Você sempre tava lá, brilhando, tentando salvar todo mundo, até mesmo a mim.
Izuku respirou fundo, tentando segurar o nó na garganta.
Izuku
— Você não precisa se punir mais. Eu já te perdoei, Kacchan.
Bakugou
— E eu nunca me perdoei.
O silêncio voltou, mas dessa vez era diferente. Era um silêncio que ouvia, que compreendia. Um silêncio que dizia “você não está sozinho”.
Izuku deitou a cabeça no ombro de Bakugou, como fazia quando era criança, antes que tudo tivesse se quebrado entre eles.
Izuku
— Eu só quero paz… um lugar onde essas vozes parem de gritar.
Bakugou
— Então fica aqui. Fica comigo. Não vou prometer que os demônios vão sumir… mas prometo que você não vai mais enfrentá-los sozinho.
Lá fora, a neve começava a cair de novo. Mas ali dentro, no calor da presença um do outro, Izuku sentiu — ainda que por um segundo — que talvez, só talvez… ele ainda pudesse ser salvo.
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