Até então, eles só conseguiram uma ou duas pessoas feridas que atravessaram a barreira. A maioria delas não tinha um arranhão sequer, que era o que queriam. Felizmente, se alguém entrasse ferido e fosse por outro humano, eles não precisariam se preocupar.
Ninguém podia entrar na cidade sem permissão. Ninguém sabia ao certo como funcionava, mas era assim que sempre foi. A cidade só aparecia para quem precisava e para quem tinha amigos na cidade.
Eles provavelmente também queriam descobrir se o incidente havia ocorrido na cidade ou fora dela. Ninguém queria que ninguém se machucasse ali, não quando deveria ser um refúgio seguro.
“Ainda não sei. Ela se machucou fora da cidade. Fomos avisados de que alguém entrou pelas barreiras e a ouvimos gritar”, explicou Dante. “Eu soube imediatamente que era minha companheira. Ela estava bem desmaiada de tanta dor. Para verificar a perna dela, tiveram que sacrificá-la, já que ela gritava muito.”
"Você não cuidou dos ferimentos dela?", perguntou Tobi.
Não. Ela gritou de dor quando soltei a mão dela. Sem dúvida a dor piorou porque eu não estava tocando nela.
"Ótimo. E o que exatamente há de errado com a perna dela?"
“Ela tem uma fratura no fêmur e um corte feio na perna.”
Dante queria saber como ela havia se machucado. O que ela fez para causar um ferimento como aquele? O que ela estava pensando? Será que ela estava em sã consciência? Há quanto tempo ela andava com a perna?
Eram todas perguntas muito importantes e ele não teria as respostas até que ela acordasse. E mesmo quando ela acordasse, não havia garantia de que as perguntas seriam respondidas. Ela poderia ter um milhão de perguntas e não responder a nenhuma das dele.
“Quanto tempo vai demorar para ela se curar?”, perguntou Tobi.
Essa era uma questão que dependia de muitas coisas.
"Pode ser de três meses a um ano inteiro. Depende se ela tenta andar sobre o objeto quando não deveria e se segue ordens", disse Dante. "Espero que sejam os três meses, mas tenho um pressentimento de que não vai ser."
"Se precisar de alguma coisa, avise-nos. Estamos aqui para você. E enquanto estiver na nova fase com ela, não precisa vir trabalhar, a menos que seja absolutamente necessário", explicou Tobi. "Tire o mês de folga obrigatório para conhecê-la e ajudá-la a se acostumar com o estilo de vida aqui. Você provavelmente vai precisar, assim como todo mundo."
Ele estava ansioso pelo mês de folga, mas tinha a sensação de que não seria exatamente um mês.
"Vai ser o dia em que não teremos nenhuma das meninas brigando e se adaptando bem. Mas é um choque para todos, então não vai acontecer tão cedo", Tobi riu perto do fim. "Mas estamos falando sério, Dante. Se precisar de alguma coisa, avise qualquer um de nós. Teremos prazer em ajudar. Você sabe que as pessoas já estão cozinhando e colocando coisas na sua casa. Todos nós temos a sensação de que você vai passar o tempo com ela e não vai poder cozinhar muito. Mas ela está perdendo, porque você cozinha muito bem."
Dante sabia que sabia cozinhar, mas não diria que era incrível.
"Talvez você devesse ser o cozinheiro da matilha em vez de um dos curandeiros. Mas você é incrível no que faz, então não pode mudar de emprego."
"Há outros curandeiros também", disse Dante. "Curadores que são mais incríveis do que eu. Eles poderiam fazer o trabalho sem mim."
Tobi acenou com as mãos no ar.
"Sim, mas você é bom. Você é paciente e gentil com todos. Você sabe que o Dimitri não é assim. Bem, ele é um bom curandeiro, é baixo e não aceita nem dá bobagens", disse Tobi.
Isso foi um eufemismo. Muita gente gostava de ir até o Dimitri, mas muita gente também não gostava. Ele era o cara que, se alguém não quisesse nada açucarado, ia até ele.
"Bem, vou deixar você em paz. Estou ansioso para conhecer sua amiga quando ela estiver mais a fim", disse Tobi.
"Obrigado, Alfa. Agradeço muito", respondeu Dante.
Tobi saiu do quarto e ficou sozinho novamente com sua companheira.
Dante olhou para ela e observou suas feições mais uma vez. Seu cabelo era castanho-escuro e ondulado, quase cacheado. Ele vira brevemente seus olhos castanho-esverdeados quando correra em sua direção no campo. Ainda se lembrava deles ficando mais brilhantes quando o sol os iluminava.
Ele mal podia esperar para ouvir como a voz dela realmente soava. Não conseguia apreciá-la naquele momento, já que ela estava machucada. Estava mais preocupado com o bem-estar dela do que com o som da sua voz.
Dante se levantou da cadeira e abriu a geladeira. Em algumas enfermarias já havia mamadeiras prontas para casos como este. Ele sentia Revna começando a acordar lentamente e queria alimentá-la enquanto ela acordava.
Nem todos na cidade usavam mamadeiras com seus filhos pequenos ou médios, mas vários usavam. Ele era um deles, a menos que sua namorada odiasse mamadeiras e fosse um não definitivo. Aí ele atendia aos desejos dela e não as usava.
Mas Dante tinha a sensação de que não seria um limite rígido.
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