Com um último aceno de despedida, ela se virou e saiu do quarto, com o coração pesado de preocupação, mas com uma determinação inabalável. Ela precisava manter Jay seguro, mesmo que isso lhe custasse todo o resto.
Rosalie levantou o vestido e correu pelo antigo palácio, seus saltos ecoando pelos corredores assustadoramente silenciosos em direção à sala de jantar. Dois guardas em armaduras prateadas e azuis estavam do lado de fora das enormes portas que davam para o refeitório.
Eles acenaram para ela e abriram as portas em seu nome. A luz das velas fluía dos lustres acima, refletindo na toalha de mesa carmesim e na mulher nua e pálida que estava deitada sobre a mesa. Rastros finos de sangue escorriam das fileiras de buracos ao longo de seu corpo, de onde os vampiros reunidos haviam começado seu banquete.
O Rei Dominick estava sentado à cabeceira da mesa, com uma taça de cristal pendurada em suas mãos grandes. Era uma figura alta e imponente, com ombros largos e uma constituição musculosa que chamava atenção, mesmo quando estava do outro lado da sala. Seu cabelo escuro era curto e cuidadosamente penteado, combinando com a barba aparada que crescia ao longo de seu maxilar poderoso. Cada parte dele estava à vontade, exceto pelos olhos âmbar. Ele estreitou os olhos quando ela entrou, e a conversa ao redor da mesa cessou imediatamente.
"Rosalie", disse ele friamente. "Você está atrasada."
Ela engoliu em seco e abaixou a cabeça. "Sim, Majestade, peço desculpas."
"Espero que você tenha um bom motivo para seu atraso?"
"Claro, Majestade." Rosalie sentou-se e tentou evitar que as mãos tremessem. "Tenho tido dificuldade em manter uma rotina noturna para comparecer pontualmente a esses jantares. Ultimamente, tenho acordado cada vez mais tarde..."
O olhar de Dominick mostrou que ele sabia que era mentira. Claro que sabia. Ele não era tolo. Humanos como Rosalie não prosperavam em um mundo de vampiros e depois ficavam com medo da escuridão. Foi um passo em falso, e quando ele abriu a boca, certamente para contradizer a história dela, outro vampiro se adiantou.
"Humanos", zombou a mulher, agitando um leque preto e branco. "Eles são tão frágeis e, como as plantas, começam a adormecer quando são privados da luz solar."
"Muito mais saboroso que plantas, você não concorda?", outra voz se juntou a ela, fazendo o sangue de Rosalie gelar, enquanto o resto da mesa caía na gargalhada.
Ela ergueu os olhos para encontrar o olhar frio, porém brincalhão, do irmão Roland. Roland era quatro anos mais velho que ela, mas não aparentava mais isso desde que Dominick o transformara em vampiro, mais de quinze anos antes. Assim como o rei que ela preferiria evitar naquele momento, ela e o irmão não se davam exatamente bem.
Ainda bem que ele nunca teve muito interesse em preservar sua mortalidade ou em conviver com humanos depois de se transformar. Rosalie mal o vira na última década, especialmente desde que Jay nascera, já que ele passava todo o tempo com Dominick ou como seu emissário nos outros reinos — ultimamente, ela aprendera muito mais sobre os feitos de Roland na corte do Rei Vinir do que jamais se importaria em saber.
Mas, devido ao desinteresse dele por ela e pela vida dela, ele ainda não sabia sobre seu filho, Jay, e precisava continuar assim.
Dominick riu junto com os outros vampiros que riam. Ele pousou a taça e se inclinou para frente para observá-la melhor. "Pequena e frágil Rosalie, acho que posso fazer uma concessão por você esta noite, já que você nunca usou sua fragilidade humana como desculpa comigo antes, então deve ser verdade. Mas você terá que compensar a ausência da sua companhia." Ele gesticulou para a cadeira vazia ao seu lado. "Sente-se."
Rosalie engoliu o orgulho e ofereceu ao rei um sorriso agradecido, genuinamente grata por ter conseguido chegar à mesa sem ser humilhada pelo rei. Ele e sua corte de vampiros gostavam de zombar dos humanos com frequência, e ela raramente evitava se tornar alvo de suas provocações. Mas Rosalie não conquistou uma reputação poderosa o suficiente para conquistar o interesse do rei sem poder se defender dos vampiros.
Ela se sentou ao lado de Dominick, logo atrás da cabeça da mulher que descansava na mesa. Mais perto dela, Rosalie conseguia ver o peito da mulher subir e descer suavemente e ouvir a respiração ofegante que saía de seus lábios.
Rosalie olhou para Dominick. "Ela ainda está viva?", perguntou, embora já soubesse a resposta. Jantares como este costumavam ser parte regular de suas relações com Dominick, mas, por causa da maldição sobre o palácio, o rei não estava desperdiçando vidas humanas levianamente como costumava fazer. Afinal, elas eram limitadas, contanto que estivessem isoladas do mundo exterior.
Dominick assentiu, os olhos brilhando com uma fome que a arrepiou. "Claro. A melhor maneira de aproveitar um humano é deixá-lo viver o máximo possível enquanto se alimenta. Mas você já sabe disso, não é?"
A mulher na mesa gemeu então, e Roland riu baixinho do seu lugar do outro lado dela. Ele estendeu a mão e passou um dedo pela bochecha da mulher, traçando a linha do seu maxilar antes de descer mais para roçar a curva dos seus seios.
"O que você diz, irmã? Vamos participar?", perguntou ele, com a voz carregada de diversão e algo mais — algo sombrio que Rosalie não queria identificar.
Ela balançou a cabeça. "Eu não ousaria."
Roland arqueou uma sobrancelha para ela. "Ah, é verdade. Acho que continuo esquecendo o quão terrivelmente humana você é."
"Diga-me, você já provou o sangue da sua irmã, Roland?", perguntou a vampira com o leque dobrável. Ela era uma das seis vampiras selecionadas para a festa daquela noite, com os lábios finos e vermelhos realçados por batom carmesim e os olhos realçados por delineador preto e rímel. "Eu sempre me perguntei. Não é todo dia que você encontra um vampiro com parentes humanos ainda intactos. Geralmente, eles são os primeiros a morrer, se é que você me entende."
Os olhos de Roland piscaram, mas ele não olhou para Rosalie. Isso foi bom porque ela sentiu que estava ficando pálida com a forma como os outros vampiros a olhavam e sentiu o olhar de Dominick queimando em seu flanco.
O olhar dele era sempre intenso, sempre queimando e encarando-a como se ela fosse uma posse — como fazia quando estavam juntos há muito tempo.
Para ele, ela sempre fora uma posse. Uma posse que ele não deixara de reivindicar só porque ela o abandonara.
"Embora eu tenha me sentido tentado, não, não posso dizer que sim", disse Roland casualmente. "Infelizmente, Rosalie tem uma atitude tão teimosa que sua imundície azedaria o gosto do seu sangue, e eu não podia arriscar que ela estragasse meu paladar por meses só para saciar uma curiosidade."
"Claro que não", riu outro vampiro, um homem vestido regiamente que Rosalie só conhecera algumas vezes. "Uma vez bebi de uma velha que teve uma alimentação ruim a vida toda, e o gosto do sangue dela era horrível..."
Rosalie se remexeu na cadeira enquanto a conversa sobre o pior sangue que os vampiros já tiveram o desprazer de beber circulava pela mesa. Enquanto isso, Roland se inclinou sobre a mulher sentada à mesa e cravou os dentes em seu pescoço, saciando sua sede de uma vez por todas.
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Comments
Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca
que escória já vi que vou passar muita raiva lendo esse livro mais estou adorando cada capítulo da história
2025-04-22
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