Capítulo 2 – Linhas de Atrito

no saguão do campus, um lugar amplo com paredes de vidro e mesas de mármore, onde a luz do sol entrava em diagonais perfeitas, iluminando cada detalhe do espaço. Ayden havia chegado quinze minutos antes, como sempre fazia, pontualidade sendo uma de suas muitas obsessões. Seu sketchbook estava aberto sobre a mesa, a caneta deslizando com precisão entre traços retos e sombras calculadas, cada movimento um testemunho de seu controle meticuloso.

Kai chegou com o sol refletindo em seus piercings, a mochila caída nas costas de um jeito que sugeria desleixo, mas também uma certa rebeldia calculada. Jogou-se na cadeira à frente de Ayden, esticando as pernas com um suspiro entediado, como se já estivesse cansado antes mesmo de começar.

— Que animado você tá — Ayden disse, sem erguer os olhos do papel, a voz tão seca quanto o traço de sua caneta.

— Você tá animado o suficiente pelos dois — retrucou Kai, apoiando o queixo na mão, os dedos batendo uma batida irregular na mesa. — Qual é o plano, chefe? Você me manda desenhar enquanto finge que fizemos juntos?

Ayden ergueu os olhos, o olhar cortante como vidro, capaz de furar até a couraça de indiferença de Kai.

— O plano é que eu não preciso que você faça nada. Só não atrapalhe.

Kai sorriu, daquele jeito que irritava mais do que qualquer insulto. Um sorriso que dizia: eu sei que você me odeia, e eu adoro isso.

— Relaxe, príncipe. Eu sei desenhar. Só não sigo a cartilha da perfeição.

— Ah, é. Você prefere o caos estilizado e sem técnica.

— E você prefere um caixão de regras onde a criatividade vai pra morrer.

A tensão crescia a cada troca de palavras, o ar entre eles carregado de uma eletricidade quase palpável. O contraste entre os dois era quase simbólico — como se a proposta do trabalho tivesse sido pensada só para eles, uma ironia do destino ou, quem sabe, um teste cruel do professor.

— “Conflito e Contraste”… — Ayden murmurou, batendo a ponta da caneta contra a mesa, o som ecoando como um metrônomo. — Talvez o professor tenha feito isso de propósito.

— Aposto que sim — Kai riu, o som áspero e despretensioso. — Deve ser fã de reality show.

— Isso aqui é sério, Kai. Essa apresentação vale 30% da nota final.

— Relaxa. Eu não tô aqui pra afundar ninguém. Não sou tão cruel.

— Só preguiçoso.

— E você, só é insuportável.

O silêncio caiu sobre a mesa por alguns segundos, mas havia algo nele que não era vazio. Era denso. Tenso. Como um campo magnético prestes a entrar em curto, a energia entre eles acumulando-se em ondas invisíveis.

Kai se levantou primeiro, pegando uma caneta qualquer da mochila, um modelo barato que ele provavelmente havia roubado de alguma sala de aula.

— Ok, me mostre o que você tem aí. Vamos ver se sua perfeição sabe trabalhar em equipe.

Ayden hesitou, os dedos tensionando por um instante antes de virar o sketchbook. Havia uma cena rascunhada: dois personagens presos dentro de uma moldura quebrada, um em preto e branco, com linhas precisas e sombras impecáveis, o outro em cores vibrantes, quase transbordando dos limites do papel.

Kai se aproximou, os olhos vagando pelo desenho, a postura relaxada dando lugar a uma atenção incomum. Por um momento, ele ficou sério, a máscara de desdém escorregando.

— Isso é... bom.

— “Bom”? — Ayden franziu o cenho, como se a palavra fosse um insulto disfarçado.

— Não me entenda mal. Eu detesto admitir, mas... tem algo aí.

Ayden observou Kai com cautela, os músculos da mandíbula tensionados. Aquela mudança súbita no tom, quase respeitosa, era desconcertante. Não era o que ele esperava.

Kai se sentou de novo, pegou seu próprio sketchbook e o abriu com um movimento brusco. O estilo era completamente diferente: rabiscos soltos, linhas curvas e distorcidas, como se cada traço fosse um reflexo direto de seus pensamentos. Mas havia expressão, força, intensidade — algo que Ayden não podia ignorar, por mais que tentasse.

Ayden não quis admitir, mas aquilo também... era bom.

Talvez, pensou ele com irritação, o problema fosse exatamente esse. Eles eram bons demais… um ao lado do outro. E isso, de alguma forma, era pior do que qualquer rivalidade.

Capítulos
1 Capítulo 1 – Traços Incompatíveis
2 Capítulo 2 – Linhas de Atrito
3 Capítulo 3 – Rascunhos de Guerra
4 Capítulo 4 – Fricção Criativa
5 Capítulo 5 – Camadas em Colisão
6 Capítulo 6 – Entre Linhas e Olhares
7 Capítulo 7 – Faíscas no Salão
8 Capítulo 8 – Interferências e Intenções
9 Capítulo 9 – Entre Tintas e Silêncios
10 Capítulo 10 – Linhas Cruzadas
11 Capítulo 11 – Rascunhos de Verdade
12 Capítulo 12 – Luzes Apagadas
13 Capítulo 13 – Ecos de Cor
14 Capítulo 14 – Linhas Sobre a Pele
15 Capítulo 15 – Toques e Confissões
16 Capítulo 16 – Entre o Vício e a Cor
17 capítulo 17 – Esboços de Ciúme
18 Capítulo 18 – Camadas de Confronto
19 Capítulo 19 – Camadas de Confronto
20 Capítulo 20 – Impulsos e Linhas Tortas
21 Capítulo 21 – Entre Manchas e Marcas
22 Capítulo 22 – Olhares em Silêncio
23 Capítulo 23 – Sob a Pele
24 Capítulo 24 – Respingos de Verdade
25 Capítulo 25 – Farpas e Possessividade
26 Capítulo 26 – Sussurros em Chamas
27 Capítulo 27 – Explosão de Desejo
28 Capítulo 28 – Fronteiras do Desejo
29 Capítulo 29 – Descontrole Consentido
30 Capítulo 30 – Presenças e Frestas
31 Capítulo 31 – Estímulos em Concorrência
32 Capítulo 32 – Marca Registrada
33 Capítulo 33 – Labirinto de Olhares
34 Capítulo 34 – Linhas Rachadas
35 Capítulo 35 – Silêncio e Feridas
36 Capítulo 36– Reaprendendo o Outro
37 Capítulo 37– Ensaio de Nós Dois
38 Capítulo 38 – Despertar em Chamas
39 Capítulo 39– A Fome do Outro
40 Capítulo 40– O Que Escapa Sem Querer
41 Capítulo 41 – O Que Arde em Silêncio
42 Capítulo 42 – O Lado Que Não Mostro
43 Capítulo 43 – Entre Paredes e Promessas
44 Capítulo 44 – A Linha Tênue
45 Capítulo 45 – O Peso Não Dito
46 Capítulo 46 – Nas Entrelinhas do Silêncio
47 Capítulo 47 – Confissões em Silêncio
48 capítulo 48- entre palavras
49 Capítulo 49 – Tatuado em Mim
50 Capítulo Final – Entre Cores e Promessas
Capítulos

Atualizado até capítulo 50

1
Capítulo 1 – Traços Incompatíveis
2
Capítulo 2 – Linhas de Atrito
3
Capítulo 3 – Rascunhos de Guerra
4
Capítulo 4 – Fricção Criativa
5
Capítulo 5 – Camadas em Colisão
6
Capítulo 6 – Entre Linhas e Olhares
7
Capítulo 7 – Faíscas no Salão
8
Capítulo 8 – Interferências e Intenções
9
Capítulo 9 – Entre Tintas e Silêncios
10
Capítulo 10 – Linhas Cruzadas
11
Capítulo 11 – Rascunhos de Verdade
12
Capítulo 12 – Luzes Apagadas
13
Capítulo 13 – Ecos de Cor
14
Capítulo 14 – Linhas Sobre a Pele
15
Capítulo 15 – Toques e Confissões
16
Capítulo 16 – Entre o Vício e a Cor
17
capítulo 17 – Esboços de Ciúme
18
Capítulo 18 – Camadas de Confronto
19
Capítulo 19 – Camadas de Confronto
20
Capítulo 20 – Impulsos e Linhas Tortas
21
Capítulo 21 – Entre Manchas e Marcas
22
Capítulo 22 – Olhares em Silêncio
23
Capítulo 23 – Sob a Pele
24
Capítulo 24 – Respingos de Verdade
25
Capítulo 25 – Farpas e Possessividade
26
Capítulo 26 – Sussurros em Chamas
27
Capítulo 27 – Explosão de Desejo
28
Capítulo 28 – Fronteiras do Desejo
29
Capítulo 29 – Descontrole Consentido
30
Capítulo 30 – Presenças e Frestas
31
Capítulo 31 – Estímulos em Concorrência
32
Capítulo 32 – Marca Registrada
33
Capítulo 33 – Labirinto de Olhares
34
Capítulo 34 – Linhas Rachadas
35
Capítulo 35 – Silêncio e Feridas
36
Capítulo 36– Reaprendendo o Outro
37
Capítulo 37– Ensaio de Nós Dois
38
Capítulo 38 – Despertar em Chamas
39
Capítulo 39– A Fome do Outro
40
Capítulo 40– O Que Escapa Sem Querer
41
Capítulo 41 – O Que Arde em Silêncio
42
Capítulo 42 – O Lado Que Não Mostro
43
Capítulo 43 – Entre Paredes e Promessas
44
Capítulo 44 – A Linha Tênue
45
Capítulo 45 – O Peso Não Dito
46
Capítulo 46 – Nas Entrelinhas do Silêncio
47
Capítulo 47 – Confissões em Silêncio
48
capítulo 48- entre palavras
49
Capítulo 49 – Tatuado em Mim
50
Capítulo Final – Entre Cores e Promessas

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