A casa dos Sullivan ficava em um bairro nobre de Nova York. Um sobrado elegante de arquitetura clássica, janelas amplas e um jardim frontal impecável. Dentro, o aroma de ervas e carne assada preenchia o ar. A doutora Isabelle Bennett, mãe de Aurora, girava os talheres sobre a mesa com um sorriso animado.
— Você está linda, meu amor. — disse ela, ajeitando uma mecha dos cabelos ruivos da filha. — Aposto que eles vão ficar encantados.
— Mãe! — Aurora riu, envergonhada. — É só um jantar de boas-vindas... Não é nada demais.
— Nada demais? — o pai dela, doutor Henry Sullivan, entrou na sala com as sobrancelhas arqueadas. — Dois dos homens mais poderosos de Nova York jantando aqui com a nossa filha? Eu diria que é bem demais.
Aurora rolou os olhos, mas mal podia negar o frio na barriga.
Ela usava um vestido vinho justo que marcava a cintura fina e o quadril com elegância. Os cabelos estavam soltos em ondas suaves, e os lábios pintados de vermelho profundo. Não era uma escolha inocente — queria causar.
Às 20h em ponto, a campainha tocou.
Ao abrir a porta, Aurora prendeu o ar por um instante. Liam estava à frente, com um terno preto perfeitamente ajustado, olhar firme e postura impecável. Noah, logo atrás, mais descontraído, usava um blazer aberto e camisa dobrada até os antebraços. Os dois pareciam saídos de uma revista de moda.
— Boa noite. — Liam disse, com um sorriso educado. — Obrigado pelo convite.
— O prazer é nosso. — Helen respondeu, apertando a mão dos dois. — Entrem, por favor.
Noah beijou a mão dela com charme e lançou um olhar sugestivo para Aurora.
— Você está deslumbrante.
— Obrigada. — ela respondeu, sentindo o olhar de Liam percorrê-la da cabeça aos pés, silencioso, porém intenso.
Durante o jantar, a conversa fluiu com facilidade. Henry falava sobre cirurgias e gestão hospitalar, enquanto Heleh perguntava curiosa sobre os projetos da Martin Group. Aurora tentava focar nos assuntos, mas a presença dos dois irmãos à mesa, cada um de um lado seu, tornava tudo mais... perigoso.
Noah lhe servia vinho com um sorriso de canto, deixando os dedos roçarem propositalmente nos dela. Já Liam, mesmo sério, não parava de observá-la. Toda vez que ela se mexia, sentia os olhos dele a seguir com fome contida.
— E você, Aurora? — Henry perguntou, interrompendo seus devaneios. — Como está sendo trabalhar com os Martin?
Ela pigarreou, tentando soar natural.
— Intenso.
Todos riram, menos Liam, que manteve o olhar fixo.
— Estamos aprendendo a lidar com a presença dela. — Noah disse, com um tom ambíguo. — Aurora tem... um jeito muito particular de chamar atenção.
Isabelle sorriu, confusa, mas Henry estreitou os olhos. Observador, médico experiente, ele percebia o que os outros fingiam não ver.
— Eu espero que estejam respeitando minha filha. — disse ele, calmo, mas com firmeza.
— Sempre. — Liam respondeu sem hesitar.
Noah apenas bebeu mais um gole de vinho, o olhar colado nos lábios de Aurora enquanto ela mordia o guardanapo para não sorrir.
Depois do jantar, Helen convidou os irmãos para um café na varanda, mas Aurora escapou para o jardim, buscando ar. O vestido parecia colar ao corpo com o calor dos olhares recebidos. A brisa noturna acariciava sua pele exposta, e a lua banhava tudo com uma luz suave.
Ela se virou ao ouvir passos. Liam.
— Eu precisava de um segundo longe dele. — ele disse, se aproximando devagar.
Aurora cruzou os braços, tentando manter o controle.
— Vocês estão agindo como se eu fosse um prêmio.
— E não é? — ele perguntou, parando a poucos centímetros dela. — Você faz ideia do que provoca, Aurora?
Ela encarou os olhos escuros dele, sentindo-se mais viva do que nunca.
— Talvez. Mas vocês estão levando isso longe demais.
— Longe seria se eu não te beijasse agora. — Liam murmurou, encostando-a na parede do jardim.
Aurora não respondeu. Seu corpo, porém, respondeu por ela.
Ele se inclinou e roçou os lábios nos dela, lentamente. Um beijo mais contido, mas cheio de intenção. Os dedos dele seguravam sua cintura com firmeza, e o corpo de Aurora se moldava ao dele sem resistência.
Quando ele a soltou, ela ainda estava ofegante.
— Isso é insano. — sussurrou.
— É inevitável. — ele respondeu, antes de se afastar.
Mas não era só Liam ali. Quando ela voltou para dentro, deu de cara com Noah encostado na parede do corredor, com um copo na mão e um sorriso cínico nos lábios.
— Acha que eu não vi vocês lá fora?
Ela congelou.
— Noah...
— Ele te beijou de novo, não foi?
Aurora não conseguiu mentir. E o olhar de Noah mudou. Não era raiva. Era desafio.
— Isso só me dá mais vontade de te ter primeiro.
Ele saiu andando, deixando-a ali, com o coração disparado e as pernas trêmulas.
Essa disputa estava só começando. E ela… estava perdida. Mas não queria ser salva.
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Atualizado até capítulo 32
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