O sol mal havia beijado os picos das montanhas quando a trombeta dos ventos soou pelo pátio da Escola Lupina. Era o sinal de que o primeiro dia de treinamento havia começado.
Luaen se espreguiçou, vestiu sua túnica lunar e prendeu as mechas prateadas com um laço azul. Do lado de fora, Zuma já a esperava com uma expressão que misturava empolgação e inquietação.
— Sonhou com ele? — perguntou a amiga, disfarçando um sorriso.
— Com quem? — Luaen fingiu desentendimento.
— Com o Riven, é claro. O “filho das trevas com olhar de luar”.
Luaen revirou os olhos e a empurrou de leve. — Hoje é dia de treino. Sem romances.
— Não prometo nada, princesa.
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No campo de treino, Soratta se destacava com sua postura elegante e o arco prateado nas costas. Ao seu lado, Kaelion, com a espada ancestral embainhada, observava os jovens formando filas.
— Dividam-se em pares. Hoje será teste de afinidade e leitura de aura — anunciou Soratta.
Lupper logo correu para o lado de Luaen, tentando se antecipar.
— Eu vou com você!
— Calma, Lupper. — Zuma interveio. — Não quer nem esperar ela responder?
Antes que Luaen dissesse algo, Riven se aproximou, os olhos fixos nos dela.
— Eu quero treinar com a Luaen.
Lupper rosnou em tom baixo.
— Isso não vai acabar bem.
Luaen deu um passo à frente. — Eu aceito.
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A aura de Luaen reluzia em tons azulados e prateados, girando em espirais suaves ao redor de seu corpo. A de Riven era intensa, como fumaça negra com pontas avermelhadas, mas algo brilhava no centro… uma luz tímida, como uma estrela nascendo.
— Observem os movimentos um do outro — dizia Soratta, caminhando entre os pares. — Não é sobre força. É sobre conexão. Leitura de intenção.
Luaen girou em silêncio, passos leves como dança. Riven tentou acompanhá-la, errando o tempo por pouco. Mas então, algo mudou. Ele fechou os olhos. Sentiu sua presença. E pela primeira vez… sentiu paz.
Luaen parou de repente.
— Você me sentiu.
— Como uma música — ele respondeu, surpreso. — Como se sua alma cantasse baixo e… eu finalmente ouvisse algo bom.
Ela sorriu, mas antes que pudesse responder, Lupper gritou:
— CUIDADO!
Uma flecha vinda de fora do campo passou raspando por entre os dois. Zuma se abaixou e puxou uma adaga do cinto.
— Isso não era parte do treino!
Soratta correu até onde a flecha caiu. Havia um bilhete preso a ela com um selo escuro e um símbolo de lua partida ao meio.
— Mensageiros das trevas — murmurou Kaelion. — Eles estão observando.
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Na sala dos mestres, enquanto os jovens eram escoltados de volta aos dormitórios, Akira e Zaigan chegaram ao templo.
— Já começaram? — perguntou Zaigan.
— E não demoraram a atacar — respondeu Kaelion, entregando a flecha a Zaigan.
Akira segurou o bilhete e seu rosto empalideceu ao ler as palavras:
"Vocês podem treinar luzes, mas o eclipse se aproxima. Os filhos jamais escaparão do sangue que os originou."
Ela encarou Zaigan.
— Estão atrás de Luaen e Riven. Juntos… eles têm poder suficiente para destruir ou salvar este mundo.
— Eles ainda são apenas jovens — disse Kaelion.
— Jovens que nasceram sob o chamado da profecia. E agora, o tempo deles começou.
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Mais tarde, sob o céu noturno, Luaen caminhava sozinha até o topo da Colina das Memórias. Riven já estava lá, sentado.
— Você sempre chega antes.
— Eu não consigo dormir — ele respondeu. — Sempre achei que o mundo me odiava. Agora… ele só parece esperar algo de mim.
Ela se sentou ao lado dele, as estrelas refletindo nos olhos dela.
— Eu também sinto isso. Como se estivéssemos vivendo algo que já foi sonhado antes mesmo de nascermos.
— Você me perdoaria… se eu falhasse?
Luaen demorou um instante antes de responder:
— Eu não esperaria perfeição de alguém que nasceu em meio ao caos. Mas esperaria coragem de continuar tentando.
Riven olhou para ela. Por um segundo, o mundo parou.
E então ele disse:
— Então, por você, eu vou tentar. Até o fim.
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Atualizado até capítulo 44
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