A Escola Lupina surgia no horizonte como uma fortaleza de sabedoria esculpida na montanha. As torres brancas tocavam o céu, os portões de pedra reluziam sob o luar e os ventos cantavam histórias antigas pelas janelas arqueadas. Luaen apertou o passo, guiando Riven pela trilha iluminada por cristais lunares.
— Está nervoso? — ela perguntou, quebrando o silêncio entre eles.
— Um pouco. — Ele soltou um meio sorriso. — Ser julgado antes de dizer uma palavra não é algo novo pra mim.
— Aqui as palavras não pesam tanto quanto os olhares — respondeu Luaen, olhando à frente. — Mas tem quem saiba escutar com o coração.
Eles cruzaram os portões. A presença dos dois atraiu atenção imediata. Jovens lobos em treinamento pararam os exercícios. Sussurros. Espanto. Um deles, um garoto de cabelos cinza e olhos dourados, se adiantou.
— Luaen! Finalmente voltou! — exclamou, correndo até ela. — E quem é esse?
— Lupper… — Luaen sorriu. — Esse é Riven. Ele vai ficar conosco agora.
Lupper franziu a testa, instintivamente se colocando entre ela e Riven.
— Ele tem cheiro de trevas.
— Ele tem um passado difícil. Mas está aqui pra recomeçar.
— Espero que saiba o que está fazendo — disse Lupper, seco.
Antes que Luaen respondesse, outra voz surgiu:
— Sempre sabe.
Zuma, com suas trancinhas prateadas e olhos claros, surgiu ao lado de Lupper. Ela deu um passo à frente e olhou Riven de cima a baixo.
— Então é você… o filho das sombras.
Riven sustentou o olhar.
— E você é a melhor amiga que já me odeia sem motivo?
Zuma deu um sorriso irônico.
— Ainda não te odeio. Só tô observando. Confiança aqui não é gratuita.
Luaen interveio com a voz firme:
— Ele vai provar que merece estar aqui. E vocês vão ver isso com o tempo.
Zuma deu de ombros. — Por sua causa, eu dou um voto de silêncio. Mas vou ficar de olho.
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Mais tarde, o salão da Pedra da Lua estava vazio, exceto por Kaelion e Soratta. O casal observava os vitrais quando passos ecoaram no corredor. Luaen entrou primeiro. Depois, Riven.
Kaelion levantou o olhar. Seus olhos castanho-claros se estreitaram ao reconhecer o garoto à frente.
— Você…
— Eu sei quem sou — disse Riven antes que qualquer acusação viesse. — E também sei quem não quero ser.
Kaelion cruzou os braços, firme.
— Você é filho dos dois maiores inimigos da Alcatéia. Sua presença aqui pode causar pânico. Ou pior… destruição.
— Eu não pedi pra nascer deles — respondeu Riven, firme, mas sem hostilidade. — Mas eu escolhi quem quero me tornar. E isso não inclui seguir os passos deles.
Soratta trocou um olhar com Kaelion e se aproximou.
— Olhos claros… mas escuros por dentro. Você traz conflitos. E traz esperança.
— Me aceita, então?
— Não é sobre aceitar — disse Kaelion. — É sobre te colocar à prova. Todos aqui enfrentam seus próprios monstros. Você terá que encarar os seus. Está pronto?
— Já estou há anos — respondeu Riven.
Soratta assentiu. — Amanhã começa seu treinamento. E a primeira lição será controlar o caos dentro de si.
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Naquela noite, no quarto de Luaen, Zuma apareceu com um chá quente e expressão pensativa.
— Ele é bonito.
Luaen olhou surpresa. — Quem?
— Riven, claro.
— Zuma!
— Calma. Só tô dizendo o óbvio. Mas também tô dizendo que o perigo pode vir disfarçado.
Luaen suspirou, olhando para a janela e o luar.
— Eu sinto algo nele. Algo que pulsa… igual ao que pulsa em mim. Não é amor. Ainda não. Mas é destino.
Zuma se sentou ao lado dela. — Então espero que esse destino saiba te merecer.
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Atualizado até capítulo 44
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