Capítulo 4 – Regras de Dois Mundos

A luz do amanhecer filtrava-se pelas cortinas da cobertura, tingindo os lençóis de um dourado suave. Marina despertou lentamente, sentindo o corpo dolorido e saciado, ainda quente do que vivera nas últimas horas. A primeira coisa que percebeu foi o braço forte e pesado de Alessandro envolvendo sua cintura possessivamente, como se até dormindo ele deixasse claro que ela era dele.

Tentou se mover, mas os músculos protestaram. O toque dele, o gosto, os gemidos ainda ecoavam em sua pele, na garganta, entre as pernas.

E por mais que tentasse negar, Marina Vasconcellos sentia que havia cruzado uma linha. Ela não era mulher de ceder. De deixar-se dominar. Mas Alessandro… ele havia invadido seu corpo com a mesma intensidade com que comandava um império criminoso. E agora ela estava ali, nua, na cama dele, com o cheiro dele impregnado em cada poro.

Sentiu o rosto dele se aproximar da curva de seu pescoço.

— Já está tentando fugir, mia regina? — murmurou com a voz rouca, ainda arrastada pelo sono.

Ela sorriu de lado, mas não se virou.

— Não fujo. Só não gosto de gaiolas.

— Não se engane — ele disse, deslizando a mão pela barriga dela, até entre suas coxas. — Isso aqui não é uma gaiola. É o paraíso. E você é a rainha dele.

Ela riu, mas foi um som baixo, seco.

— Paraíso não tem homens com armas na porta, Alessandro.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Então ergueu o corpo sobre ela, encarando seus olhos.

— E o seu mundo tem sorrisos falsos, reuniões frias e pessoas que te desejam morta porque você é mais inteligente e poderosa que elas. Qual a diferença?

— A diferença é que no meu mundo ninguém desaparece por cruzar a linha errada.

— No meu, não é diferente. Só que as punições vêm mais rápido.

Marina desviou o olhar, sentindo o peso da verdade nas palavras dele. Ela sabia quem ele era. Sabia de onde vinha. O sobrenome Mancini era sussurrado com medo nos corredores do submundo europeu. Alessandro não era apenas um empresário influente. Era o príncipe de uma dinastia criminosa, um homem criado para liderar, comandar, e destruir.

— Eu não faço parte disso. — sussurrou ela, mais para si mesma do que para ele.

— Ainda não — respondeu ele, com um sorriso perigoso. — Mas não vai demorar.

**

Naquela tarde, Marina tinha uma reunião com um dos investidores internacionais da sua empresa. Vestiu um conjunto preto justo, com blazer acinturado e salto alto, como uma armadura. Quando desceu para o saguão, Alessandro estava sentado num dos sofás de couro, mexendo no celular. Levantou o olhar e a observou por longos segundos.

Seus olhos varreram o corpo dela com intensidade. E escureceram ao ver o decote generoso, a fenda na saia.

— Onde vai vestida assim? — perguntou, a voz baixa, mas carregada.

— Trabalhar. Lembra o que é isso?

Ele se levantou. Era alto, imponente, e a expressão agora era de puro ciúme.

— Vai se encontrar com quem?

— Um investidor. Charles Hargrave. Inglês. Setenta anos. Casado. — Ela cruzou os braços. — Quer que eu vá de burca?

Ele se aproximou, o maxilar trincado.

— Você sabe o efeito que tem nos homens, Marina. Não precisa facilitar.

Ela riu, sem humor.

— Então agora você dita o que eu posso vestir?

— Eu conheço homens como Hargrave. E se ele colocar os olhos em você como eu vi outros colocarem ontem à noite… — Ele fechou a mão em punho. — Eu arranco os olhos dele.

Ela o encarou por alguns segundos. E sentiu algo que a surpreendeu: um arrepio. Não de medo, mas de excitação. O ciúme dele era bruto, instintivo. Selvagem. Como tudo nele.

— Você vai ter que aprender a lidar com isso, Alessandro. Eu sou assim. E sempre serei.

— E você vai ter que entender que quem toca no que é meu… morre.

Ela se aproximou, o salto estalando no mármore.

— Ainda não sou sua.

— Ainda — ele repetiu, roçando os lábios nos dela. — Mas vai ser.

**

A reunião transcorreu normalmente. Charles foi educado, formal, e o interesse era puramente comercial. Mas, ao sair do restaurante, Marina encontrou um dos capangas de Alessandro encostado num carro preto, óculos escuros, expressão neutra.

— Sr. Mancini mandou te buscar.

Ela bufou.

Quando chegou à cobertura, Alessandro estava à espera, sentado com um copo de uísque, a jaqueta de couro jogada sobre uma poltrona. O olhar estava sombrio.

— Você colocou alguém me seguindo?

— Não confio em homens velhos com dinheiro — respondeu. — Nem nos jovens. Nem nos médios. Nem em ninguém que olhe pra você mais do que um segundo.

— Isso é obsessão.

— É proteção.

— É controle.

— É paixão. — Ele se aproximou dela, colando os corpos. — Você me deixou louco, Marina. Desde o primeiro olhar. Desde o primeiro toque. Eu não sei lidar com isso de forma civilizada.

— Então talvez devêssemos parar aqui.

Ele pegou o queixo dela com força, obrigando-a a olhar em seus olhos.

— Você não quer parar. Está tão viciada quanto eu.

Ela abriu a boca para retrucar, mas ele a beijou com brutalidade. As mãos desceram por seu corpo, tirando sua blusa com fúria. Ele a jogou no sofá, arrancando o próprio cinto. Dessa vez não houve palavras doces. Foi posse, raiva, luxúria e uma necessidade crua de marcar território.

Marina se deixou levar pela tempestade. E no fim, quando estavam entrelaçados, exaustos e suados no sofá, ela percebeu: estava afundando. E nem sabia mais se queria escapar.

Capítulos
1 capítulo 1
2 Capítulo 2 – Primeiro Toque, Primeira Faísca
3 Capítulo 3 – Entre o Poder e a Perdição
4 Capítulo 4 – Regras de Dois Mundos
5 Capítulo 5 – Inimigos à Espreita
6 Capítulo 6 – A Festa e o Veneno
7 Capítulo 7 – Primeiras Rachaduras
8 Capítulo 8 – Olhos nas Sombras
9 Capítulo 9 – A Cilada
10 Capítulo 10 – Sangue e Verdades
11 Capítulo 11 – Ventre de Guerra
12 Capítulo 12 – Reação da Família Mancini
13 Capítulo 13 – Primeiros Inimigos
14 Capítulo 14 – Treinamento de Marina
15 Capítulo 15 – Alianças e Ameaças
16 Capítulo 16 – A Serpente na Torre
17 Capítulo 17 – O Jogo de Sangue
18 Capítulo 18 – Fogo em Roma
19 Capítulo 19 – Sangue no Altar
20 Capítulo 20 – O Preço da Guerra
21 Capítulo 21 – Rainhas de Sangue
22 Capítulo 22 – Caçada ao Traidor
23 Capítulo 23 – O Livro Negro
24 Capítulo 24 – Inferno em Silêncio
25 Capítulo 25 – Sangue nas Paredes
26 Capítulo 26 – Vozes da Guerra
27 Capítulo 27 – Sangue Azul
28 Capítulo 28 – O Baile da Traição
29 Capítulo 29 – O Filho da Guerra
30 Capítulo 30 – Sangue por Sangue
31 Capítulo 31 – O Coração da Serpente
32 Capítulo 32 – Contra-Ataque
33 Capítulo 33 – Sangue e Redenção
34 Capítulo 34 – O Início do Fim
35 Capítulo 35 – Justiça e Eternidade
36 Epílogo – A Herança do Poder
Capítulos

Atualizado até capítulo 36

1
capítulo 1
2
Capítulo 2 – Primeiro Toque, Primeira Faísca
3
Capítulo 3 – Entre o Poder e a Perdição
4
Capítulo 4 – Regras de Dois Mundos
5
Capítulo 5 – Inimigos à Espreita
6
Capítulo 6 – A Festa e o Veneno
7
Capítulo 7 – Primeiras Rachaduras
8
Capítulo 8 – Olhos nas Sombras
9
Capítulo 9 – A Cilada
10
Capítulo 10 – Sangue e Verdades
11
Capítulo 11 – Ventre de Guerra
12
Capítulo 12 – Reação da Família Mancini
13
Capítulo 13 – Primeiros Inimigos
14
Capítulo 14 – Treinamento de Marina
15
Capítulo 15 – Alianças e Ameaças
16
Capítulo 16 – A Serpente na Torre
17
Capítulo 17 – O Jogo de Sangue
18
Capítulo 18 – Fogo em Roma
19
Capítulo 19 – Sangue no Altar
20
Capítulo 20 – O Preço da Guerra
21
Capítulo 21 – Rainhas de Sangue
22
Capítulo 22 – Caçada ao Traidor
23
Capítulo 23 – O Livro Negro
24
Capítulo 24 – Inferno em Silêncio
25
Capítulo 25 – Sangue nas Paredes
26
Capítulo 26 – Vozes da Guerra
27
Capítulo 27 – Sangue Azul
28
Capítulo 28 – O Baile da Traição
29
Capítulo 29 – O Filho da Guerra
30
Capítulo 30 – Sangue por Sangue
31
Capítulo 31 – O Coração da Serpente
32
Capítulo 32 – Contra-Ataque
33
Capítulo 33 – Sangue e Redenção
34
Capítulo 34 – O Início do Fim
35
Capítulo 35 – Justiça e Eternidade
36
Epílogo – A Herança do Poder

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