A luz do amanhecer filtrava-se pelas cortinas da cobertura, tingindo os lençóis de um dourado suave. Marina despertou lentamente, sentindo o corpo dolorido e saciado, ainda quente do que vivera nas últimas horas. A primeira coisa que percebeu foi o braço forte e pesado de Alessandro envolvendo sua cintura possessivamente, como se até dormindo ele deixasse claro que ela era dele.
Tentou se mover, mas os músculos protestaram. O toque dele, o gosto, os gemidos ainda ecoavam em sua pele, na garganta, entre as pernas.
E por mais que tentasse negar, Marina Vasconcellos sentia que havia cruzado uma linha. Ela não era mulher de ceder. De deixar-se dominar. Mas Alessandro… ele havia invadido seu corpo com a mesma intensidade com que comandava um império criminoso. E agora ela estava ali, nua, na cama dele, com o cheiro dele impregnado em cada poro.
Sentiu o rosto dele se aproximar da curva de seu pescoço.
— Já está tentando fugir, mia regina? — murmurou com a voz rouca, ainda arrastada pelo sono.
Ela sorriu de lado, mas não se virou.
— Não fujo. Só não gosto de gaiolas.
— Não se engane — ele disse, deslizando a mão pela barriga dela, até entre suas coxas. — Isso aqui não é uma gaiola. É o paraíso. E você é a rainha dele.
Ela riu, mas foi um som baixo, seco.
— Paraíso não tem homens com armas na porta, Alessandro.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Então ergueu o corpo sobre ela, encarando seus olhos.
— E o seu mundo tem sorrisos falsos, reuniões frias e pessoas que te desejam morta porque você é mais inteligente e poderosa que elas. Qual a diferença?
— A diferença é que no meu mundo ninguém desaparece por cruzar a linha errada.
— No meu, não é diferente. Só que as punições vêm mais rápido.
Marina desviou o olhar, sentindo o peso da verdade nas palavras dele. Ela sabia quem ele era. Sabia de onde vinha. O sobrenome Mancini era sussurrado com medo nos corredores do submundo europeu. Alessandro não era apenas um empresário influente. Era o príncipe de uma dinastia criminosa, um homem criado para liderar, comandar, e destruir.
— Eu não faço parte disso. — sussurrou ela, mais para si mesma do que para ele.
— Ainda não — respondeu ele, com um sorriso perigoso. — Mas não vai demorar.
**
Naquela tarde, Marina tinha uma reunião com um dos investidores internacionais da sua empresa. Vestiu um conjunto preto justo, com blazer acinturado e salto alto, como uma armadura. Quando desceu para o saguão, Alessandro estava sentado num dos sofás de couro, mexendo no celular. Levantou o olhar e a observou por longos segundos.
Seus olhos varreram o corpo dela com intensidade. E escureceram ao ver o decote generoso, a fenda na saia.
— Onde vai vestida assim? — perguntou, a voz baixa, mas carregada.
— Trabalhar. Lembra o que é isso?
Ele se levantou. Era alto, imponente, e a expressão agora era de puro ciúme.
— Vai se encontrar com quem?
— Um investidor. Charles Hargrave. Inglês. Setenta anos. Casado. — Ela cruzou os braços. — Quer que eu vá de burca?
Ele se aproximou, o maxilar trincado.
— Você sabe o efeito que tem nos homens, Marina. Não precisa facilitar.
Ela riu, sem humor.
— Então agora você dita o que eu posso vestir?
— Eu conheço homens como Hargrave. E se ele colocar os olhos em você como eu vi outros colocarem ontem à noite… — Ele fechou a mão em punho. — Eu arranco os olhos dele.
Ela o encarou por alguns segundos. E sentiu algo que a surpreendeu: um arrepio. Não de medo, mas de excitação. O ciúme dele era bruto, instintivo. Selvagem. Como tudo nele.
— Você vai ter que aprender a lidar com isso, Alessandro. Eu sou assim. E sempre serei.
— E você vai ter que entender que quem toca no que é meu… morre.
Ela se aproximou, o salto estalando no mármore.
— Ainda não sou sua.
— Ainda — ele repetiu, roçando os lábios nos dela. — Mas vai ser.
**
A reunião transcorreu normalmente. Charles foi educado, formal, e o interesse era puramente comercial. Mas, ao sair do restaurante, Marina encontrou um dos capangas de Alessandro encostado num carro preto, óculos escuros, expressão neutra.
— Sr. Mancini mandou te buscar.
Ela bufou.
Quando chegou à cobertura, Alessandro estava à espera, sentado com um copo de uísque, a jaqueta de couro jogada sobre uma poltrona. O olhar estava sombrio.
— Você colocou alguém me seguindo?
— Não confio em homens velhos com dinheiro — respondeu. — Nem nos jovens. Nem nos médios. Nem em ninguém que olhe pra você mais do que um segundo.
— Isso é obsessão.
— É proteção.
— É controle.
— É paixão. — Ele se aproximou dela, colando os corpos. — Você me deixou louco, Marina. Desde o primeiro olhar. Desde o primeiro toque. Eu não sei lidar com isso de forma civilizada.
— Então talvez devêssemos parar aqui.
Ele pegou o queixo dela com força, obrigando-a a olhar em seus olhos.
— Você não quer parar. Está tão viciada quanto eu.
Ela abriu a boca para retrucar, mas ele a beijou com brutalidade. As mãos desceram por seu corpo, tirando sua blusa com fúria. Ele a jogou no sofá, arrancando o próprio cinto. Dessa vez não houve palavras doces. Foi posse, raiva, luxúria e uma necessidade crua de marcar território.
Marina se deixou levar pela tempestade. E no fim, quando estavam entrelaçados, exaustos e suados no sofá, ela percebeu: estava afundando. E nem sabia mais se queria escapar.
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Atualizado até capítulo 36
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