Pouco tempo depois, Paty se reuniu com o gerente financeiro, Carlos, um homem de meia idade que com preocupação, folheava relatórios do seu setor. Dois funcionários mais antigos, Márcia, da logística, e Eduardo, do atendimento, completavam o grupo dos que apareceu para a reunião.
Paty escutou com atenção os relatos sobre contratos quebrados, processos, pagamentos pendentes e a reputação da empresa em frangalhos. Reverter aquele quadro parecia uma missão impossível, e ela precisaria trabalhar muito para tentar reverter o quadro
_Sua mãe disse que ia entrar em contato com você, mas não tínhamos certeza que você aceitaria voltar para empresa. Falou o gerente financeiro vendo uma luz no fim do túnel.
_ Não estou voltando, vou apenas tentar resolver essa crise... E para isso, preciso de tudo: relatórios completos, balanços financeiros, contratos quebrados, os que ainda temos que cumprir... Enfim, todas as informações, sem filtros.
Ninguém ousou contestar. Paty estava diferente. Mais forte, mais direta. Não era mais a jovem sorridente que gosta de organizar os eventos, principalmente os de casamentos.
Enquanto ajeitava a pasta na mesa, Paty concluiu:
_Se depender de mim, essa empresa não vai afundar...
Após bater à porta, Luiza entrou na sala.
_ A diretora Bruna, acabou de chegar. Informou, e imediatamente Paty sentiu um arrepio ruim.
_ Obrigada, eu vou falar com ela daqui a pouco.
Pouco tempo depois, Paty encerrou a reunião e agradeceu ao grupo, pedindo que os demais relatórios fossem enviados ao seu e-mail.
Quando a porta da sala reuniões se fechou, ela ficou sozinha por um instante, reunindo forças para ir a sala da irmã.
_ É agora!
Paty bateu na porta e entrou sem esperar resposta.
E lá estava Bruna, impecável vestida com roupas e acessórios de grife, sentada atrás de uma mesa completamente bagunçada. Era difícil voltar a vê-la e não lembrar de tudo que aconteceu.
Por um instante, o tempo pareceu parar. Paty sentiu o peito apertar, como se uma mão invisível espremesse seu coração. Ver Bruna ali, tão perto, tão real, trouxe uma enxurrada de emoções que ela havia trancado em um canto escuro da alma. Raiva, sim, mas também uma mágoa profunda, cortante, que pulsava como uma ferida reaberta.
Bruna falava ao telefone, a voz doce demais, quase ensaiada, provavelmente tentando acalmar mais um cliente furioso.
_Nós vamos resolver a sua situação, eu juro! Temos uma proposta que vai te agradar… Mentiu antes de notar a presença de Paty na porta, o que fez seus olhos se arregalaram por um segundo. _ Depois os falamos.
Ao encerrar a ligação, Bruna forçou um sorriso, o tipo de expressão que Paty conhecia bem: calculada, artificial, com um toque de deboche que a irmã não conseguia esconder.
_ Paty… você… Há quanto tempo não nos vemos!
_ Sim, eu estou aqui...E você, não estava mentindo para o cliente , ou estava?
Bruna riu, ajeitando o cabelo.
_Eu estou tentando ganhar tempo…
_ Sério? Pergunta olhando ao redor.
No mural da sala haviam avisos de cancelamentos. Na mesa, uma pasta aberta com a palavra "PROCESSO" em letras vermelhas.
Paty abriu a pasta vendo as cópias de ações judiciais de clientes que não receberam o que pagaram, como buffet incompleto, som que não funcionou, decoração trocada, e pior, a festas canceladas deixando as pessoas com sonhos destruídos e prejuízos financeiros.
Paty pegou um contrato sobre a mesa, ficando horrorizada com que descobriu. Era o contrato de uma festa de casamento com mais de duzentos convidados que deveria ter acontecido na semana anterior, mas que tinha ficado no meio do caminho. Anotações rabiscadas indicavam que estavam sem fornecedores de alguns serviços e que o cliente não tinha sido reembolsado.
_Quantos são? Perguntou Paty apontando para os processos, a situação era pior do que ela imaginava.
_Uns... seis... talvez oito… Bruna hesitou. _ Ah, eu não sei ao certo. São muitos...
_Como vocês conseguiram destruir anos de trabalho, e a reputação da empresa dessa forma?
_Eu fiz o meu melhor. As festas que produzi foram as melhores. Você não estava aqui, não sabe como foi... Erros acontecem
Paty fechou a pasta com força encarando a irmã.
_Isso aqui não é só um erro. É irresponsabilidade, falta de respeito com cliente, com os fornecedores, com as pessoas que trabalham aqui, com a história da empresa, com o que o papai construiu. Paty estava indignada.
Bruna abriu a boca para responder, mas Paty não deu espaço. A raiva, contida por anos, borbulhava sob a superfície, mas ela a canalizou em precisão, como sempre fazia. Bruna, percebendo que não ganharia aquela discussão, mudou de tática. Pegou uma nova pasta na gaveta e a empurrou na direção de Paty, num movimento quase desafiador.
_ Você está aqui para ajudar ou não? E tem mais...Esse é o processo mais grave. Alguns clientes se uniram em uma ação conjunta…
_ Coletiva! corrigiu Paty, sem paciência para rodeios.
_ Que seja... Fique sabendo que o advogado desta ação está fazendo barulho, até parece quer fechar a empresa. Já esteve aqui mais de uma vez, mas eu não o recebi.
Paty abriu a pasta, os olhos percorrendo a primeira página, até encontrar o nome do advogado.
_ Theo Duarte... Isso foi um erro. Paty estava nervosa com a irmã. Devia ter chamado o advogado da empresa, conversado com ele e quem sabe tudo não se resolveria de forma extrajudicial.
_ Eu não pensei nisso. Admitiu Bruna, dando de ombros, como se a negligência fosse trivial.
Patu fechou a pasta com cuidado, respirando fundo mediante a falta de vontade da irmã.
_ Então, você vai conseguir resolver tudo? Perguntou Bruna pensando na vida de luxa que levava.
_ Não sei… agora eu só quero ver o meu pai.
Paty saiu da sala levando a pasta com os processos da ação coletiva. Do lado de fora, enviou uma mensagem para mãe perguntando onde o pai estava internado pois queria vê-lo.
Pouco tempo depois, o celular vibrou com uma mensagem da mãe com o nome do hospital e o leito onde Otavio estava internado.
“Já estou indo para o hoepital”
Respondeu Paty, indo em direção a saída, não aguentava mais ficar ali, e não queria ver a irmã outra vez.
_Paty?
Paty passava pela recepção quando escutou uma voz que a fez congelar. Era a voz Henrique, o homem que ela quase chamou de marido, o mesmo que jurava amor, mas pelas costas, dormia com a irmã.
Ao se virar, ela viu Henrique parado a poucos metros dela. A voz dele ainda era a mesma, e o sorriso também. Como se o tempo tivesse passado por cima de tudo, exceto da cara de pau que ele tinha. Paty não sentiu nada, apenas vontade de se afastar.
_Você está aqui... Henrique deu um passo à frente, visivelmente surpreso.
_Temporariamente. Paty respondeu de forma seca.
Ela o encarou com frieza. O passado veio em flashes novamente, como um soco no estômago. As noites planejando o casamento, os jantares em que ele a fazia rir, as promessas sussurradas que pareciam eternas. Mas cada lembrança boa era engolida pela traição, pela imagem de Henrique com a irmã na cama sobre os lençóis amassados, por saber que depois eles se casaram, como se ela fosse um capítulo que podia ser apagado. A dor não era mais por ele, mas pela versão de si mesma que acreditara naquele amor, que confiara cegamente. E isso, mais do que tudo, fazia seu sangue ferver.
Mas de uma coisa Paty tinha certeza, olhando para Henrique parado sua frente, ela não sentiu nada, apenas uma vontade profunda de se afastar.
_ Fico feliz em te ver... Henrique cortou seus pensamentos.
_É mesmo? Perguntou Paty com ironia.
_Eu... Eu me arrependo de muitas coisas. Cometi erros...
_Eu sei... Mas não parece que se arrependeu de se deitar com a minha irmã na véspera do nosso casamento... pois casou com ela meses depois. Pensa que eu não sei?
Henrique engoliu a seco.
_ Sim, nós nos casamos.
Paty começou a rir. Um riso curto, quase irônico.
_ Nada como terminar o serviço com estilo.
_Não foi assim... Henrique começou a falar, mas Paty ergueu a mão, silenciando-o.
_ Bem eu não quero saber como foi... e eu preciso ir.
Antes que ela pudesse dar mais um passo, outra voz cortou o ar, doce e afiada como uma faca.
_ Ah, vejo que você já se encontrou com o meu marido.
Bruna se aproximou sorrindo dando um beijo em Henrique, entrelaçando sua mão a dele, tentando provocar Paty, que achou a cena patética.
_ Vocês formam um lindo casal, sabia? Disse Paty antes de virar as costas e seguir para a saída sob o olhar de Henrique, o que irritou Bruna.
_ Por que você está olhando para ela? Perguntou com raiva.
_ Você está vendo coisas onde não existe. Respondeu Henrique tentando disfarçar.
_ Eu sei bem o que vi... Retrucou Bruna.
Henrique, 32 anos, é tipo de homem que sempre soube usar o charme a seu favor. Educado e sorridente, ele era o noivo perfeito, até o dia em que escolheu trair Paty com Bruna. Empresário ambicioso, Henrique sempre prezou pela imagem e pelas aparências, mesmo que por dentro fosse muito mais vaidade do que valores reais. Quando Paty foi embora, ele se sentiu culpado, mas Bruna estava lá, disponível, e por conveniência e pressão, ele se casou com ela. Agora, ao ver Paty foi como se o seu coração voltasse a bater forte outra vez. .
Bruna, 26 anos, é filha mais nova de Lucia e Otávio, sendo dois anos mais nova que Paty. Ela era a preferida da mãe por se parecer mais com ela, mas cresceu à sombra da competência e do brilho natural de Paty que sempre se destacava em tudo que fazia.E isso fez surgir uma inveja silenciosa, que cresceu com o tempo. Bruna sempre cobiçou tudo o que era de Paty, e quando teve chance de tomar algo importante da irmã, ela tomou. Não por amor, mas por uma necessidade de vencer uma competição que Paty nem sabia que existia.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Paty Helena
poxa o Lindo do Kemal de Amor eterno , não ele não Drica ,vc fez dele um Henrique canalha 🥺estou chocada viu kkkk
2025-04-13
6
Roseli Santos
Ho autora não acrdito qu vc colocou esse lindo do kemal pra ser o canalha kkkkkk
2025-04-21
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Maria Eduarda Wrobel Pinheiro
É uma história bem complicada a história da imprensa e a traição da irmã
Patrícia tendo que voltar pra salvar algum que a irmã causou
2025-04-15
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