Capítulo 5 – Sonhos e Sussurros

A respiração era ofegante.

Luiz abriu os olhos de repente, o coração disparado. Estava deitado na cama ao lado de Andressa, que dormia profundamente. O quarto estava silencioso, exceto pelo som fraco da chuva contra a janela. Passou a mão no rosto suado e sentou-se, tentando entender por que se sentia… mexido.

O sonho ainda estava vívido na mente. Quente, íntimo. Quase real.

Ele estava num lugar que não conseguia identificar — uma sala com luz suave, janelas abertas, cortinas balançando com a brisa. E ele não estava sozinho.

Um homem.

Não conseguia ver seu rosto nitidamente, mas sentia tudo. O calor da pele, a textura do toque, a urgência do beijo. E, principalmente, o olhar. Aquele olhar cheio de paixão contida, dor e saudade.

Luiz, no sonho, dizia seu nome. Ele sentia isso no peito. Um nome sussurrado, quase um clamor.

“Braian...”

Esse nome o seguiu ao despertar.

— “Braian?” — repetiu em voz baixa, franzindo a testa.

Levantou-se e foi até a cozinha, servindo-se de água. Seu reflexo no vidro da janela parecia perturbado, como se tivesse vivido algo proibido. Passou a mão pelos cabelos, tentando entender o que aquilo queria dizer. O gosto na boca era estranho, quase doce, quase amargo. O toque ainda permanecia em sua pele como se tivesse sido real.

Era só um sonho. Só isso…

Mas por que parecia tão real? Por que seu corpo ainda sentia aquele toque? E por que a culpa queimava sua nuca, como se tivesse traído alguém — ou algo — muito maior do que podia entender?

Luiz olhou para a sala às escuras, depois para o corredor que levava até o quarto. Andressa estava lá, dormindo com a paz de quem não carregava fantasmas.

E ele? Ele carregava algo que nem sabia nomear.

Mais tarde, na sede da operação conjunta

Luiz estava de terno impecável, como sempre. Entrou na sala de conferências e avistou Braian conversando com um dos agentes estrangeiros recém-chegados. O homem — alto, cabelos loiros e sotaque forte — parecia claramente encantado com o jeito de Braian.

Eles riam,riam juntos.

Algo dentro de Luiz... apertou.

Ele não compreendia,por que aquela cena o incomodava tanto?

Braian estava relaxado, com um copo de café na mão, gesticulando enquanto contava algo engraçado. Luiz ficou observando por tempo demais. Seus olhos focaram no jeito que o outro homem tocava o braço de Braian durante a conversa. Um toque casual. Íntimo demais pro gosto dele.

Sem perceber, Luiz franziu o cenho, apertou o punho e cruzou os braços.

— “Você está bem?” — perguntou um dos agentes brasileiros ao seu lado.

Luiz piscou, desfazendo a expressão.

— “Sim. Só… esperando a reunião começar.”

Mentira. Ele estava tentando entender por que diabos se sentia incomodado com o riso de um homem que deveria ser apenas um colega.

Ele desviou o olhar, mas seus olhos insistiam em voltar.

E então Braian olhou em sua direção. E sorriu, de leve. Aquele sorriso familiar, gentil... como o que ele viu no sonho.

Luiz desviou o olhar imediatamente. O coração bateu forte, como se tivesse sido pego fazendo algo que não devia.

Algo estava começando a rachar dentro dele. Uma barreira, uma proteção… ou talvez, uma mentira que ele contava a si mesmo todos os dias.

O resto da reunião foi um borrão. Os dados, os mapas, os planos estratégicos — tudo parecia distante, abafado por aquela névoa de pensamentos e sensações que ele não conseguia nomear.

Quando Braian tomou a palavra para apresentar uma análise, Luiz tentou não olhar. Mas sua voz era como um imã. Calma, firme, com um toque de ironia nas pausas certas. O tipo de voz que se instala na mente da gente.

E Luiz sentia que já conhecia aquela voz, de outros momentos, de outros tempos.

Ou de outras vidas.

(pensamento de Luiz):

“Por que... você aparece nos meus sonhos, Braian? Por que o som do seu nome me arrepia? E por que, diabos, ver outro homem te tocar me deixa tão fora de mim?”

Estacionamento subterrâneo da sede da operação – fim do dia

O som dos passos ecoava pelo concreto frio. Luiz caminhava até seu carro com o maxilar travado, tentando afastar o incômodo que o acompanhava desde a maldita reunião. A imagem de Braian sorrindo para aquele agente ainda martelava na mente dele.

Ele destravou o carro, mas não entrou.

Ficou parado ali, apoiado contra a porta, encarando o vazio. O celular vibrou no bolso — mensagem de Andressa: “Já estamos indo para o jantar na casa da sua mãe. Não demore, amor.”

Ele ignorou por um instante.

Respirou fundo, fechou os olhos. E lá estava novamente: o toque. O beijo. O nome.

Braian.

— "Isso é loucura..." — sussurrou para si mesmo. — "Eu sou casado. Tenho uma filha. Não tem por que isso estar acontecendo. Não tem por que eu..." — interrompeu-se, apertando os olhos, como se pudesse expulsar o pensamento com força física.

Mas não adiantava.

Porque a verdade era que ele sentiu. Quando viu aquele outro homem se aproximar de Braian, conversar com ele, fazer graça, se inclinar mais do que o necessário...

Luiz sentiu ciúmes.

Não inveja,não estranhamento.

Ciúmes. Queimando, latejando.

— "Que droga está acontecendo comigo?" — murmurou.

Abriu a porta do carro com raiva, sentando-se ao volante. Ficou ali, com as mãos no volante e os olhos perdidos. Sua aliança brilhava discretamente à luz fraca da garagem.

Fechou os olhos mais uma vez, e foi invadido por flashes do sonho. O toque nos cabelos. O cheiro da pele. O sussurro quente perto do ouvido: "Eu senti sua falta..."

Ele levou a mão ao peito, como se pudesse conter a avalanche. Como se fosse possível fingir que aquilo era só imaginação.

Mas não era.

Era lembrança. Mesmo que ele não conseguisse entender por quê.

“Por que sinto que Braian é alguém que já me pertenceu?”

“E por que olhar para ele faz meu coração se contorcer… como se estivesse tentando lembrar o caminho de casa?”

Capítulos
1 Capítulo 1 – Rotina Quase Perfeita
2 Capítulo 2 – Chamado Internacional
3 Capítulo 3 – Primeiro Impacto
4 Capítulo 4 – Cicatrizes Invisíveis
5 Capítulo 5 – Sonhos e Sussurros
6 Capítulo 6 – Trabalho Forçado
7 Capítulo 7 – O Toque
8 Capítulo 8 – Chave do Passado
9 Capítulo 9 – Alerta Vermelho
10 Capítulo 10 – Não Consigo Parar de Olhar
11 Capítulo 11 – Toque Acidental
12 Capítulo 12 – O que é Isso Que Sinto?
13 Capítulo 13 – “Surto”
14 Capítulo 14 – Entre Bebidas e Verdades
15 Capítulo 15 – Noite de Tensão
16 Capítulo 16 – Desabafo na Chuva
17 Capítulo 17 – A Primeira Noite
18 Capítulo 18 – E Se For Real,"e se não for "
19 Capítulo 19 – A Memória Desperta
20 Capítulo 20 – Mentiras e Máscaras
21 Capítulo 21 – Entre Dois Mundos
22 Capítulo 22 – Desconfiança
23 Capítulo —23 Segredos tóxicos
24 Capítulo 24 – Explosão
25 Capítulo 25 – Você Voltou Pra Mim
26 Capítulo 26 – Um Momento de Desabafo
27 Capítulo 27 – Recomeço Entre Ruínas
28 Capítulo 28 – O plano
29 Capítulo 29 – O ataque
30 Capítulo 30 – Pelo nosso bem
31 Capítulo 31 – Interrogatórios e Justiça
32 Capítulo 32 – Luz Após a Tempestade
33 Capítulo 33 – Recomeços
34 Capítulo 34 – Viagem Surpresa
35 Capítulo 35 – Noite de Lareira
36 Capítulo 36 – Quando Tudo Faz Sentido
37 Capítulo 37 – A Festa
Capítulos

Atualizado até capítulo 37

1
Capítulo 1 – Rotina Quase Perfeita
2
Capítulo 2 – Chamado Internacional
3
Capítulo 3 – Primeiro Impacto
4
Capítulo 4 – Cicatrizes Invisíveis
5
Capítulo 5 – Sonhos e Sussurros
6
Capítulo 6 – Trabalho Forçado
7
Capítulo 7 – O Toque
8
Capítulo 8 – Chave do Passado
9
Capítulo 9 – Alerta Vermelho
10
Capítulo 10 – Não Consigo Parar de Olhar
11
Capítulo 11 – Toque Acidental
12
Capítulo 12 – O que é Isso Que Sinto?
13
Capítulo 13 – “Surto”
14
Capítulo 14 – Entre Bebidas e Verdades
15
Capítulo 15 – Noite de Tensão
16
Capítulo 16 – Desabafo na Chuva
17
Capítulo 17 – A Primeira Noite
18
Capítulo 18 – E Se For Real,"e se não for "
19
Capítulo 19 – A Memória Desperta
20
Capítulo 20 – Mentiras e Máscaras
21
Capítulo 21 – Entre Dois Mundos
22
Capítulo 22 – Desconfiança
23
Capítulo —23 Segredos tóxicos
24
Capítulo 24 – Explosão
25
Capítulo 25 – Você Voltou Pra Mim
26
Capítulo 26 – Um Momento de Desabafo
27
Capítulo 27 – Recomeço Entre Ruínas
28
Capítulo 28 – O plano
29
Capítulo 29 – O ataque
30
Capítulo 30 – Pelo nosso bem
31
Capítulo 31 – Interrogatórios e Justiça
32
Capítulo 32 – Luz Após a Tempestade
33
Capítulo 33 – Recomeços
34
Capítulo 34 – Viagem Surpresa
35
Capítulo 35 – Noite de Lareira
36
Capítulo 36 – Quando Tudo Faz Sentido
37
Capítulo 37 – A Festa

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!